Bom, como já fartamente noticiado, ontem houve um apagão que atingiu 18 estados mais o Distrito Federal.

Para mim pouco mudou. Ao contrário do que ocorre normalmente, já estava deitado, lendo, a hora em que houve o problema. Aproveitei para dormir, a falta de ar-condicionado incomodou um pouco, mas quase não percebi.

Como volta e meia falta luz onde moro, só fui saber que havia sido um problema generalizado quando cheguei ao trabalho hoje. A energia foi restabelecida por volta das três da manhã, pelo que disse a minha esposa.

Ao que parece, foi um problema localizado em uma das linhas de transmissão. Como nossa matriz de eletricidade é basicamente hidráulica, e rios com potencial para geração de energia elétrica não necessariamente estão perto dos maiores mercados consumidores, esta é uma dificuldade com a qual temos de conviver. O preço que pagamos para ter uma energia mais “limpa”. Nada a ver com sobrecarga de consumo, como ocorrido em governos anteriores.

Mas nem é sobre isso que queria escrever. Acredito que tenha sido uma falha técnica, passível de ocorrer. Gerou transtornos, mas paciência. Acontece.

Quero escrever sobre os ridículos que se disseram e escreveram hoje sobre o assunto. Na tentativa de partidarizar a questão e responsabilizar o governo pelo ocorrido, disseram-se os maiores absurdos:

“O Brasil precisa diminuir a sua dependência de combustíveis fósseis” – Lúcia Hippolito, CBN (ué, não sabia que o rio que alimentava Itaipu era feito de petróleo, e não água)

“O governo é responsável porque baixou o IPI da chamada ‘linha branca’, e isso aumentou a sobrecarga” – a mesma cidadã (ué, as pessoas trocam seus eletrodomésticos por modelos mais eficientes, não?)

“O apagão desta madrugada nos informa que o planejamento energético brasileiro precisa levar em conta a mudança climática” – a inacreditável Míriam Leitão, O Globo (já foi dito que não há influência dos ventos e muito menos do aquecimento global nesta questão)

Entre outras coisas, o “Estadão” escreveu que “o mundo questiona a escolha das Olimpíadas” e a Folha, “que a culpa é de Lula”.

Penso que este episódio mostrou bem o papel que a chamada “grande imprensa” vem desenvolvendo nas questões nacionais. Os fatos são torcidos e retorcidos de forma a gerar dividendos eleitorais para a oposição ou estimular inquietação nacional, a fim de propiciar as condições para uma atividade golpista – aos moldes de Honduras. Informar a população sobre o que realmente ocorre é absolutamente função secundária.

Lembro aos meus 31 leitores que redes de rádio e televisão são concessões públicas, sujeitas a cumprirem regras. Só que ultimamente este fator foi convenientemente “esquecido”, de forma a transformar estas em difusoras eletrônicas de partidos políticos. Mal comparando, é a mesmíssima prática das Igrejas Evangélicas, tão criticadas por estes órgãos de imprensa. Estão tão errados quanto.

“Faça o que eu digo, não faça o que eu faço.”

(Foto: R7)

9 Replies to “Sobre o Apagão”

  1. É claro que há um problema na rede elétrica brasileira. Não é aceitável que um país como o Brasil tenha um apagão desta dimensão em nenhuma cirscunstância. O problema não foi de geração e sim de transmissão. Uma ou duas linhas caíram e o sistema inteiro pifou. Até Itaipu parou de funcionar. Há algo errado. O sistema está falho e não consegue equilibrar. Temos um problema sério de infra-estrutura. Estradas, ferrovias, energia, nada funciona condignamente. O Brasil não tem infra-estrutura para aguentar um pique de desenvolvimento. Não se investe para isso. Ou se investe mal, super-faturando obras (as usual).

    E discordo veementemente de sua interpretação em relação a artigos que condenam políticas de governo. Estes fazem parte da opinião dos articulistas. Ver qq um que escreve na imprensa que esteja em desacordo com o Governo como um “político de oposição” é um total exagero. Não cabe. Não tem nem nexo. Jornalistas e articulistas sempre existiram na imprensa brasileira que não fizeram parte de qq partido. Simplesmente tinham sua visão de mundo. E qq governo, seja qual for, faz um monte de merda.

  2. Migão,

    Do jeito que as coisas estão indo até em jogo ao vivo transmitido pela Globo fico na dúvida se o resultado é aquele mesmo. As manipulações estão ultrapassando o tolerável.
    Eu fiquei ouvindo também a CBN e fiquei estarrecida com tantas sandices proferida pela citada senhora. Inacreditável é que certos jornalistas se acham oniscientes, conhecem tudo, analisam tudo, criticam tudo, com uma certeza tão absoluta que me faz lembrar o Sr. Caetano Veloso, que pelo jeito está chegando muito rapidamente à senilidade, haja vista suas últimas declarações.

    Abraços e saudações tricolores
    Paulo Machado

  3. Como diria Jack, vamos por partes.

    Henrin, o Brasil no desastre FHC ficou dez anos sem investir um centavo na rede elétrica. Lula está investindo, mas são investimentos a longo prazo.

    quanto à imprensa, o problema é que as notícias viraram opiniões. sugiro a leitura do blog “Doladodela”, que consta na lateral do blog.

    Paulo, quanto tempo ! é por essas e outras que só ouço a BandNews. no mais, assino embaixo

  4. Como não investiu um centavo? Foi no Governo de FHC que foi criado a ANEEL, o Operador do Sistema Elétrico e o Mercado Atacadista que modernizaram o setor. Além disso, deu subsídios a construção de termoelétricas e deu continuidade a expansão de Itaipu. O problema é que depois disso é que não foi feito praticamente nada.

    É evidente que o Setor de Energia Elétrica do Brasil se mostra falho. Houve um problema na transmissão que não deveria ter causado o dano que causou. Deveria causar um dano mais localizado. O sistema está falho. É preciso corrigir, e para isso é necessário inteligência técnica e investimento.

    Quanto a Lucia Hippolito, Miriam Leitão, etc são comentaristas, logo dão opiniões, fazem comentários…, não sei pq tanto auê em relação a isso… Um governo ou partido não pode ser tratado como algo “sagrado” e “inquestionável”. Para isso existe estas Instituições Religiosas por aí de gosto duvidoso.

  5. Henrin, já percebeu como as percepções são diferentes ?

    O consenso entre muitos especialistas do setor é que a reforma empreendida pelo Governo FHC, ao só privatizar a distribuição, desorganizou o setor elétrico.

    é que aqui tá meio enrolado, mas quero pesquisar textos sobre esta época para publicar aqui no domingo.

    p.s. – já colocou o blog no “Favoritos” ? (rs)

    p.s.2 – o problema não é criticar, é distorcer os fatos a serviço de interesses paridários.

  6. Hehehe…já está nos Favoritos…Gosto dos assuntos que vc coloca em pauta. Você já tem agora 32 leitores…rs

    Quanto ao PS.2 não vejo qualquer interesse partidário nestes comentaristas, vejo apenas opiniões diferentes. Até pq não existe mais partido no Brasil. PT morreu. PCdoB é uma piada anacrônica. PPS vive da rebaba do Lula, PMBD é puramente fisiologista, PSDB só existe em São Paulo como partido, mesmo assim a reboque do que o Governo faz ou deixa de fazer, DEM é um partido esquizofrênico medroso, só resta o lulismo (o “sub-peronismo” de FHC). Além do mais o grande capital brasileiro (bancos e empreiteiras) está todo com Lula. Quem melhor que ele para obras grandes superfaturadas com juros altíssimos, junto com impostos escorchantes que a classe média tem que pagar?

    Ou seja, o comentarista político, ao observar a política nacional não pode ficar sem derramar lágrimas de desesperança.

  7. Henrin, neste ponto pensamos diferente: discordo do tal “sub-peronismo” – escrevi aqui memso um artigo a respeito – e acho que o país melhorou muito no governo atual.

  8. O país melhorou sim…pq a política econômica é a mesma desde lá de trás, de 1994. Depois que deram um jeito na política cambial as coisas se acertaram de vez. Junte-se a isso ao forte crescimento da China, devorador de commodities de países em crescimento, e explica-se a elevação do PIB e diminuição dos riscos.

    Eu, crítico do PT e do Lula, cito pelo menos algo de bom deste governo (apesar de tudo). É o Olhar para o Pobre. Isto é algo muito importante. Os outros governos tb o faziam mas agiam como se fosse um favor. Este não. É a grande diferença, e no caso, para melhor.

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