Um dos grandes males da vida cotidiana é a maldita mania que o ser humano tem de sair estabelecendo julgamentos e penas em tudo o que vê.
Aferrado a códigos de conduta duvidosos e a visões estreitas de vida, o indivíduo tende a rotular e classificar tudo como “bem ou mal”, “certo ou errado”, “correto ou incorreto”, “ético ou anti-ético”. Determina vereditos e informa “penas”.
Não se pratica a análise das razões. Pensa-se apenas em encaixar pessoas e condutas em uma das “formas” ou “caixinhas” usadas pelo determinado como “senso comum”. Não se analisam as razões objetivas de comportamentos ou atitudes, mas sim condena-se ou absolve-se em um código politicamente correto bastante falho.
Muitas vezes, o que parece incompreensível ou absurdo torna-se bastante razoável quando observamos as condições existentes. A postura “incorreta” ou “inexplicável” pode ter todo sentido quando analisamos as causas que levaram àquela situação. Outras questões podem até ser incorretas segundo os códigos morais ou regimentais, mas tornam-se justificáveis – embora ainda incorretas – quando analisamos o quadro geral.
Algo também irritante é o maniqueísmo. As pessoas e situações tendem a ser classificadas em extremos, sem perceber que entre os dois pontos limite existem diversos posicionamentos que necessariamente podem ser analisados e aceitos. É como se houvesse um permanente clima de “Fla-Flu” em todos os aspectos da vida humana.
Também existem “zonas cinzentas”, com situações indefinidas, perfeitamente normais. A sociedade vive em transição, o homem vive em transição, e comportamentos e atitudes aparentemente conflitantes podem conviver por períodos de tempo.
Mais um ponto que perpassa negativamente isto tudo é a praga chamada hipocrisia. Faça o que eu digo, não faça o que eu faço, mesmo quando se pratica o que se condena. Em especial os evangélicos são mestres nesta “arte”.
Esquece-se que se destroem vidas ou deixa-se de tomar atitudes necessárias por causa destes julgamentos e pressões da sociedade, sem ter acesso aos motivos e ao quadro. Quantas pessoas infelizes temos por terem medo deste tipo de situação e acabarem se acomodando com medo do que ocorre e ecoa em suas tangências ? Quantas vidas destruídas por vereditos inadequados e apressados ?
Cada dia mais temos compulsão pela vida alheia e isso pode ser visto pelo cada vez maior sucesso destas revistas e colunas de jornais e internet dedicadas à vida das “celebridades”. Julgamos seus comportamentos como se parentes fôssemos. E reproduzimos este comportamento com as pessoas em volta, dando rótulos a tudo e engessando a espontaneidade.
Mandamos para a forca sem direito à defesa e sem compreender as razões humanas. Dane-se, não sou eu quem está lá. infelizmente o pensamento é este.
O mundo seria bem melhor com um ser humano menos hipócrita, menos politicamente correto, menos “juiz” e menos maniqueísta. Deixem o julgamento para o Juízo Final individual.
Onde há julgamento, troque pela compaixão. Onde há hipocrisia, troque pela verdade. Onde há maniqueísmo, troque pela compreensão. Onde há condenação, troque pela solidariedade.
Pense nisto.