Sábado, véspera de eleições.

Trago, antecipada pelo tema, mais uma coluna “Bissexta”, assinada pelo advogado Walter Monteiro. O tema de hoje é uma projeção sobre as eleições de amanhã no Rio Grande do Sul, estado no qual o advogado está radicado atualmente.

Boa leitura !

Eleições 2010 no Extremo Sul

O Rio Grande do Sul, para onde me mudei há pouco mais de 3 anos, é um estado peculiar na política nacional. Ele é apenas o 5º em número de eleitores, mas sempre teve uma presença gigante na nossa história. Já teve, por exemplo, 6 presidentes (São Paulo e Rio, muitas vezes maiores, só tiveram 5 cada um, sendo que na conta do Rio entram FHC e Collor, que só nasceram nas terras fluminenses) e, graças ao longevo Getúlio Vargas, os gaúchos são os que mais tempo governaram o país. Bom, haja o que houver, não será agora que o povo gaudério há de retornar ao comando, porque Serra é paulista, Marina é acreana e Dilma, contrariando as aparências, é gaúcha adotiva, porque nasceu em Minas Gerais. Apesar disso, a eleição aqui merece um olhar mais de perto, pela simbologia de abrigar a candidata favorita e por tudo o que cerca a política local.

Para começar, a grande virada na campanha presidencial. De todos os estados, onde a oposição tinha mais certeza da vitória, mais até do que em SP, era por aqui mesmo. E Dilma deve ganhar – de forma não tão folgada, mas ganhará. A exemplo do que ocorre em muitos outros locais, os candidatos a deputados da oposição fogem da imagem do Serra como o diabo da cruz.

Na eleição para governador, uma peculiaridade gaúcha: desde a Abertura que restabeleceu as eleições diretas em 1982, nunca um governador conseguiu se reeleger ou fazer o seu sucessor, mostrando um viés de inconformidade bem alto. Assim deve ocorrer também agora, porque o candidato do PT, Tarso Genro, ameaça vencer já no primeiro turno.

O que chama atenção é a, para usar um termo da moda, “desidratação” de José Fogaça. Ele se reelegeu prefeito de Porto Alegre com folgas e era franco favorito quando a campanha começou, além de ter feito uma aliança com o PDT, que também é fortíssimo no estado. Ocorre que por conta da velha rixa contra o PT, o PMDB gaúcho é da banda Serrista. E Fogaça resolveu fazer uma campanha light, do tipo “vou governar com todas as forças”, nunca se comprometeu com nada, ninguém sabe de que lado ele está.

Essa postura pode ser uma virtude em Minas Gerais, mas é um pecado grave nos Pampas, porque aqui ou tu és Chimango ou tu és Maragato, ou tu és Grêmio ou tu és Inter, indecisão não é coisa que se preze. Fogaça cai um pouquinho a cada dia e ainda corre o risco de ser ultrapassada por Yeda, que, à despeito de ser pessimamente avaliada, pelo menos tem a hombridade de se apresentar sempre ao lado de Serra, de invocar FHC sem medo de parecer démodé e acaba canalizando para si o forte ranço antipetista de muitos eleitores.

No Senado, algo parecido. O PMDB disparou na frente com o ex-governador Germano Rigotto, que quase quebrou o tabu em 2006 e ficou a um passo da reeleição. Naquela época, o antipetismo era tão mobilizado que na semana que antecedia o primeiro turno começou uma campanha para migração de votos de Rigotto para Yeda, visando alijar o PT do 2º turno. Só que como essas coisas ninguém controla, a migração foi tão forte que Yeda não apenas ultrapassou Rigotto como deixou que Olívio Dutra também o superasse, por menos de 15 mil votos.

E não é que o Rigotto parece que vai repetir a dose? Tudo porque há uma candidata surpresa, Ana Amélia, uma jornalista de TV, já entrada em anos, muito popular. Como só há um candidato na coligação do PMDB e são dois votos, todos que votam em Rigotto votam em Ana Amélia também. E Paulo Paim, candidato do PT que andou patinando, cresceu junto com Tarso e Dilma, mas não consegue evitar que parte dos seus eleitores também vote em Ana Amélia, que é uma pessoa simpática, inteligente e cativante. As últimas pesquisas mostram Ana Amélia na frente, seguida bem de perto por Paulo Paim e Rigotto melancolicamente mais de 10 pontos percentuais atrás.

Nas eleições proporcionais, Manuela D´Ávila (foto), do PC do B, um fenômeno de votos em 2006, deve, novamente, ser a mais votada. Muito jovem, muito bonita e muito articulada, faz sucesso em todos os públicos, principalmente entre os mais jovens. O Tiririca do estado é o ex-goleiro Danrlei, ídolo gremista.

O Tiririca da eleição passada, Mano Changes, tenta a reeleição para a Assembléia Legislativa. Quem não mora por essas bandas não deve fazer idéia de quem se trata, mas o cidadão vem a ser vocalista da banda de rock Comunidade Ninjitsu e compositor do clássico “Ah, eu tô sem erva”, que dentre outros versos edificantes, prega: “A gatinha me disse que só sai comigo se eu tiver um baseado pra botar pro seu primo. O cara é cabeça, a mina também, descolando uma erva eu vou me dar bem, chapando o cara vai ficar liberado”. Pois vocês acreditam que esse malandro se candidata pelo PP (de Maluf e Dornelles) e foi candidato a vice-prefeito em 2008 em coligação com o DEM? Que coisa sensacional é a política brasileira! Em que lugar do mundo o partido de tons mais conservadores dentre todos abrigaria um roqueiro que se dedica a fazer apologia deslavada do uso de drogas?

Eu, particularmente, estou muito feliz, porque troquei meu domicílio eleitoral e, contrariando todos os prognósticos, não fui chamado para trabalhar de mesário (não sei porque espalham esse terrorismo) e ainda tive a chance de escolher a minha seção eleitoral, que fica em uma escola rigorosamente em frente ao meu prédio. Domingão tô lá e, se tudo der certo, 2º turno não haverá de rolar.”

2 Replies to “Bissexta – "As Eleições Gaúchas"”

  1. Amanhã é o dia de mais uma batalha que estamos travando por um Brasil mais ético, com mais justiça social, com mais honestidade por parte de nossos governantes.

    Amanhã deveremos optar por dois caminhos.

    O primeiro, com Dilma e o PT, continuam nos levando rumo ao atraso, a ditadura do proletariado, rumo as forças que conduzem a morte e não a vida.

    O segundo é o caminho que nos direciona para o desenvolvimento, para a consolidação de nossa democracia, para a liberdade, para as forças que conduzem a vida.

    Nestes últimos oito anos de governo petista vimos nossos impostos subirem a 38% do PIB.

    Vimos prosperar as nulidades e a corrupção, a impunidade a demagogia.

    Temos como candidata oficial do governo uma nulidade, que sabe, pelo menos, que na Inglaterra eles são ingleses.

    Temos um presidente e uma candidata que diáriamente cometem crimes contra a Constituição e as leis do Brasil. Que enriqueceram ilicitamente às custas do dinheiro do povo.

    Nosso sistema de saúde é um desastre completo. Nossa qualidade de ensino uma vergonha mundial, a insegurança pública causa a morte de milhares de jovens todos os anos, a seguridade social é indigna.

    Agora só depende de cada um de nós.

    No entanto a luta não termina com estas eleições. Independentemente dos resultados finais a guerra por um Brasil ético e com justiça social continua.

    O que vamos definir é se esta guerra vai levar mais tempo ou menos tempo.

    Vamos enfrentar de frente, como a ilustração, sem medo, sem piscar, estes mafiosos que dominam o Brasil hoje.

    OU FICAR A PÁTRIA LIVRE DE LULA, DE DILMA E DO PT OU MORRER PELO BRASIL

  2. Meu caro, se realmente Dilma e seus partidários fossem estes anti-democratas que vocês apregoam, eu teria deletado sem pena este seu comentário – como o fazem, sem dó, todos os blogueiros conservadores.

    Mas ele vai ficar aí como retrato de um Brasil excludente e que prega que “pobre tem que morrer”.

    E quem fala em golpe de estado é justamente a oposição.

    Aliás, por falar em mafiosos, como foi memso o processo das privatizações? Procure saber, meu caro.

    abraços democratas

    p.s. – isso é bom sinal. se aperece troll no blog é porque estou ficando importante… risos

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