Faço aqui um resumo (incompleto) dos principais pontos da conversa. Infelizmente o site da TV Bandeirantes não permite a incorporação de vídeos, mas na página do próprio Canal Livre se pode ver a íntegra da entrevista.
Brasil como potência: o presidente afirmou que o país tem totais condições de ao final desta década estar situado como a quinta economia mundial. Fez uma boa explanação geopolítica sobre a iniquidade atual do conselho de Segurança da ONU e refutou os rumores de que seria o próximo Secretário Geral da Organização. Explicou também o porquê de se ter um burocrata em tal posto, devido á necessidade que os líderes mundiais tem de refutar eventuais “concorrências” em sua política interna.
PAC e infraestrutura: questionado sobre os problemas de infra-estrutura Lula respondeu que devido à crise da dívida externa o país ficou vinte e cinco anos sem investir em infra-estrutura. Ressaltou que o governo vem investindo mas que não se consegue em cinco ou dez anos tirar todo o atraso dos anos sem investimento. Chamou-me sobremaneira a atenção a contextualização de história econômica que ele fez do Governo Geisel e das consequências que o endividamento da década de 70 teve sobre os anos seguintes.
Sindicalismo: questionado sobre um eventual “peleguismo” dos sindicaros atuais, discorreu sobre as diferenças entre o sindicalismo do tempo dele e o atual. Ele considera que houve uma grande evolução porque hoje há um maior diálogo capital-trabalho e os dirigentes sindicais tem liberdade dentro das empresas. Ponderou que deveria haver um limite de reeleições no comando destas entidades, como ele fez quando esteve na presidência do sindicato dos metalúrgicos.
Reformas trabalhista e previdenciária: revelou que não houve acordo no grupo de trabalho criado com representantes patronais, da sociedade e dos trabalhadores; e que não irá impor uma reforma “de cima para baixo”. Também salientou que não existe déficit previdenciário expressivo e que se precisa separar o que é déficit do que é obrigação do Tesouro Nacional – a cobertura daqueles que não contribuíram determinada pela Constituição de 1988.
Sobre viagens: respondendo ao jornalista Ricardo Boechat afirmou que o próximo presidente terá de viajar ainda mais a fim de vender os produtos e serviçes do país. Também deu o exemplo da presença agressiva chinesa, que em poucos dias forneceu uma linha de crédito de US$ 10 bilhões para a compra de produtos do país asiático.
Eleições: acha que qualquer que seja o sucessor o país sairá ganhando e que como presidente tratará todos os candidatos da mesma forma. No tempo livre irá fazer campanha para Dilma Roussef. Também deixou claro que não pensa em voltar à presidência e que não forçou o debate sobre o terceiro mandato porque é um democrata e a coisa mais impostante no sistema político é a democracia.
Controle da imprensa: em resposta a agressiva intervenção do jornalista Bóris Casoy – inimigo declarado do governo – Lula afirmou que o seu governo jamais controlará a imprensa e que nunca os jornalistas tiveram tanta liberdade para criticar o presidente. Em clara alusão aos tucanos José Serra e Aécio Neves, disse que jamais ligou para redações a fim de pedir que jornalistas críticos fossem demitidos. Disse que quem faz o controle da imprensa é o consumidor, não o governo.
Violência: em diálogo duro, mas respeitoso com José Luiz Datena, deixou claro que não adianta nada o Estado se fizer presente nas comunidades apenas através da Polícia. Explicitou ações sociais do governo em favelas e queixou-se do excesso de violência nas produções artísticas da televisão. Ressaltou que a Polícia federal tem total liberdade para combater casos de corrupção.
Evidente que aqui não esgoto os temas tratados em uma hora de entrevista, mas fica claro o poder de síntese do presidente e o amadurecimento político de suas posturas. Mesmo com algumas intervenções ásperas de seus entrevistadores soube conduzir a conversa em um patamar bastante produtivo para nós telespectadores.
O Lula continua fazendo campanha pra ex-ministra, mesmo ocupando um cargo oficial e dispondo da maquina estatal? Que coisa, hein? Caso de PU-LÍ-ÇA!
Cadê o TSE?
Fabrício, sugiro que você releia o post ou veja o vídeo da entrevista. O que ele diz com todas as letras é que fará campanha para Dilma fora do seu expediente como presidente.
Agora, sobre TSE, porque este não presta atenção na cobertura da imprensa, claramente pró-Serra ?
Vc acredita mesmo que ele fará campanha FORA DO EXPEDIENTE DE TRABALHO? Não existe essa de “fora de expediente de trabalho”. Um presidente da Republica é uma figura PUBLICA, qualquer coisa ESPIRRO dele é noticiado em primeira página.
O TSE faz vista grossa para DILMA há muito tempo. Dilma faz campanha escancarada desde abril de 2008.
Vc agora vem falar em Serra?
Fala sério!
Em tempo: se Serra ou qualquer outro candidato faz campanha ANTECIPADA, tem que ser punido tambem.
Mas o que Lula e Dilma fazem, é ESCÁRNIO.
E mais: um presidente da República não pode dizer que “fará algo fora do expediente”. Simplesmente pq ele está sempre em expediente. Se ele vai na rua e dá uma declaração a imprensa, ele está em expediente sim e está automaticamente fazendo campanha. Ele só não estará em expediente se estiver num sabado ou domingo a noite, em casa, trancado.
Qualquer espirro, qualquer tosse ou declaração dele, a imprensa vai em cima.
Negar isso, me desculpe, é querer fazer vista grossa para o óbvio.
Excelente a entrevista de Lula à BAND.
O integrante do CCC foi desestimulado em suas perguntas e o Boechat demonstrou que é um péssimo argumentador e que comprou o seu registro de “jornalista”, com tão infame pergunta.
Aos demais jornalistas presentes, o legal foi ver as suas caras de concordância, completamente boquiabertos. O jornalista do mundo cão, Dapena, eu ainda não entendi porque estava lá, e se alguém souber, por favor poste por aqui.
Grande abraço e parabéns ao presidente Lula.
Fabrício, penso que um Presidente da República, seja qual for, tem todo o direito de apoiar um candidato e trabalhar dentro dos limites da lei para que este seja o seu sucessor.
Sei que não é o caso, mas do jeito que você fala parece que Lula tem a obrigação de se manter fora da disputa e necessariamente devolver o governo à oposição, pois o “estado natural das coisas” seria a hoje oposição indefinidamente comandando o país. Sei que não é assim que pensa mas ás vezes passa esta impressão.
Por outro lado, sugiro que veja o vídeo da entrevista. Procure na fonte primária, mesmo que seja oposição, e tire suas próprias conclusões.
abraços
Marcelo, seja bem vindo, o espaço é seu.
Foi muito engraçado ver o Lula “colocando no bolso” o Casoy, que prega a democracia mas já fez parte do CCC. Não que este seja um fator desabonador indefinidamente, mas a postura deste jornalista, ainda hoje, é de oposição irracional e raivosa.
abraços
Bem, o presidente da República tem que se manter neutro. Ele tem a caneta, tem a maquina administrativa a seu favor. Então logicamente ele irá beneficiar seu candidato – e isso eu considero bastante DESLEAL e INJUSTO com quem tá na oposição. Marina Silva tambem está reclamando disso, com toda a razão.
Não quero que o Lula entregue o cargo a Serra na sucessão não. Acredito no jogo político e democrático, em eleições vencidas pelo VOTO e não por DEMAGOGIA ou falsas promessas, inaugurações de programas que sequer foram cumpridos em suas etapas iniciais.
Alias, o problema dos partidários do presidente é que, sempre que criticados, logo comparam com o PSDB, DEM etc.
O filósofo já dizia: não se governa olhando no retrovisor. Vamos olhar pra frente, vamos fazer política sem apelar pra comparações com o passado. O PT está há 8 anos no poder, não cola mais esse discurso de “herança maldita”, né?
Que tal retornar a 1994… época que os petistas tanto criticaram o Plano Real, por ser uma plataforma do governo Itamar, pra eleger FHC… e agora fazem tudo igual, com o PAC (que alias, nem se compara a Plano Real, já que este estabilizou a moeda).
Pq será que tudo que o PT sempre tanto criticou, agora faz?
É a tal “governabilidade”, ne? Sei… rs.
Fabricio, infelizmente a configuração das próximas eleições vai apontar para a comparação. Não acho isso legal mas é o que vai acabar acontecendo.
O Plano Real foi brilhante mas as opções de política econômica que vieram logo depois foram muito ruins para o país. Malan e cia deram uma banana para o grosso da população e governaram para quem os tinha colocado lá.
Eu conto uma história sobre o Malan que é representativa. uma vez este cidadão deu uma palestra na universidade que eu cursava e se saiu com esta:
“o importante é o equilíbrio da economia. se para que este ocorra pessoas de extratos populacionais mais baixos deixem a vida, é um preço pequeno para ter a economia equilibrada e os agentes econômicos ganhando musculatura para enfrentar a competitividade”.
Sabe o que é pior ? Ele foi aplaudido quando disse isso… Ninguém me contou, eu vi.
abraços (e to esperando a coluna… rs)
p.s. – a palestra foi feita antes de ele assumir o governo, só pra ficar claro
Uma observação dobre …neutralidade… : Embora alguns jornalistas (e certos pesquisadores) ainda acreditem nisso, desde o começo do século XX essa suposta necessidade de posicionamento já é contestada em diversos âmbitos. Qualquer formando em Ciências Humanas ou Jornalismo sabe que isso não existe, e nunca existiu. Políticos não são, e não o devem ser, Jornalistas jamais foram e jamais serão. Enfim, o mito da neutralidade já foi desconstruido a muito tempo, embora sua carcaça ideológica ainda se mantenha em nossa sociedade atual.
Logo, é impossível, senão imoral, o Lula tentar passar por neutro em um jogo político. Qualquer crítica feita contra ele, ou a Dilma, deve ser realizada em outro patamar… o do uso da máquina pública para fazer campanha antecipada… esse é um ponto a se discutir.
Prezado profg, talvez isso não esteja em nenhum manual, mas vale aqui lembra-lo que um presidente não é eleito para fazer seu sucessor e sim, trabalhar para o povo – independente de sua preferencia eleitoral.
Qualquer coisa além disso, é uso da máquina publica em benefício para atender seus interesses políticos-eleitorais.