Migão e a Portela

Queria falar um pouco do meu coração azul e branco e minha relação com a escola.

Filho de pai imperiano e nascido e criado em Cascadura, juntinho a Madureira e Oswaldo Cruz, demorei-me um pouco a me decidir por uma escola do coração. Flertei com o Império Serrano por influência do meu pai, ‘namorei’ firme com o Arrastão de Cascadura, escola do bairro onde finquei raízes, mas ao ver a águia de 1989, já com meus catorze anos, deixei o meu coração ser pintado em azul e branco.

Depois compreendi que nós não escolhemos a Portela: ela é quem nos escolhe.

Em 1990 assisti ao primeiro desfile ao vivo e meu amor se solidificou. Entretanto não desfilava por achar que a emoção seria grande demais.

Somente em 2001 estreei na avenida como componente. São sete desfiles de lá para cá, cada qual com uma história diferente:

2001: estreando na segunda ala da escola, com fantasia sobre o elemento terra. O desfile foi bom para uma primeira vez, ficando 55 minutos na avenida. Lamento apenas o desentendimento com um grupo de paulistas que insistia em tirar a máscara que fazia parte da roupa – e a escola perdeu pontos por isso…

2002: um excelente samba de Davi Correa, excelente desfile vindo em ala de comunidade. Lamento apenas o resultado, um oitavo lugar pra lá de injusto.

2003: estava desempregado e fiz um esforço terrível para desfilar em ala de comunidade. Muitas vezes ia até a quadra a pé para economizar o dinheiro da passagem. Mas alcancei o objetivo, embora o desfile tenha sido ruim – a roupa pesava uns vinte e cinco quilos por baixo, quebrou um carro e corremos à beça.

2004: em uma história inacreditável – qualquer dia conto aqui – desfilei tocando chocalho na bateria (foto acima). O desfile foi meio complicado – principalmente pelo tamanho da fantasia – mas extremamente emocionante, com o maravilhoso samba reeditado “Lendas e Mistérios da Amazônia”. Desfilar na bateria da escola do coração não é para qualquer um.

2005: o ano da águia sem asa, uma concentração extremamente estressante – quase voltei para casa – e como estava na segunda ala o desfile foi até razoável. Só soube da confusão com a Velha Guarda quando cheguei em casa de volta. Estava recém casado e não pude dar sequência aos ensaios da bateria.

2006/07/08: afastado devido ao nascimento de minhas duas filhas.

2009 (foto acima): a volta em grande estilo, estreando no Desfile das Campeãs. Mais uma vez em ala e foram dois desfiles deliciosos. Diria que em termos de brincar carnaval foi disparado o melhor desfile.

2010: contei a história aqui…

Hoje também tenho orgulho de afirmar que sou sócio contribuinte da escola, com a matrícula 565. Estou apto a votar nas eleições de maio próximo. Sou um pequenino grão de areia para a instituição, mas me orgulho de ser este grão.

É meu amor, minha paixão e azul e branco o meu coração.