Mais uma resenha, mais um livro. Este comecei aqui no Rio, a leitura se arrastou e terminei na capital paranaense.
“Falsa Economia”, do jornalista econômico Alan Beattie (Financial Times) segue a trilha de livros como a série “Freaknomics” e, no caso brasileiro, “Sob a Lupa do Economista”: análises econômicas de conjunturas não tão óbvias assim.
Neste caso específico, a idéia do autor foi buscar dentro da Economia visões alternativas – e francamente liberais, eu acrescentaria – de episódios históricos.
São nove capítulos.
No primeiro o autor faz uma comparação histórica entre Argentina e Estados Unidos. Grosso modo, a tese do autor é que os EUA se tornaram uma nação de sucesso por se industrializarem, enquanto a Argentina fracassou porque teria preferido conceder poder político a grandes proprietários de terras. Também pela quantidade de dívida – algo que o autor alerta que pode ocorrer com os americanos nos dias de hoje – e pela política de substituição de importações – tese da qual discordo veementemente para o último caso.
O segundo trata das cidades, de seu poder político e da conveniência ou não de dar poder político a capitais de Estados nacionais. No terceiro, um conceito curioso: a “importação de água” através da importação de alimentos. O conceito é de que ao importar alimentos importamos a água, bem escasso, usada na produção dos mesmos, deixando os recursos internos para outras utilizações.
O capítulo quatro defende uma tese polêmica: a de que possuir recursos como o petróleo ou os diamantes é ruim para uma economia nacional. O argumento central é de que não há diversificação econômica nem desenvolvimento social. Mais uma vez, divirjo frontalmente desta tese, de um reducionismo atroz.
No cinco, faz-se uma análise da religião aplicada á economia, buscando entender porque o islamismo não poderia tornar ricas as nações. Felizmente, a conclusão é de que não há relação entre um fator e outro, pelo menos não direta. Entretanto, achei a análise histórica desta parte bastante superficial, para dizer o menos.
Sexto: analisa políticas de desenvolvimento e a influência do combate ao tráfico ou à pobreza nas relações de comércio entre os países. No seguinte analisa a importância de uma boa rede de infra-estrutura e logística para o desenvolvimento de um país – explicando a partir daí boa parte da pobreza africana.
O penúltimo capítulo traz mais uma tese pra lá de polêmica: que para um país é melhor ter uma corrupção moderada no governo, desde que se saiba a quem se paga a propina e que as coisas funcionem, do que um governo honesto onde o ambiente econômico tenha morosidade nas decisões. Cita os casos da cleptocrata Indonésia de Suharto e o governo russo atual.
A tese é de que se há um controle único da corrupção o dono de tal poder vai se interessar em manter as coisas em ordem – o que não ocorreria se a corrupção fosse descentralizada, baseada no saque da maior quantidade de recursos no menor tempo possível. Particularmente, acho imoral, mas…
Encerrando o livro, a tese de que os ursos pandas deveriam se deixar extinguir por serem uma espécie “fadada ao fracasso” e um estudo de China, Índia e Rússia.
Auxiliado por uma tradução para o dizer o menos confusa, é leitura difícil e que não recomendaria a não-iniciados. Também me incomodou um pouco o viés excessivamente liberal do autor. Para economistas como eu pode valer a pena, mas há leituras melhores sobre o tema.
sou curioso a respeito desse assuntos sobre econômia, e pelo que eu li no seu comentario vocÊ disse que não recomendaria para não-iniciados e que há leituras melhores sobre o tema. Tipo, o ”não-iniciados” que você quis dizer é sobre pessoas que não fazem economia ou pessoas que não tem hábito de leitura? Áh, você também disse que há leituras melhores sobre o tema, que livros são esses? Qual você recomendaria para um adolescente de 16 anos curioso pra saber como funciona a econômia de um país, e até mesmo a do mundo? Grato.
Boa noite, caro Adolfo, seja bem vindo.
Não recomendaria o livro em questão para não economistas, pois é uma leitura que demanda uma base teórica.
Indicaria para você a leitura dos textos do blog sobre Economia, que podem ser lidos neste link: http://pedromigao.blogspot.com/search/label/Economia
boas leituras básicas seriam “Globalização’, de Joseph Stieglitz e “Formação Ecomnnômica do Brasil”, de Celso Furtado.
abraços e tendo dúvidas não hesite em perguntar
Este comentário foi removido pelo autor.
Que blog legal esse. Não é a primeira vez que ‘caio’ nele e vou inscrevê-lo no meu feed.
Bom, sua resenha já me fez descartar o livro, que encontrei no site da livraria cultura procurando por um outro chamado “o valor de nada”.
Vou dar uma olhada nos outros posts de economia e depois vou pedir uma dicas, como quais são os autores hoje que discutem a questão do valor objetivo e subjetivo, ou do axioma neoclássico para se livrar do problema do marxismo