Como os leitores devem ter percebido, eu passei a semana passada inteira, até ontem, a trabalho entre Campinas e Paulínia. Mas falarei depois sobre esta semana de trabalho.
Domingo passado antecipei meu vôo de ida pois por uma destas coincidências da vida calhou de o Flamengo estar jogando na cidade campineira exatamente nesta semana.
O curioso é que apesar de trinta anos de Maracanã seria a primeira vez em que veria o Flamengo jogando fora do Rio, como visitante.
Cheguei ao hotel por volta das treze e trinta e encontrei-me com o conselheiro do clube Sérgio Merçon, que seria a minha companhia para a partida. Fomos para o estádio Brinco de Ouro da Princesa e precisamos chegar ao vestiário para pegar nossos ingressos.
Como vêem, encontrei-me com Zico e tirei esta foto que o leitor vê acima. Ainda aproveitei para parabenizá-lo pela demissão do técnico Rogério Lourenço, o qual afirmou que, por ele, não o teria demitido. Minha opinião é de que este foi o pior técnico que já vi comandar o Mais Querido.
Nós estávamos imediatamente do lado oposto ao reservado à nossa torcida. A chance de sermos agredidos pela torcida do Guarani seria bastante razoável. Pedimos ao segurança dos vestiários que nos apoiasse e o chefe destes veio em nosso socorro, solicitando uma escolta policial.
Atravessamos o estádio por dentro, com uma escolta de cinco Policiais Militares e sob xingamentos dos torcedores adversários, que nada podiam fazer. Acho que nunca me senti tão importante na vida… Obviamente não tirei fotos pois seria escárnio demais.
Para o leitor ter uma idéia, os vestiários são entre a parte das arquibancadas que tem dois andares e a parte que na foto acima está com a cor descascada. E a foto foi tirada exatamente do outro lado. Aproveito para ressaltar o comportamento correto e agradecer à Polícia paulista.
O estádio em si é muito ruim. Mal conservado, com pichações no túnel – literalmente – de acesso às arquibancadas, paredes apenas no reboco e visão muito ruim do campo onde nos colocaram – atrás dos gols.
Duas particularidades: vendem-se churros no estádio e os refrigerantes são vendidos em garrafas PET: o vendedor abre a garrafa, enche o copo e o entrega.
Diria sem medo de errar que é o pior estádio de futebol que eu já vi na vida. O estádio da Ponte Preta, onde estive na terça feira, é bem melhor e mais conservado.
Nossa torcida representava uns 30% do total e era quase que totalmente local. Alguns estudantes da Unicamp, mas a maioria campineiro e de cidades próximas.
Como a única organizada representada era a Urubuzada – pelo menos com faixa – percebia-se um comportamente bastante diferente do verificado no Rio. Músicas que eu não ouço há muito tempo lá eram cantadas. Era algo mais espontâneo e, tirando-se a irritação com Val Baiano, mais compreensiva.
A torcida do Guarani, apesar de superior numericamente à nossa, foi abafada quase o tempo todo pelos nossos valentes guerreiros. Na prática, somente se manifestaram com força após o pênalti não marcado, o marcado e os gols da incrível virada no finalzinho.
Após um primeiro tempo equilibrado, o gol no final nos deu o domínio do jogo, quebrado apenas pelos gols perdidos por Val Baiano e pela inacreditável virada sofrida nos acréscimos. O time talvez tenha pecado pela excessiva preocupação defensiva nos minutos finais.
Obviamente, o ponto negativo foi a péssima arbitragem do juiz baiano cujo nome me escapa agora. Deixou de dar um pênalti escandaloso no primeiro tempo, depois para compensar inventou de forma bisonha outro – perdido, pênalti inexistente não entra, já dizia o ditado – e validou o primeiro gol do Bugre feito em uma cortada de vôlei digna dos melhores momentos de Giba. Uma lástima.
Final de jogo, inacreditável derrota, e retorno para o hotel surpreendentemente tranquilo. Curiosamente as duas torcidas foram autorizadas juntas a deixarem o estádio, mas havia um cordão de isolamento feito de forma eficiente pela PM do lado de fora.
Acabei retornando a pé para o hotel devido à escassez absoluta de táxis. Mas esta é uma outra história, que contarei aqui, bem como a ida na terça feira para ver Ponte Preta e Brasiliense.
Claro que não voltei satisfeito por causa da inacreditável derrota. Mas foi bem divertido, com algumas boas histórias e a estréia em partidas fora do Rio de Janeiro. No fim das contas, apesar de tudo, valeu.