Sites como o Viomundo e o excelente blog do jornalista Rodrigo Vianna repercutiram uma notícia que não vi em nenhum dos veículos da “grande imprensa”: que o presidente americano Barack Obama resolveu tratar a cadeia Fox News como braço jornalístico do Partido Republicano, não mais como um órgão da imprensa. Resolveu colocar as coisas em seus devidos lugares.

A Fox News é uma rede de televisão que tem como missão difundir os valores e as posturas do conservadorismo partidário norte-americano, bem como as idéias republicanas. Para isso, não hesita em recorrer a artifícios de bradar que “Obama é socialista porque quer dar acesso universal à saúde”, e “ganhar o Prêmio Nobel da Paz é sinal de fraqueza”.

Defendem as idéias “bushianas” de que o resto do mundo deve se curvar aos Estados Unidos e aqueles que desejarem algum tipo de diálogo em que não haja a concessão de vantagens arrasadoras aos americanos deve ser invadido e tomado.

Além disso, são adeptos da prática denominada “porta giratória”, ou seja, alternam-se entre cargos no governo e altas posições na iniciativa privada. Quando estão do lado estatal, trabalham a favor destas companhias. Um caso bastante exemplar desta postura é o da Monsanto.

Obama decidiu não conceder mais entrevistas ao referido veículo e afirmou que “serão tratados como o que realmente são: adversários políticos”. Cansou de ver os fatos deturpados em nome de posturas claramente político-eleitoreiras.

Boa decisão, que reflete o conflito aberto existente entre o Presidente e sua oposição – que, parece, ainda não entendeu que perdeu as eleições. Jogo limpo e aberto.

O curioso é como a situação se parece com a situação brasileira. O “jornalismo” da Globo, comandando por um tucano de carteirinha, é dirigido como se fosse um partido político. Órgãos como a Folha e o Estadão seguem o mesmo caminho. O importante não é informar, sim fazer valer na marra as posições políticas dos donos e diretores dos órgãos. Como diz o jornalista Mino Carta, “o Brasil é o único país onde jornalista chama patrão de colega”.

Lula, entretanto, optou por caminho diverso a Obama. Preferiu descentralizar verbas publicitárias por outros órgãos de imprensa e adotar uma postura de conciliação ou, pelo menos, convivência forçada. Prefere que o tempo mostre à população o que realmente ocorre no Brasil real, tão diferente do mostrado pelo “Jornal Nacional”. E que o desempenho da Economia faça o restante…

Mas aplaudo aqui a decisão de Barack Obama.

P.S. – A Carta Capital desta semana publicou excelente matéria sobre as televisões compradas por instituições religiosas cristãs e sua ligação com as eleições de 2010. Recomendo.

5 Replies to “Obama, a Fox News e a imprensa”

  1. Fabrício, eu sei disso – embora a publicidade de empresas privadas na revista esteja aumentando nas últimas edições – mas a matéria não tem viés político-partidário.

    Recomendo a leitura.

    P.S. – Se a CC é do lula, a Veja faz os republicanos americanos parecerem socialistas, e a Fox difusora do jornalismo ético e honesto… risos

  2. Pedro,

    Eu que tomo as drogas dos remédios, fico grog e você vem dizer asneiras? Vamos por partes.

    Quanto à parte da Veja há uma oposição cerrada e exagerada quanto ao Lula. Mas alguns pontos deles são corretos. Tanto que o próprio Lula teve que após a retirada da fazenda condenar as atitudes do MST. Mesmo que seja da “boca pra fora” é uma indicação no mínimo de que “meninos, vocês exageraram, peguem leve”.

    Antes de mais nada, concordo com o seu post sobre o MST. Há muito o que ser discutido e muito erro dos dois lados. Há a invasão e a grilagem de um lado e a violência gratuita em cima de terras produtivas do outro. E financiamento público indevido de AMBOS os lados.

    O que a Fox faz é guerra aberta de forma MAIS PESADA ainda do que a Veja faz. A Fox faz parecer a Veja ser um anjinho… Afinal, a Veja ainda é capaz de publicar reportagens indicando que o país sairia rapidamente da crise (eu li! não estou louco. Pelo menos, mais que o normal…). A Fox irá atacár Obama até o final, até que o matem. Se ela não começar a sugerir isso…

    Imprensa tem que ser de oposição. Mostrar os erros do governo. E quando mudar de governo, continuar de oposição. O problema aqui no país é que NÃO HÁ imprensa independente devido à grande influência exercida pela propaganda estatal. SEM EXCEÇÕES. Ninguém quer perder a bocada.

  3. Apesar do esculacho (risos), boa msg, Bruno.

    O problema daqui é que a grande imprensa passou do ponto da oposição. Virou braço midiático do PSDB/DEM, por um lado, e com pretensões claramente golpistas do outro.

    Sobre o MST, você entendeu o cerne do tezto: nem o MST é o demônio que se pinta, nem os fazendeiros são os santos declarados. Há questões a serem equacionadas em todos os lados.

  4. O problema é que a grande imprensa se posicionou junto a eles porque com eles tinham uma verba maior e, sem eles, tiveram de buscar outras fórmulas para sobreviver causando-lhes dificuldades. E assim se tornando amigo do “inimigo do meu inimigo”. Não há a isenção devida que uma imprensa séria deveria ter. E não tem porque ela está sempre defendendo interesses que não são os da população, mas os próprios naquele momento. Lembre-se que O Globo, interessada em bancar o empréstimo do BNDES para o parque gráfico até o mensalão foi totalmente subserviente ao Governo.

    Mas a “asneira” foi dizer que a Veja faz a Fox parecer anjinhos. Só se você só lê o Diogo Mainardi! Nas outras páginas, é um tom forte batendo o governo mas longe do que a Fox News faz com o Obama…

    Daqui a pouco, a Fox News vai incentivar a assistirem o filme O Demolidor (Demolition Man) onde Schwarzenegger, depois de uma emenda, é eleito presidente, depois de ser governador da California (aaaargh!). Como ele é republicano…

    Aí faço minhas as palavras de Stallone: “Por favor, me congelem!”.

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