Estou para escrever sobre a cidade de Campinas há alguns dias, mas havia faltado sempre oportunidade.
Ao contrário de Salvador e Curitiba, cidades que já descrevi minhas impressões aqui, Campinas é uma cidade bastante diferente. As pessoas são mais frias, não há exatamente muito para se ver na cidade e não parece haver muita preocupação em atender bem quem vem de fora.
Começo pela hotelaria. O hotel onde fiquei (foto abaixo), embora não seja ruim, apesar de estar na mesma faixa de preço tinha uma qualidade visivelmente inferior a outros em que já estive em outras cidades. Faço a ressalva de que estão previstas obras na estrutura dos quartos, mas mesmo o serviço de hotelaria deixa a desejar. E o café da manhã para hóspedes comuns (não corporativos) é à parte.
Aliás, o restaurante do hotel é um capítulo à parte. Em uma das noites – no dia em que fui ao Moisés Lucarelli, história que já contei aqui – caí na asneira de jantar no restaurante do hotel. Tiveram a cara de pau de me cobrar R$ 35 em um prato de massa onde a quantidade vinha menos que um miojo, com três ou quatro camarões. Era tão pouco que após acabar de jantar continuei beliscando o amendoim apimentado que me serviram à guisa de entrada…
Outro ponto que tenho de destacar foi a visita que fiz ao Shopping Iguatemi na segunda feira, segundo dia na cidade. As pessoas são meio afetadas e mesmo nas lojas tratam você com aquele ar de superioridade típico – ainda mais quando percebem que você é de fora da cidade. Ressalvo o bom atendimento do Outback do shopping, onde o gerente, quando soube que era turista, toda hora vinha perguntar se estava tudo bem.
Aliás, segunda feira fora do shopping é quase impossível achar um restaurante aberto para se jantar. Costume bem típico de cidades mais interioranas. Por outro lado, destaco as filiais das Livrarias Saraiva e Cultura, que são muito melhores que 90% das livrarias cariocas.
Por outro lado, era meio difícil achar táxi fora dos pontos ou sem solicitá-los antecipadamente no hotel, mas não posso reclamar do serviço e especialmente do preço.
Obviamente, conheci um dos famosos pedágios do estado de São Paulo, atração turística comentada por dez entre dez visitantes – e moradores também. Na saída da refinaria, antes de se fazer o retorno, lá estava ele. A estrada para a refinaria de Paulínia era apenas razoável, nada muito diferente de rodovias livres de tarifas que encontro aqui no estado do Rio.
Entretanto, a quantidade e o preço dos pedágios eram reclamação de praticamente todas as pessoas com quem conversei, seja na cidade, seja na refinaria.
Sobre a Replan, Refinaria de Paulínia, é impressionante a complexidade dos processos envolvidos e os procedimentos de segurança e meio ambiente observados. Tive a oportunidade de acompanhar uma inspeção gerencial de segurança e o nível de atenção aos detalhes é algo absolutamente notável. Mas tem de ser assim para reduzir o risco inerente à atividade.
Aliás, recomendo àqueles que tiverem oportunidade realizarem uma visita a uma refinaria.
No último dia houve uma paralisação (abaixo) comandada pelo sindicato paulista, ressonância de movimento nacional, e ao contrário do que ocorre em sedes administrativas, ninguém entra mesmo. A produção é mantida pelo turno que “dobra”, mas quem está fora não entra. É época de dissídio, mas não me pareceu muito inteligente uma paralisação de oito horas em plena campanha eleitoral e com a imprensa em cima da empresa.
Acabamos retornando no próprio ônibus e eu trabalhei no “business center” disponibilizado pelo hotel. Ainda tentei visitar o Museu Carlos Gomes mas se encontrava fechado.
Vale destacar o Bar Brejas, a duas quadras do hotel, com uma carta de cervejas de mais de duzentos tipos diferentes. Falarei dele em um post específico, mas é sem dúvida o melhor bar especializado que conheci. Para os amantes de cerveja vale a pena uma passada na cidade.
Ao contrário de Salvador e Curitiba, em momento nenhum me senti “integrado” à cidade. É uma localidade grande, de economia pujante, mas que fora bons bares não tem muitos atrativos. Ressalvo que não estive no shopping D. Pedro, que segundo a propaganda da população local é o maior da América Latina.
Devo estar de volta a Campinas em meados de novembro, e espero ter possibilidade de conhecer o parque Hopi Hari, que fica em uma cidade próxima.
P.S. – Excepcionalmente, a coluna “Samba de Terça” será publicada na semana que vem.