Os que entendem do riscado sabem que a União de Jacarepaguá é uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro. Foi a primeira, por exemplo, a ser visitada por um presidente da República – J.K. em 1958.
Em 1977 a agremiação apresentou no segundo grupo o belíssimo samba de enredo Banzo – com o monumental e definitivo início que resume (A União quanta tristeza/ Fazendo dela alegria/ Vai no giro da baiana/ No reino da fantasia) boa parte da trajetória do negro e do samba no Brasil. A entrada, logo em seguida, do lamento em menor Banzo aê, Banzo aê é simplesmente uma aula de como se fazer um samba de enredo.
O samba é grande e não é para menos. A obra é um dos frutos da parceria entre o portelense Norival Reis e o imperiano Vicente Matos. Banzo é – ao lado de Acalanto para Uiara (1977) – a maior contribuição da União de Jacarepáguá para o gênero épico brasileiro:
Fazendo dela alegria
Vai no giro da baiana
No reino da fantasia
Banzo aê, banzo aê
De mão no queixo
Cachimbo na boca (bis)
A saudade é grande
A cabeça é louca
Iludido com miçangas
Fui jogado no negreiro
Hoje sofro na senzala
Sou homem do cativeiro
Ô ô ô Xangô, meu orixá
Venha levantar meu braço
Quero ouvir meu agajá
Hoje morro de tristeza aqui
Amanhã sou alegria lá
Vou eu vou
Minha gente eu vou brincar (bis)
E nas asas vou voando
Vou ver a Conga passar
Coloquei a gravação original na rede. Basta clicar aqui ou escutar abaixo:
Abraços
Adoro quando encontro comentários sobre escolas tradicionais do Rio que estão ofuscadas por essa indústria carnavalesca de hoje. Parabéns pela postagem!!!