Apresentação de Samuel Pinheiro Guimarães, Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos
Primeira características: disparidades regionais, de renda, de riqueza, de origem étnica, entre interior e metrópole e mesmo nas áreas mais ricas e periferias das cidades.
Nas disparidades de riqueza, há um número muito pequeno de brasileiros que é muito rico.
55 milhões de brasileiros beneficiários do Bolsa Família beneficiados pelo Bolsa Família.
Apenas 10% ganhando mais que cinco salários mínimos.
Pessoas que ganham menos, em um estado de pobreza que não estão habilitadas a ganhar mais. Extrema pobreza.
Desafio: como fazer essas pessoas se integrar ao sistema produtivo moderno. Hoje, muito baixa produtividade.
10% da população, 20 milhões de pessoas: não é possível construir país. E problemas agravados regionalmente.
Como fazer?
PROUNI: 580 mil bolsas, extraordinário, mas para população de 200 milhões. E enorme potencial porque os alunos que se diferenciam no PROUNI tem melhor desempenho do que os não bolsistas.
Segundo desafio: vulnerabilidades externas, com recorde mundial de taxas de juros.
De diversas ordens. Vulnerabilidades políticas, diplomáticas, econômicas, ideológicas e militares.
Houve certa redução das vulnerabilidades econômicas com aumento do comércio exterior e acúmulo de reservas cambiais. E pagamento de compromissos com FMI deixando de ser objeto de inspeção. Além de diversificação do destino das exportações.
Ainda há vulnerabilidade econômica na área dos capitais, necessidade forçada de atrair capitais.
Vulnerabilidade política, já que não faz parte dos principais sistemas de decisão, do sistema de governança mundial.
Certo êxito no G20 financeiro, no G20 comercial, nos esforços de reorganização do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
No grupo dos BRICs, no G7.
Investimentos brasileiros na América do Sul: possibilidades de divergência. Como no caso da Venezuela, onde interesses econômicos brasileiros extraordinários, nosso maior superávit comercial. Grandes negócios na área de construção, colidindo com interesses de outros países fornecedores, como italianos, norte-americanos. Assim, eles podem ver a situação do país de um ângulo e nós de outro.
Por que certos países do Oriente Próximo que não são países democráticos, nem defensores dos direitos humanos não são criticados? Porque os interesses econômicos são de tal ordem que se criticam outros países, não eles.
À medida que país passa a ter interesses cada vez maiores, participar de centros de decisão passa a ser vital.
Vulnerabilidade militar: não dedica à atividade de defesa o mesmo recurso per capita de outros países.
Vulnerabilidade tecnológica: número de patentes muito pequeno.
Vulnerabilidade ideológica, o que faz com que teorias estrangeiras sejam dominantes em certos setores. Vemos o mundo pelos olhos dos outros, não pelos nossos. Apenas as novelas mostram o modo de ser brasileiro. Vulnerabilidade ideológica especialmente na área econômica, com correias de transmissão de ideias.
Outra características: extraordinário potencial da economia brasileira.
Primeiro, grande população, permitindo criar um grande mercado interno, quando resolver questão da produtividade e da renda. Escala de produção de qualquer produto depende do tamanho do mercado.
Enorme potencial humano, potencial de conhecimento.
Depois, recursos naturais, potencial enorme. Só prospectado 30% do território. Possibilidades de reservas maiores de petróleo, gás e todos os minérios.
Como integrar o mercado? Infra-estrutura de transporte nacional e urbana.
E integração industrial, insumos agrícolas, fármacos etc.
Dez maiores países em território, população e produto, só três países nas três listas simultaneamente: EUA, China e Brasil.
Canadá, grande território, PIB grande e pequena população.
Japão, grande população, grande PIB e pequeno território. Pode sofrer embargo de abastecimento com sistema econômico vulnerável.
Quarto desafio, questão democrática. Como tornar mais democrático sistema político brasileiro, muito organizado em torno de certas elites tradicionais. Como tornar esse sistema mais democrático?
Esses desafios podem ser enfrentados de acordo com as doutrinas neoliberais?
Não, com o Estado suplementando, mas desde que haja algum grau de planejamento, definindo as prioridades e o como fazer.
Posição do Estado deve ser indutora, mas também garantidora. Se necessidade de expandir o setor energético, necessário que Estado faça os investimentos necessários.”
Problema não é mais o liberalismo econômico, mas a vontade de impor a falta de liberalismo de opinião.
Há gente dos dois lados (Dilma e Serra) doida para fazer como o Chavez, quando não o fazem (como o Sarney…).
“I see dead people…”
acho que a questão é mais complexa que isso, mas merece um debate mais aprofundado