Sábado passado precisei comprar às pressas uma máquina fotográfica, para um evento que tinha no domingo.
Como estou com o limite do meu cartão todo tomado ainda com aquela história de aluguel de carro e franquia de seguradora, e já estava tarde, optei por ir às Casas Bahia que ficam na esquina da rua onde moro – aproximadamente a um quilômetro de distância.
Incrível: apresentei identidade, CPF e o crachá da empresa em que trabalho, e me deram o crédito ! Escolhi a máquina que me interessava, da Kodak, passei no caixa e a fatura chega dia 25 na minha casa.
Tive um exemplo claro do porquê o Pão de Açúcar pagou cerca de R$ 1,4 bilhão pelo controle da empresa. O importante é vender.
Obviamente, se tivesse pesquisado preço teria achado talvez um preço menor – embora uma rápida pesquisa feita enquanto escrevia este post me mostrou que paguei um preço bastante razoável. Entretanto, como escrevi acima, foi uma compra de urgência.
Este caso me leva a refletir sobre outro aspecto, que foi a expansão do crédito na economia brasileira.
Os tempos de alta inflação deixaram os bancos locais muito acomodados, porque o ganho com as aplicações em títulos do governo tinham altíssimo rendimento e risco praticamente nulo.
Com isso, ficou comprometida e colocada em segundo plano a função primordial bancária, que é a de proporcionar crédito à economia.
Nos últimos anos, com a queda de rendimento dos títulos do governo proporcionada pela progressiva baixa da taxa básica de juros os bancos redescobriram este filão e voltaram a emprestar.
Observou-se um duplo movimento que expandiu a nossa economia: por um lado a expansão do emprego e dos salários, aumentando a massa salarial; do outro, a elevação do crédito ao consumidor.
Com isso, gerou-se um círculo virtuoso: com o maior consumo, as empresas vendem mais, contratam mais empregados, aumentam a sua produção e permitem o aumento da massa salarial. Esta gera uma nova rodada de expansão do consumo, e o ciclo segue.
Ressalto que a aposta no mercado interno como resposta à crise mundial de 2008 revelou-se extremamente acertada, entretanto só foi possível devido à política econômica de expansão de emprego e de renda via massa salarial e programas de transferência de renda.
Em crises semelhantes na década de 90 optou-se por uma política recessiva de compressão salarial, o que elevou a desigualdade de renda e aprofundou a crise; haja visto que as empresas ficaram sem ter para quem vender, seja no plano interno, seja no externo.
Também não havia disponibilidade de crédito devido às estratosféricas taxas de jurtos daquele período. Nunca o setor bancário ganhou tanto dinheiro em tão pouco tempo, com risco mínimo.
Concluindo, economia em que não há forte oferta de crédito é economia que não cresce. Por outro lado há a necessidade de expansão de renda e de emprego a fim de sustentar a inadimplência em níveis aceitáveis.

2 Replies to “Facilidade de crédito e análise macroeconômica”

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