Estou para comentar sobre o assunto há algum tempo, mas havia faltado oportunidade. Os prefeitos conservadores do Rio e de São Paulo foram atacados de uma grave crise de “favelofobia”.
De formas diferentes, as administrações das duas cidades e seus mandatários vem dando demonstrações explícitas de que, se pudessem, queimariam todos os moradores de favelas em uma grande fogueira. E sem direito a “sursis”.
Os métodos são diferentes. No Rio de Janeiro o prefeito, apoiado pela mídia conservadora, vem engendrando planos de reforma urbana no sentido de remover as favelas, sem posterior reassentamentos. O raciocínio é de que todos são ameaça ao povo do asfalto e, consequentemente, precisam se virar sozinhos.
Repetindo o nefasto governo de Carlos Lacerda, em São Paulo vem ocorrendo uma sucessão de estranhíssimos incêndios em comunidades pobres da capital paulistana. Em todos os casos a reclamação dos moradores é a mesma, da demora dos bombeiros e da Defesa Civil em atender aos chamados. Curiosamente, estas ocorrências ocorrem sempre em áreas alvo de expansão imobiliária.
Não podemos esquecer o novo plano de segurança pública carioca, as UPPs – Unidades de Polícia Pacificadora – que basicamente consiste em confinar em guetos os moradores das favelas da Zona Sul carioca de modo a não atrapalhar a elite branca e conservadora destes bairros.
Sou contra esta estratégia de “guetos”, mas cabe uma pergunta: por que estas ocupações somente são feitas em morros da Zona Sul ? Não custa lembrar que desde que este prefeito fascista assumiu o cargo a Zona Norte está jogada às traças. A suspensão do meu carro que o diga.
Evidentemente algum tipo de urbanização deve ser aplicado às favelas, mas a simples remoção ignora a história destas comunidades. Elas se fixaram na Zona Sul de modo a atender às necessidades de mão-de-obra do ‘asfalto’. Com a deficiência dos serviços de transporte na cidade, foi a solução encontrada.
Exilar os pobres vai apenas agravar os problemas de moradia e transporte do Rio de Janeiro. Entretanto, como Eduardo Paes e Gilberto Kassab se consideram “prefeitos das Classes A/B”, estes que se danem. O importante é tirar a horrível imagem dos pobres do campo de visão das classes média e alta.
Quanto às UPPs, repete-se a estratégia de repressão a todo custo. Ao invés de prender traficantes, que os expulsem para a Zona Norte – o raciocínio é de que quem mora lá é “raça inferior” e, portanto, não precisa de segurança pública. A UPP desloca o problema do tráfico para as regiões mais pobres da cidade, dentro da estratégia de governar apenas para o povo mais abastado.
Se não há tráfico na Zona Sul, não há tráfico na cidade – o raciocínio é este. O curioso é que grande parte dos consumidores de drogas estão em Ipanema e adjacências…
Lamento tal política de Estado. Pensei que não veria os que os antigos contam, dos incêndios nas favelas do esqueleto e do Pinto; bem como dos mendigos afogados no Rio Guandu.
Haja rio para afogar tanto pobre…
P.S. – Escrevi anteriormente aqui um texto sobre estas classes médias carioca e paulista. Recomendo a leitura para entender melhor a questão.
Bem, eu acho que favela não pode existir, em hipótese alguma. Há que se elaborar um plano “pra ontem”, de remoção desses moradores para uma região com condições de recebe-los, de oferecer trabalho e com lazer. Não é tirar de um ponto e joga-los em outro apenas. Não é pra jogar a sujeira pra debaixo do tapete.
Favela é risco: enchentes, desabamentos e geograficamente é favoravel para esconderijo de bandidos. Veja a Linha Vermelha, cercada de favelas: moradores vão pra via expressa, são atropelados…
Agora, o Dudu Paes é “assim, assim” com o Lula… pq não pede ajuda ao Lula então? O proprio Lula já reelegeu ele e o Sergio Cabral, por antecipação…
PS – Nenhum país desenvolvido no mundo, nenhuma cidade de primeiro nível tem favela.
Cara, vai remover a Rocinha, por exemplo, como ? Complicado
A remoção nao acontece de uma hora pra outra… demora até anos… Falta vontade política, a gente sabe pq, ne?
não tem como, cara, a saída é urbanizar
O ideal seria urbanizar as favelas. Torná-las “endereços” legítimos. E assim impedir novas construções ilegais e o poder paralelo. Poder este que dá margem a uma enorme corrupção em que todos os níveis se envolvem.
Não tem cabimento alguém hoje, século XXI, chegar em qualquer terreno do Rio, e armar uma casa sem prestar contas à sociedade. Não tem mesmo, Migão. Isto é anacrônico e um tapa na cara de todos que pagam impostos caríssimos.
Fecho contigo, urbanizar é o ideal. E regulamentar o uso do espaço urbano