
Vamos relembrar um pouco o que foi o Governo Fernando Henrique Cardoso.
Eleito sob a esteira do Plano Real e reeleito sob o câmbio apreciado – o país quebraria dias após a eleição – seu governo foi marcado pela aplicação das teses do chamado “Consenso de Washington”, conjunto de dez teses ideológicas revestidas de viés econômico:
1) Disciplina fiscal
2) Redução dos gastos públicos
3) Reforma tributária
4) Juros de mercado
5) Câmbio de mercado
6) Abertura comercial
7) Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições
8) Privatização das estatais
9) Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas)
10) Direito à propriedade intelectual
2) Redução dos gastos públicos
3) Reforma tributária
4) Juros de mercado
5) Câmbio de mercado
6) Abertura comercial
7) Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições
8) Privatização das estatais
9) Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas)
10) Direito à propriedade intelectual
Destes dez preceitos, diria que sete foram cumpridos na íntegra, um parcialmente (privatização) e dois não foram aplicados (reforma tributária e direito à propriedade intelectual).
Além disso, esmagou o sindicalismo – a ponto de o funcionalismo público e categorias como os petroleiros terem ficado os oito anos do mandato sem um único reajuste salarial – e se utilizou das privatizações para privilegiar grupos e gerar uma nova casta empresarial.
Sua política social pode ser resumida na clássica frase “a questão social é caso de polícia”. O desemprego e a concentração de renda atingiram níveis alarmantes. Em 2002, no último ano de mandato, o desemprego bateu recorde histórico e a inflação estava em cerca de 20% ao ano. A economia não crescia mais que 1% ao ano e as taxas de juros estavam em níveis catastróficos – destruindo emprego e renda.
Empenhou-se em destruir a Petrobras e sucatear o serviço público. Ignorou Educação e Saúde. Mesmo a tão elogiada gestão de Serra à frente deste último ministério primou mais pela pirotecnia que pelo atendimento básico e universal.
Na política externa, notabilizou-se pela total subserviência aos Estados Unidos e o apoio à ALCA, que fatalmente destruiria a indústria nacional a médio prazo e nos tornaria uma grande Guatamela ou Honduras.
Pois bem. É este cidadão, que não se elege nem vereador em Itaboraí, que se arroga o papel de “farol iluminado brasileiro” e escreve artigos dizendo o que o governo deve ou não fazer. Ora, se quer fazer isso, dispute e ganhe as eleições !
Na verdade, a reação e os artigos deste senhor são a resposta conservadora à nova política que está aí. Repugna a idéia de que aqueles fora da elite possam viver dignamente sem mendigar migalhas junto aos donos do poder.
A cada dia, a cada minuto, mais ele guina suas posições na direção da defesa de políticas excludentes e que representem o Estado a serviço de uns poucos. Não sou crédulo a afirmar que isto não existe hoje, mas pelo menos os mais desassistidos hoje possuem condição de ter um emprego.
Na comparação de indicadores, não há um único ítem onde os Anos FHC levem vantagem.
Pois é. Ao invés de estar aposentado e cuidando do filho menor de idade que tem, FHC se arvora a porta-voz do que temos de mais retrógrado em política.
Só que suas palavras, emitidas como o último Santo Graal, somente encontram ressonância na imprensa cada vez mais conservadora do país. Nem mesmo os próceres tucanos querem ver a sua imagem atrelada a do ex-presidente, pois bem sabem que este é o “beijo da morte”.
FHC, o morto-vivo. Lamentável é ainda darem importância a figura tão nociva aos interesses nacionais. Aliás, chega a ser engraçado vê-lo chamando o Brasil de hoje de “república sindicalista” se lembrarmos que seus tempos tiveram a marca indelével do ódio ao trabalhador.
Se formar um mercado interno e aumentar o poder de compra do trabalhador – que irá consumir e, consequentemente, tornar mais próspera a indústria e os capitalistas – é ser partidário de uma “república sindicalista”, então eu preciso rasgar o meu diploma.
Velha ordem, velhas políticas, velha história. Daqui a pouco o veremos defendendo os incêndios nas favelas como política social – de preferência, com os moradores dentro.
Vou me meter em área do seu domínio. Depois, você se mete em Informática… O problema é o seguinte:
Lula teve indicadores melhores? Que bom. Só que com a política de FHC cumprida sem restrições pelo Henrique Merielles no BC, com uma única exceção: a redução dos gastos públicos. Gastos públicos que, a partir do ano passado, ganharam motivo com nome e razão para aumentarem: Lehman Brothers. O problema é a qualidade dos aumentos em despesas presidenciais e outros. O aumento no Bolsa Família é bem-vindo (principalmente no Norte e Nordeste) quando não desviado para o bolso de alguns.
A inflação em 20% ao ano em 2002, foi resultado do pavor de nossos queridos empresários com Lula (o chamado Risco Lula). Que claramente, não foi cumprido.
A questão é que Lula chama o que recebeu de FHC de “herança maldita”. É um cara-de-pau, pois recebeu a herança, a manteve e ainda a aperfeiçoou. E ainda se aproveitou da privataria mal-feita (feita com dinheiro dos fundos de pensão e BNDES, como no caso da Telemar, onde o governo é o principal acionista, mas quem manda são os outros investidores…) para amealhar verbas no orçamento anual (desvio de verbas de empresas privadas – é isso que deveria ser investigado, SE quisessem pegá-lo, mas como o sobrenome Jereissati está no meio…) para seu partido. Coisa que o FHC fazia, mas de forma mais discreta e apenas nos momentos das eleições. Lulalau é um ladrão de rua que achou o cofre do Adhemar. FHC, um que não suja suas mãos nunca. Mas os amigos do PT se encarregam de parecer com que Lula seja, de fato, um bandido maior que FHC.
Nosso problema é a falta de opção. Como você mostrou bem na eleição do Flamengo. E parafreaseando um samba da Imperatriz:
“Neste palco iluminado
Só dá lalau
És presente e imortal…”
Bruno, a inflação subiu porque depois das eleições o Malan ligou o “foda-se”, essa é que é a verdade.
Há contratação de funcionários para substituir terceirizados. Ordens do TCU.