Como já expressei outras vezes, tenho algumas restrições ao projeto das UPPs: penso que ele não ataca as causas da violência e possui permissividade demais a dois problemas sérios: a corrupção policial e a seríssima questão das milícias – que em certos casos foi até incentivada pelo projeto.
Aproveito para lembrar aos leitores que amanhã não é o aniversário da cidade do Rio de Janeiro: 20 de Janeiro é o dia de São Sebastião, padroeiro da cidade. A data de fundação da cidade carioca, na verdade, é dia primeiro de março. São Sebastião também é padroeiro de escolas de samba e da bateria da Portela.
Vamos ao texto.
O (re)descobrimento, a independência e a proclamação da liberdade de um povo. Um Rio de Paz em Estado de Graça: o despertar de um novo tempo
Há muito tempo a cidade de Rio de Janeiro vem sendo chamada de cidade partida. Era praticamente impossível transitar livremente por suas diversas regiões sem antes consultar o mapa para saber se determinada área era zona de risco. “Favela”: palavra emblemática, marginal, que marginaliza e se coloca à margem do processo de evolução e desenvolvimento de uma cidade
O projeto das Unidades de Polícia Pacificadoras não se restringe apenas com a pacificação das distintas regiões de nossa cidade. É projeto mais amplo, que confunde-se com a nossa própria história: o (re)descobrimento de territórios fossilizados, que pararam no tempo que não parou. A independência de um povo oprimido pela lei do mais forte, onde alguns poucos intimidavam os dignos muitos. A proclamação da liberdade de um povo que permanecia inerte, mesmo consciente que o medo seria abolido.
Um dos grandes desafios que se anuncia é justamente conquistar a confiança do povo que mora nas favelas, das comunidades carentes. Um trabalho que não é responsabilidade apenas do governo, mas também da sociedade.
Outro desafio é adquirir a adesão da sociedade civil como um todo, chamando esta a integrar esse processo que as UPPs se propõem. É vestir a camisa, dizer que “estamos juntos”, sendo a sociedade mais participativa e menos pragmática. É a sociedade não apenas assistir as ações, estando sempre preparada para criticar e colocar a culpa de tudo no governo.
(Este texto foi escrito pelo autor, como parte do processo seletivo para o projeto “UPP Social”, do Governo do Estado do Rio de Janeiro)