Vejo na televisão ontem que a Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, através da Polícia Militar, encontrou a fórmula para combater a criminalidade no estado: proibiram os bailes funk.

Ou seja, com a proibição dos mesmos os traficantes ficarão recolhidos em suas casas, não haverá venda de drogas nem tiroteios. Ora, me poupe.

Acho sim, que precisa haver uma regulamentação dos bailes como o de qualquer outro tipo de show ou evento. Entretanto, a medida da Polícia tem todo jeito de preconceito. E é.

Por que não proíbem os pagodes, os ensaios de uma das maiores escolas de samba daqui (onde o tráfico rola solto e não é difícil ver armas na quadra), ou não vão aos morros e prendem os traficantes? Por que não atuam sobre as “raves” ?

Por que não dão opção de emprego e assistência social nas comunidades carentes ? Por que não colocam na cadeia os autores dos “proibidões” ? Dá trabalho, né ?

Quero ressalvar que detesto a música e não teria o menor interesse em defendê-la. Entretanto, temos de respeitar aquela que é a única forma de expressão destas comunidade e destas populações.

O preconceito contra o funk é muito forte. Evidente que temos de separar as eventuais ligações com o crime organizado, mas proibir pura e simplesmente é caso típico de tirar o sofá da sala. Entretanto, não é o funk em si a causa da criminalidade nem todo funkeiro é bandido. Da forma como a proibição foi colocada, é isso que querem passar à sociedade.

Querem um outro exemplo de preconceito ? As exigências para a realização dos bailes são muito maiores que para outros tipos de eventos. É licença disso, atestado daquilo, liberação do jornal…

Este blog jamais irá defender a bandidagem, mas também jamais irá defender manipulações factuais a fim de embaralhar a opinião pública e desviar o foco das questõas cruciais deste aspecto. Claramente este é o propósito.

Sinceramente, a política de segurança pública do Estado me parece cada dia mais equivocada.

Em tempo: fico imaginando o que aconteceria se o saudoso Bezerra da Silva ainda fosse vivo. Certamente seria linchado em praça pública…

2 Replies to “Da série "tiraram o sofá da sala"”

  1. Migão, compartilho da sua indignação e lembro daquela frase do Capitão Nascimento ” O sistema trabalha para o sistema”. Ponto final, sem mais delonagas.
    Ou eles não sabem de onde vem o som da banda que toca o crime “organizado”,. Pois é…
    .

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