Hoje pela manhã, já bastante atrasado para chegar ao trabalho, sou lembrado pelo rádio de que devo comemorar em dose dupla: pelo Dia do Economista e pelo Dia dos Canhotos.

Sobre os canhotos já escrevi outro texto, que pode ser lido aqui. Queria falar um pouco sobre a profissão de economista.

Quando decidi fazer vestibular para Economia, ainda no segundo ano do Segundo Grau – e lá se vão dezenove anos ! – minha idéia era a de ter ferramentais que me possibilitassem entender melhor a sociedade e agir para modificá-la.

Além disso, sempre fui – e sou – apaixonado por política e por políticas públicas.

À época, a profissão estava bastante vilipendiada devido às desastradas intervenções efetuadas na economia real pela equipes de economistas governamentais e seus pacotes econômicos – Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão e quejandos.

Mesmo assim, optei por seguir a carreira. Depois, na UFRJ, entenderia que a Economia era muito mais utilizada para manter o “status quo” do que para modificá-lo, entretanto fornecia parte do ferramental para isso.

Formei-me com muito esforço e a minha vida profissional acabou seguindo um rumo que eu decididamente não imaginava quando fiz a minha opção, lá em 1990. Imaginava seguir carreira acadêmica ou em algum instituto de estudos como o IPEA, por exemplo. Contudo, o curso da vida acabou direcionando-me para outras opções dentro da área econômico-financeira.

Hoje trabalho mais com gestão e controles do que com Economia, mas a empresa em que trabalho me dá opções de, tempos em tempos, mudar de área.

Entre estagiário e empregado, lá se vão quinze anos de vida profissional. Não tenho do que me arrepender, apesar de algumas escolhas não terem se revelado muito acertadas neste tempo. Entretanto, a melhor escolha eu fiz.

Também tive sorte de cursar uma escola que mostrava todas as correntes de pensamento econômico, e nos dava opções de discernir qual a mais adequada. Tornei-me anti-liberal e simpático à linha keynesiana.

Em política, me defino como social-democrata.

Hoje, quem for estudar Economia deve prestar atenção porque, sob este nome, existem duas escolas: as faculdades de Economia propriamente ditas e as escolas de Finanças, voltadas ao mercado financeiro.

Quem optar por uma escola do segundo grupo, a meu ver, perderá duas das maiores vantagens do economista, a saber: a visão ampla que permite transitar por todos os aspectos da vida empresarial e a formação básica na teoria econômica.

Em uma empresa, um economista consegue “jogar nas onze”, ou seja, transitar por campos adjacentes de conhecimento. Essa formação ao mesmo tempo generalista e especialista é uma das grandes vantagens que temos. Sempre haverá mercado.

Meus 19 leitores devem estar se perguntando: e o sonho de melhorar a sociedade ? Esse ainda está aqui guardado, ainda sou jovem para tal.

Sou um economista, e sou feliz. Antes que perguntem, se não tivesse seguido a carreira talvez hoje fosse um professor de português e literatura brasileira.