Hoje a nossa coluna semanal foge um pouquinho do nosso escopo. Vamos falar de uma grande escola, com um grande enredo, com um grande samba. Pena que percalços atravessaram o desfile.
A Velha Manga vinha de um ano desastroso em 1989. Com o enredo “Trinca de Reis”, a escola amargou um 11º lugar no ano anterior, embalada por um dos piores sambas de sua história; e, ainda, com a mancha de ter “homenageado” o empresário da noite Chico Recarey, com nome ligado a diversos negócios, no mínimo, esquisitos.
Para 1990 a boa e velha Mangueira se faria presente. Foram contratados os carnavalescos Ernesto do Nascimento e Fábio Borges, que desenvolveram o enredo “E deu a louca no Barroco”, sobre Sinhá Olímpia, um personagem popular famoso de Ouro Preto. Mais uma vez a preferência por enredos culturais de Ernesto se fazia presente.
Antes do desfile, a Mangueira era dada como uma das favoritas ao título do carnaval, principalmente pelo enredo e pelo belo e valente samba.
A verde e rosa foi a terceira escola a desfilar na segunda feira de carnaval, 26 de fevereiro de 1990. A escola vinha muito bem e com pinta de que poderia ser a grande campeã do carnaval; entretanto, a quebra de um carro em frente ao Setor 4 acabou com qualquer chance de título, prejudicando diversos quesitos. Ainda mais estourando o tempo máximo de 90 minutos, como ocorreu.
Com um regulamento esquisito, que dava “pesos” às notas (2 para Mestre Sala e Porta Bandeira e Comissão de Frente, 3 para os demais) e que diminuía a importância das penalizações, a escola ainda obteria o oitavo lugar, com 550 pontos. Quinze atrás da Mocidade, a grande campeã – com a maior exibição de uma bateria que eu vi na minha vida.
Para mim foi ainda mais dramático pois foi meu primeiro ano de avenida, eu estava com a família do carnavalesco da escola me acompanhando e o carro quebrou exatamente na nossa frente. Muito triste.
Vamos à letra do belo samba, de autoria de Hélio Turco, Jurandir e Alvinho – que, posteriormente, seria presidente da instituição. Lembro, também, que ele conquistou o “Estandarte de Ouro” de melhor samba enredo de 1990:
“Viveu em Vila Rica a Cinderela
Entre sonhos e quimeras
De raríssimo esplendor
Brilhou sob o sol da primavera
E a beleza de uma flor (e assim)
E assim, enfeitando os salões
Em seu doce delírio
Conquistou corações
Acalentou o ideal da liberdade
E transformou toda mentira
Na mais fiel realidade
Vai, contar história no infinito
Vai, não haverá amanhecer
Vai dizer que foi esculturada
Que sofreu por amor e foi amada
Musa inspiradora, luz de uma canção
Bailando na imensidão
Sinhá Olímpia, quem é você?
Sou amor, sou esperança
Sou Mangueira até morrer”
Abaixo você pode ver um vídeo do desfile. Percebam o desespero do narrador, Paulo Stein, ao ver que a Mangueira iria estourar o tempo máximo de desfile.
E, como desgraça pouca é bobagem, logo depois sobreveio o bloqueio dos cruzados – a moeda da época – pelo Presidente Collor de Mello. 1991 da escola ficou irremediavelmente comprometido.
Semana que vem,um samba pouquíssimo conhecido, e menos ainda o fato de ter sido reeditado: “Olubajé, a Festa da Libertação”, da escola de samba Difícil é o Nome.
Oi Migão! Passando pra assinar o livro de visitas,rsss
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Viu, olha só,bacana tuas dicas de passeios ali por Macaé e arredores.
Volto depois pra ler o post sobre o geólogo da BR. Parabéns pela família, linda e feliz!
Obrigado, Tati !
é impressionante como este país possui lugares lindos, perto da gente, e que sequer conhecemos.
Mangueira foi o estouro. Engana-se quem pensa que o estouro da Mocidade foi maior (embora campeã merecidamente). Mangueira colocou a avenida inteira para desabar. A Mocidade apenas os setores finais. Inesquecível! Saiu aos gritos de “É CAMPE”.
Quanto ao samba, realmente, uma pérola.
caro Anônimo, eu estava no Setor 4. A bateria da Mocidade, ali, deu show. Mas, sem dúvida alguma, a manga poderia ter vindo para as cabeças se o carro não quebrasse.
e seja bem vindo !
Mas o fato de ter se tornado histórico, inesquecível , ao menos para os mangueirenses, e canstato aqui que não só para nós, é algo mais valioso que um campeonato. Quantos desfiles campeões ganharam cadeira cativa no esquecimento e insignificância? Claro que não foi o caso da Mocidade com o seu VIRA VIROU que está cravado na memória de quem a viu com uma garra também gigantesca.
Sem dúvida alguma, e naquele ano ainda teve o desfile da São Clemente, que abordei aqui em outro texto.