Trago pra cá debate do Blog da FlamengoNet sobre sócio torcedor e, mais importante, modelo de gestão do clube.

Hoje, temos um modelo de gestão associativo puramente “amador”, sem fins lucrativos e com uma profissionalização quase zero. Nossa organização e nossa estrutura são praticamente as mesmas de 1980.

Este modelo se esgotou. O clube precisa se estruturar e se profissionalizar pra ontem. A cada dia em que empurramos com a barriga esta situação, mais nos afastamos dos líderes do processo. Enquanto continuar este negócio de que se finge que trabalha, se finge que se paga e se finge que é profissional, ficaremos para trás.

Hoje, quem temos razoavelmente estruturados e profissionalizados no Brasil ? O São Paulo e, muito depois, o Inter e o Cruzeiro. Enquanto isso, o que temos no Flamengo ?

1) Um presidente que diz que é “um chefe de Estado”, ou seja, está ausente da rotina administrativa do clube;
2) Um homem forte no futebol que exagera em ações marqueteiras e sobre o qual pesam suspeitas de atuar “nas duas pontas” do mercado de jogadores;
3) Uma cultura histórica de oba-oba;
4) Um amadorismo de gestão total;
5) “Torcedores” travestidos de chefes de torcida que mandam e desmandam no clube;
6) Gestão amadora dos recursos do clube;
7) Desprezo ao torcedor genuíno;
8) Pouca transparência em seus processos e na gestão, como o último balanço deixa claro.
9) Cultura da vagabundagem enraizada.

A cada dia que passa, estamos ficando pra trás. A cada dia em que continuamos com estes vícios de gestão, é mais um ano que ficamos para trás. Se começarmos hoje este processo, vamos levar dez anos para voltarmos a ser players importantes no cenário nacional.

Hoje, somos um clube regional com torcida nacional. Se não tivermos mudanças, este processo tende a se acentuar mais ainda.

Um começo seria um bom projeto de Sócio Torcedor aliado e um bom trabalho de marketing. Você não precisa dar a desculpa do “não temos estádio” para impedir isso: basta ter uma mecânica de descontos no preço de ingressos que funcione onde o clube joga.

Outros pontos fundamentais são o direito de voto universal e a possibilidade de, após certo tempo, poder candidatar-se aos Conselhos do clube.

Também se faz necessário uma série de promoções que fidelizem o sócio e o permitam perceber que, sim, ser sócio do CR Flamengo é uma opção vantajosa.

Fundamental é a transparência na condução do projeto, artigo meio em falta hoje pelas bandas da Gávea.

Pretendo voltar ao tema na semana que vem, abarcando outro tópico: qual o modelo de gestão adequado para o clube ?

P.S. – Por incrível que pareça, Botafogo e Vasco estão à nossa frente no processo.

P.S.2 – Endereço do blog FlamengoNet: www.flamengonet.blogspot.com.

7 Replies to “Modelo de Gestão do Flamengo – Parte I”

  1. Migão, não tem como negar que o problema é administrativo.
    É inacreditável que o Flamengo, com o número de torcedores que tem,não saiba explorar isso de forma positiva.
    Sabe aquele ditado: Deus dá nózes a quem não tem dentes?
    Internacional e São Paulo, historicamente e cada um com suas características, não dispunham da metade da projeção que o nome Flamengo dispunham no cenário nacional.
    No entanto, enquanto o Flamengo estagnou, talvez até por essa popularidade “fácil”, Inter e São Paulo trabalharam muito para aumentar seus horizontes.
    E não é por ser colorada, mas você está enganado ao dizer que o São Paulo em estrutura e profissionalização está muito à frente do Internacional.
    E olha que o poder econômico do São Paulo é superior por conta dos patrocinadores, problema que o Inter ainda tem que resolver.

  2. Por três motivos: por ter iniciado depois o processo, por ainda ter um modelo administrativo puramente amador e associativo e por estar atrás em termos de captação de patrocínios.

  3. Ser associativo, pra mim, não é demérito. O Barcelona também é. O Vitória e o Bahia viraram S.A. antes de serem rebaixados pra Série C. Até aí…

    O Inter tem profissionais muito bons por lá, ganhou certificado de gestão ISOseiláquenúmero, prêmios múltiplos de case de marketing… “Captação de patrocínios” é bem complicado de comparar, já que eles vivem em um mercado muitas vezes menor do que o SP ou RJ.

    Você pode querer colocar o São Paulo acima, e eu discuto, mas vá lá. Mas emparelhar com o Cruzeiro dos Perrela? Que está de camisa limpa desde o início do ano? Por quê?

  4. Pedro, o problema do Inter não é captação de patrocínio, pelo menos não até o momento.
    O fato é que por conta de uma dívida muito alta e muito antiga, tanto Inter quanto Grêmio estavam atrelados ao Banrisul.
    Este mês encerrou o contrato referente a negociação, e agora sim veremos a capacidade de cada um conseguir seus patrocinadores, sem esquecer que não podemos comparar o mercado gaúcho com o de São Paulo.

    Quanto a ter iniciado depois o processo, acho que você está enganado.
    A diferença é que o processo no Inter foi a longo prazo devido a situação que o clube se encontrava. Já com o São Paulo, alguns resultados vieram mais rapidamente exatamente devido a diferença da situação entre um e outro.
    Levando em conta que em um o processo de modernização e reestruturação pegou um clube praticamente falido e o outro em situação muito mais confortável, considero o modelo do Internacional, mais eficaz.
    Pesquise e verá quantas coisas no São Paulo, inicialmente, basearam-se em projetos já implantados no Internacional.
    Abraço

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