
Minha admiração aumentou ao ler o livro que ele escreveu sobre a campanha vitoriosa do Coritiba na Segunda Divisão de 2007. Este mostra bem o trabalho “por dentro” de um clube e muitos detalhes que, nós torcedores, sequer sabemos que existem, mas que são fundamentais na diferença entre a conquista e o fracasso.
Pois bem. René Simões teve duas atitudes dignas de aplausos entre a noite de anteontem e a tarde de ontem, quarta feira. A primeira foi denunciar os dois conselheiros – e ‘torcedores’ – da Lusa que foram ao vestiário do Canindé ameaçar jogadores e o próprio técnico, de arma em punho, após a derrota para o Vila Nova.
A segunda foi imediatamente pedir demissão por não concordar com o fato, mesmo sabendo que poderia ficar “queimado” no mercado. Mostrou caráter, princípios e coragem.
O curioso é que o próprio Simões, no livro citado, diz que o torcedor da Portuguesa é o mais chato do país, por reclamar mesmo que o time ganhe.
Quem acompanha futebol sabe que tem muito dirigente que dá dinheiro para torcedor a fim de não ser vaiado nem sofrer eventuais cobranças em cima dos fracassos. Existem muitos torcedores “profissionais” que vivem disso, de agitar e acalmar a massa.
Esse relacionamento promíscuo entre dirigentes e alguns chefes de torcidas é fonte de muitos desmandos envolvendo os times de futebol brasileiros. Quando interessa, ocorre algo como o ocorrido no Canindé.
Que fique claro: não sou contra as torcidas organizadas, muito pelo contrário. O que deve ser feito é uma “limpeza” nelas, separando o joio do trigo, e, especialmente, coibir estas relações incestuosas entre dirigentes e certos torcedores.
Enquanto isso não acontece, parabéns, Renê Simões.
Para encerrar, reproduzo abaixo a nota oficial em que o técnico anuncia sua decisão:
A exemplo do técnico Vanderlei Luxemburgo, que se recusou a sair pela porta dos fundos do aeroporto, decidi que a única forma de manifestação efetiva seria deixar o comando do time. Trata-se de uma equipe composta por jogadores que respeito, acredito e admiro. E mesmo consciente de que a atitude desse pequeno grupo não corresponde ao comportamento da torcida da Portuguesa, que apoia e respeita os profissionais envolvidos com o clube, o esporte brasileiro precisa acompanhar a realidade atual e se tornar seguro e profissional.”