Desde ontem, faz parte de minha rotina algo que há quase dez anos não me ocorria: trabalhar no Centro da cidade.
Devido a uma transferência (que está dando um rolo danado, mas os detalhes são impróprios para o horário) agora dou expediente no prédio sede da Cia.
Trabalhei no Centro do Rio entre 1995 e 2001, quando trabalhava com rating bancário. Depois passei um ano em Bonsucesso, outro desempregado e os demais dividido entre o Maracanã e o (argh!) Estácio.
Evidente que ontem foi somente o primeiro dia, mas o feérico movimento próprio da alma do lugar ainda me perturba bastante. Acostumado com o ritmo bem mais lento dos bairros em que me encontrava, confesso que estava uns cinquenta quilômetros por hora mais lento que as pessoas em volta.
Tudo possui sua alma. No Centro do Rio, a estátua viva observa a vida do lugar emoldurada. Passam o executivo apressado, o funcionário público a cumprir suas tarefas, as secretárias trocando impressões da vida  cotidiana. Entretanto, este espírito vive em eterno clima de Fórmula 1, apressado e aproximado sentimento de urgência e de que tudo irá se acabar. Mais rápido, mais rápido, mais rápido.
Acho que ainda irei me demorar um pouco para viver nesta frequência. A adaptação demora, mas ocorre. Por outro lado, estou feliz em sair de um lugar que pode ser o futuro, mas é um presente árido, para um assentamento com toda a estrutura em volta. Folgo em saber que não precisarei mais pegar o meu carro todo dia para almoçar, como ocorria anteriormente.
Aos poucos me acostumo.