Estou para escrever sobre este tema há algum tempo, mas tinha faltado oportunidade.

Estive semana passada conversando com amigas minhas, todas na minha faixa etária, e a reclamação unânime era a da dificuldade de encontrar um namorado que estivesse querendo algo mais sério. Segundo elas, até para algo sem compromisso está complicado viver alguma coisa. Ressalto que nos três casos com quem conversei são moças bonitas, inteligentes e que eu namoraria sem qualquer problema caso não fosse casado.

Outra coisa que reparo principalmente quando estou em shoppings é a quantidade de moças jovens e bonitas com namorados ou maridos bem mais velhos que elas. Além de belas jovens com acompanhantes bem desprovidos de beleza física, para usar um eufemismo…

Penso que a questão tem vários fatores determinantes.

Um deles, sem dúvida alguma, é o aumento do número de homens gays declarados. Antigamente muitos dos homens que gostariam de viver sua sexualidade de forma homoerótica se reprimiam devido às pressões da sociedade e culminavam por manter relacionamentos héteros. Com o salutar processo de aceitação ocorrido em especial nas últimas duas décadas, muitos homossexuais que viveriam uma vida de “aparências” acabam por se assumir como tal. O corolário deste saudável processo é o fato de que diminui o número de homens heterossexuais disponíveis para relacionamentos, e muitas vezes aqueles definidos como “parceiros ideais” ou são gays ou estão casados.

Outra questão é a cada vez maior independência feminina. Cada vez mais as mulheres possuem bons empregos, moram sozinhas, assumem posições de comando em suas vidas profissionais e demandam cada vez maior independência. Com isso muitos homens se sentem “assustados” e receosos de ter algum tipo de envolvimento mais sério – até, entre outras coisas, por se sentirem absolutamente “descartáveis”.

Também não posso deixar de mencionar a postura de mando adotada nos relacionamentos. Como ela precisa se afirmar no trabalho e se mostrar mais “durona”, tende a trazer isso para a vida pessoal e assume uma postura inflexível, de não ceder nunca – isso seria uma fraqueza. Resultado: acaba tendo uma postura absolutamente dominadora e sufocante, sem levar em conta que um relacionamento envolve troca e muitas vezes momentos em que se faz necessário ceder.

O quarto fator seria a maior proeminência feminina em termos financeiros. Muitas vezes ela ganha mais que o parceiro e como reflexo da cobrança da sociedade ela se sente impelida a utilizar-se deste fator como um fator de desequilíbrio na relação. Isto é muito desagradável.

O resultado desta equação de múltiplas variáveis é que temos uma espécie de “competição” quase darwinista em busca do parceiro ideal. Muitas vezes abdicando de regras éticas em suas táticas de conquista. Por outro lado temos a permanência masculina no “mercado” do namoro até uma faixa etária mais avançada do que ocorria anteriormente.

Explicando este fenômeno em termos econômicos, hoje as preferências femininas indicam que a utilidade de namorar um homem mais velho é maior que a utilidade de estar sozinha. Suas preferências de “consumidora’ indicam que a satisfação do indivíduo estando acompanhada é maior que a solidão, independente da qualidade deste acompanhante – cuja “qualidade percebida” em comparação é sempre considerada ótima. O mesmo vale para homens não tão bonitos ou não tão legais.

Reflexo deste fenômeno é o aumento do número de divórcios, primeiro porque hoje os relacionamentos são muito mais egoístas que companheiros e segundo porque em especial para o homem a “MACNA” – melhor alternativa em caso de não acordo – quase sempre é bastante vantajosa, porque afinal de contas a quantidade de opções no “mercado” é ampla e bastante atraente. Quanto melhor a “MACNA” visualizada, menor a chance de se aceitar um acordo conjugal que inclua abrir mão do futebol ou só visitar a mãe a cada três anos por exemplo.

Olhando a questão de forma racional, não significa que os homens sejam pilantras ou coisa parecida – apenas que possuem uma vantagem competitiva no mercado, devido à sua escassez percebida pelo outro lado. Formas de equilíbrio são a já citada maior permanência dos homens no “mercado” conjugal e o aumento do homossexualismo feminino – que, obviamente, não é causado pela falta de homens. Mas a escassez destes na praça levam a uma maior aceitação e, consequentemente, mulheres homossexuais que em condições normais não se assumiriam como tal possuem estímulo para viver a sua sexualidade livremente.

Claro que esta é uma análise racional, mas a melhor forma de contornar todas estas questões práticas colocadas aqui é se comportar com alegria, leveza e buscar se tornar grandes companheiras. Preferencialmente adotando um equilíbrio onde não haja uma posição de mando entre o casal, pois qualquer perspectiva de domínio ameaça qualquer ser humano – independente do gênero. E manter algum tipo de vida pessoal, sem aquela postura de obrigatoriamente estar cem por cento do tempo juntos. Oxigena qualquer relacionamento – experiência própria.

4 Replies to “Homem, uma espécie em escassez – ou a lamentação feminina”

  1. …análise econômca? Interessante…rss

    Ao meu ver existe outra teoria masculiniana- que vem do machismo- que ajuda e muito, os caras a não quererem relacionamentos sérios, a visão de que toda mulher é vagaba até que ela prove o contrário. De que maneira? fazendo com que ela não se deixe provar no 1º encontro.
    E por aí vai…

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