Segunda feira, primeiro dia útil do ano.
Quero escrever sobre um tema em que já venho pensando, mas que tinha faltado oportunidada: a Lei Seca.
Não sou louco de dizer que sou contra – até porque, com a histeria do governo em torno do tema, sairia preso daqui.
Entretanto, vejo algumas questões que precisam ser melhor analisadas.
Uma delas é a questão do limite legal. O anterior, de 0,6 decigrama por litro de sangue, já era um dos mais rigorosos do mundo. Isso equivale a três chopes que, convenhamos, não tira a concentração de (quase) ninguém.
Inclusive alguns motoristas até dirigem melhor com um ou dois chopes, por estarem não tão tensos como normalmente. Eu mesmo sou um destes, dirijo muito melhor nestas condições por estar mais relaxado.
Entretanto, hoje o simples consumo de um destes antissépticos bucais pode levar à inacreditável multa de R$ 957 e a perda da carteira. Acho um tremendo exagero, ainda mais quando se vê que a punição acaba parando nisso. Não há cadeia para aquele que mata no trânsito bêbado. Se tiver posses ou for ligado ao Judiciário, ainda consegue indenização da família da vítima.
Outro ponto que a meu ver precisa ser repensado é este aparato das blitzes. É algo muito mais cosmético que efetivo.
Colocam aqueles balões imensos, param o trânsito em inúmeros locais, aporrinham a paciência do pobre do cidadão e ainda por cima o colocam em risco de assalto ao ficar longo tempo parado à noite.
Qual o resultado ? Duas, três carteiras apreendidas. Além de denúncias na Corregedoria.
De acordo com informações do pessoal do Twitter, na noite de Natal foram nada menos que 48 blitzes destas. Escalaram-se 48 equipes, que abdicaram de passar o Natal com seus entes queridos, para no final das contas apreenderem quatro carteiras. Entretanto, o transtorno causado ao cidadão foi imenso, que levou duas horas para um percurso de trinta minutos.
Outro ponto importante: demonizam o motorista bêbado. Ok. Mas não fazem rigorosamente nada com quem fala ao celular enquanto dirige, que segundo pesquisas científicas é ainda mais perigoso que dirigir alcoolizado.
Quando há multa, o que é raro, é infração média. Talvez isso se deva ao fato da punição alcançar camadas mais ciosas de seu poder de pressão na sociedade. Contudo deveria ter a mesma punição de dirigir alcoolizado, porque é ainda mais perigoso.

Esta diferença no tratamento me leva a pensar que a intenção da Lei Seca é mais manter as pessoas fechadas em casa com o intuito de diminuir os índices de violência. O corolário é que o prejuízo à indústria de entretenimento e por tabela o turismo é bastante considerável.

Para fechar, uma dica: o Twitter do pessoal que controla tais blitzes, tão polêmico, também oferece dicas em tempo real sobre o trânsito. É uma excelente pedida acompanhá-los.

3 Replies to “Sobre a Lei Seca”

  1. O problema Migão é que não vemos na TV motorista atropelando e matando por estar dirigindo e falando ao celular ao mesmo tempo. Já motoristas embriagados…
    Concordo que a lei é bem severa e que o correto seria punir os infratores, apesar que não devemos esperar que alguém atropele e mate pra ser punido. Questão bem complicada.

  2. A Lei Seca infantiliza o cidadão. É mais aparato pra mídia ver, mais marketing e menos eficácia. É uma “mãozinha” pros taxistas e transportes públicos – que por sua vez não estão preparados para atender a tal demanda que acaba de surgir. Detalhe: dia 01 de janeiro, não havia um taxi disponível nas ruas – seja de cooperativas, seja taxi avulso. O que estavam circulando cobravam fortunas em cada corrida – Copacabana-Botafogo a 100 reais (que tal?). Cadê o choque de ordem do prefeito zona sul em cima dos taxistas?

    Fabrício

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