Infelizmente, após dois posts sobre carnaval, tenho de comentar a tragédia que se abateu sobre o Haiti, o pequeno país caribenho, mais pobre da América Latina.
A estimativa no momento em que escrevo é de que 100 mil pessoas, ou mais, tenham perecido no episódio. Embora não tendo sido um dos terremotos mais fortes mundialmente dos últimos tempos, o país foi vítima de duas infelizes coincidências: o epicentro deste ser justamente embaixo da cidade e em uma profundidade considerada rasa – cerca de dez quilômetros.
Além disso, dada a pobreza e a falta de infraestrutura do país, evidentemente as construções não possuíam qualquer tipo de reforço anti-terremoto.
O Haiti é um país que sofre com intempéries naturais, mas especialmente com a mão do homem. Sucessão de ditaduras cleptocratas, o país dedicou-se por décadas a enriquecer seus dirigentes e a devastar seus (parcos) recursos naturais. Como se vê na foto abaixo, nem o Palácio Presidencial resistiu.

Além disso, sofre com uma violenta falta de energia elétrica, a ponto das ruas sequer terem iluminação. A cobertura vegetal do país foi devastada em busca de carvão e a erosão decorrente diminuiu sobremaneira as áreas cultiváveis. Resultado: mais fome.
Também não posso deixar de citar a ajuda extremamente tímida prometida pela ONU (US$ 10 milhões) levando-se em conta o tamanho do estrago e o fato de que militares a serviço da entidade morreram no episódio. O Brasil, com seus 25 milhões de dólares, já supera amplamente a ajuda oferecida pela entidade.
Ridícula, a propósito, é a posição do governo americano, que pediu ajuda direta ao povo sem “colocar a mão no bolso” diretamente. Isso tudo é medo dos republicanos ?
Um terremoto destes já seria problemático em uma área estruturada. Ocorrendo em um país miserável, onde o pobre é mais pobre, sem estrutura nenhuma, torna-se a catástrofe a que estamos assistindo.
Na aba de blogs do Ouro de Tolo, há o “Ayitian Nuvels”, mantido até julho do ano passado pelo Zé Renato, amigo que viveu no Haiti a fim de fazer sua pesquisa de doutorado. Recomendo uma leitura ávida dos textos. Também escrevi anteriormente texto sobre o país, está aqui para leitura.
No mais, infelizmenmte é lamentar as vítimas e refletir sempre que queremos reclamar de algo: pense no Haiti.

(Fotos: R7, com agências internacionais)

2 Replies to “Drama Haitiano”

  1. Terrível. Que ajuda ridícula que os países estão dando. Minha sensação é que os representantes destes países consideram o Haiti caso perdido e não querem se esforçar para melhorar nada neste buraco. Mas tem pessoas soterradas! Feridas! Angustiadas! Imagine o inferno que muitos estão passando, o sofrimento. Mas, olham de lado o Haiti, empinam o nariz e pensam:”Tinha que acontecer isto mesmo neste inferno…”

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