Mais um dia chuvoso, depois de uma noite infernal para chegar em casa. Ontem levei praticamente três horas do Estácio à minha casa na Ilha. Daqui até a Leopoldina, um percurso que a pé se faz em no máximo 20 minutos, levei uma hora e meia.
Mas não é disso que quero falar. Quero, sim, contrapor vida e morte, início e fim, eterno que é finito.
Ontem após um longo engarrafamento, ao descer o viaduto do Gasômetro para pegar o trechinho da Avenida Brasil vejo um acidente e uma pessoa morta, com alguns motoqueiros ao lado. Achei que havia sido um acidente, mas hoje vi na internet que foi um atropelamento. Desconfio que tenha sido atropelada em cima do viaduto e jogada lá embaixo, porque estava tão parado o trânsito que não sei se haveria velocidade suficiente para um impacto fatal.
Nestas horas é que a gente vê como a vida de gente não vale quase nada. Em um único momento, um passo em falso, e sonhos, tarefas, contas a pagar, paixões e aborrecimentos se extinguem como o açúcar que misturamos ao café.
Óbvio que acredito na existência do espírito e na continuidade em outra dimensão, mas aquela identidade terrena termina ali a sua caminhada. Restará a saudade dos entes próximos e o rastro de suas realizações nesta vida. Se tinha filhos, o legado também estará presente.
Aí que vemos como esquentamos a cabeça por tão pouco. Também como nos esquecemos das coisas que realmente importam, dos gestos suplantados por uma rotina muitas vezes besta e irracional. Do beijo que negamos, do amor que não nos permitimos viver, daquelas palavras duras proferidas sem razão.
Muitas vezes nos preocupamos com tarefas e com picuinhas absolutamente irrelevantes. Com burocracias bestas e com reuniões improdutivas. Até passar uma moto e tudo que importante era desimportante fica. Sinal de que não merecia a atenção despertada.
Reclamamos da vida sem ver o quão boa ela é.
Mas este é assunto do próximo post…