Escrevi, tempos atrás, dois ou três posts que causaram muita polêmica entre meus 22 leitores. 

Basicamente, eu dizia que o existente nos bastidores das denúncias contra o Senador José Sarney era uma encarniçada disputa pelo poder, com um verniz de “moralidade” a fim de ganhar a opinião pública letrada. 

Também afirmava que o objetivo final era atingir o Presidente Lula, que tem contra si o Supremo e a grande imprensa, através do domínio do Congresso Nacional e, conseqüentemente, da paralisia do país. 

Resumo da ópera: como previsto, a oposição e o comando do PMDB entabularam um acordo de maneira a salvar todo mundo – porque vários próceres da dupla PSDB/DEM estavam enrolados – Sarney continua no cargo e a imprensa se “esqueceu” de seus problemas éticos, tal qual os cinquenta anos anteriores. 

A opinião pública ? Foi feita de boba, como de hábito.

A grande verdade é que o modelo político do país facilita estes arranjos e estas maracutaias. Como já ouvi políticos da situação e da oposição deste país, “não se governa sem o PMDB”. Este possui uma grande capilariedade paroquial e, devido a isso, sempre consegue estabelecer uma bancada representativa no Congresso Nacional. 

O raciocínio da oposição era o seguinte: primeiro tirar o Presidente do Senado do cargo para assumir o comando do Poder Legislativo e, com isso, manobrar a fim de paralisar ou mesmo apear do cargo o Presidente Lula. Segundo, trazer o PMDB para sua chapa em 2010 – falou-se, inclusive, no deputado Michel Temer como vice da chapa do Governador Serra.

Entretanto, Lula não saiu de retirante miserável do nordeste a presidente à toa. Optou por uma defesa intransigente do Senado e de seu presidente, apesar de saber o desgaste que lhe traria sustentar um personagem com evidentes problemas éticos. 

Porém, ele não tinha escolha: era se sujeitar ao desgaste junto à parcelas da opinião pública, ressoadas pela imprensa partidária, ou entregar de bandeja o poder e talvez o seu cargo. Eticamente parece esquisito – e é – mas, em termos políticos, fazia todo o sentido. 

Resumindo, ocorreu o que escrevi no início deste post. O PMDB está unido ao governo (parêntesis: não sei se isso é bom ou ruim…) e mesmo a queda de popularidade de Lula foi apenas marginal – quatro pontos percentuais. 

Aqueles que embarcaram na canoa da “defesa da ética”, pretexto e boi de piranha da situação, ficaram “pendurados na brocha”, como se diz aqui no Rio.

Que fique claro: acho que se deve afastar aqueles envolvidos em maracutaias, desvios e coisas correlatas – uns 80% do Congresso, talvez. Só desde o início procuro alertar que esta refrega não tem nada a ver com ética, e sim pura briga política.

Só que ainda teríamos o segundo lance no tabuleiro de xadrez: o pré sal.

Este é o assunto do próximo post.

2 Replies to “Eu não disse ?”

  1. 80% do congresso?
    Você é tão bonzinho… Não há um único a se salvar hoje. Nem Simon, nem Gabeira. Do pessoal do DEM(o) então, melhor nem falar a lista pregressa…

    “Nos locupletemos todos”?

  2. Bruno, não radicalizaria. O deputado que eu votei não está metido em nenhuma destas maracutaias, por exemplo.

    Agora, acho que a questão passa por uma maior importância ao voto.

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