Embora ultimamente pouco tenha escrito sobre o assunto – estou meio sem paciência para a Fórmula 1 – o leitor deste blog sabe que também gosto muito de automobilismo. Sempre que posso, procuro prestigiar eventos no (quase) destruído autódromo de Jacarepaguá.
Desta vez, a convite da Petrobras, estive na primeira etapa do Brasileiro de Fórmula Truck, categoria restrita a caminhões. São máquinas com aproximadamente 1.200 cavalos de potência e que formam a categoria de maior sucesso recente no para lá de combalido automobilismo nacional. A Petrobras é a “patrocinadora master” da categoria e usa as provas para estreitar o contato com seus clientes, fornecedores e a força de trabalho.
Acostumado com o, diríamos, “relaxamento” da Stock Car, a organização me impressionou desde o momento em que retirei as credenciais para o camarote. Vem tudo em um envelope, com uma folha explicativa e detalhando os procedimentos.
Apesar da demora para alcançar o estacionamento, por causa de uns “espertinhos” que insistiam em entrar pela contramão – e que foram justamente multados por isso – que me roubou praticamente uma hora, já no acesso ao portão antes mesmo de de sair do carro o pessoal do “staff” do evento já conferia se estávamos com o crachá, a camisa e a pulseira de identificação.
Carro estacionado, dirigimo-nos – estava com meu sogro – ao camarote da petroleira. Lá novamente nos credenciamos e a pulseira foi conferida. Tudo muito organizado. Cada tipo de credenciamento tinha uma pulseira com coloração diferente indicando os locais onde poderíamos circular.
Os convidados dos diversos camarotes e áreas VIPs tinham caminhões da categoria para dar uma volta pelo autódromo. Como cheguei às onze, duas horas antes da corrida – e ao meio dia deveríamos estar na área onde assistiríamos à prova – optei por abrir mão do passeio (até porque a fila estava razoavelmente grande) e caminhar pelos boxes da categoria.
Ao contrário de outras categorias, não existe aquele monte de restrições habituais para circular pelo paddock. Pude andar tranquilamente, aproveitando para bater um papo bastante agradável com os amigos Rodrigo Mattar – já entrevistado na “Jogo Misto” – e Lívia Castrioto, também especialista em automobilismo. Na foto acima, os dois estão a meu lado, além do meu sogro (de chapéu) e do filho de Rodrigo.
Batemos fotos dos boxes, de caminhões – como o que abre este post – e pudemos circular livremente. Por outro lado não há aquelas sessões de autógrafos com distribuição de brindes que vemos em outras corridas.
Na conversa, Rodrigo opinou que acredita que o autódromo ainda abrigue corridas em 2012, apesar da previsão de seu fechamento para meados deste ano devido às obras referentes aos Jogos Olímpicos de 2016. Também tem dúvidas sobre o novo autódromo que será, ou seria, construído no bairro de Deodoro.
Papo encerrado – tínhamos credenciais diferentes – era hora de retornar ao camarote para assistir ao show pré-corrida. Primeiro o Hino Nacional foi cantado do alto de um guindaste – tipo o “Carvalhão” dos desfiles de escolas de samba cariocas – e depois assistimos ao show de acrobacias. O clima nos camarotes era mais informal, com churrasquinho e sem mesas, apenas pufes para se sentar. O objetivo é agradar ao visitante e fazer com que ele se sinta bem.
Três caminhões, guiados por duas mulheres e um homem – todos filhos do idealizador da categoria, já falecido – fazem manobras inacreditáveis com os caminhões. Na mais impressionante delas a piloto desce do truck e ele fica rodando sobre o próprio eixo, sozinho. É uma cena espetacular.
O tempo inteiro há a preocupação dos organizadores em manter o público entretido. Com um pequeno atraso os competidores formaram o grid de largada (abaixo) e fomos para a prova.
Correm cinco marcas de caminhões: Mercedes, Scania, Volvo, Volkswagen e Iveco. O início da prova foi bastante disputado, embora Roberval Andrade e Danilo Dirani começassem a se desgarrar do bolo.
Outro destaque era um dos caminhões da equipe que representava o Flamengo – que recebeu R$ 500 mil para ceder a marca, de acordo com o Diretor de Marketing Harrison Baptista – que vindo da sexta fila no grid alcançou a terceira colocação. O grande público (abaixo) vibrava intensamente e empurrava o piloto Leandro Reis (que, a propósito, é a cara do falecido goleiro Zé Carlos) como se na arquibancada do Maracanã estivesse. Infelizmente, o truck rubro negro quebrou cedo.
Roberval Andrade e Danilo Dirani, os líderes, também quebraram, e a vitória acabou caindo no colo de Geraldo Piquet (Mercedes), filho do tricampeão mundial de Fórmula 1 Nélson Piquet – e cujo caminhão abre este post. Com uma tocada segura ele se manteve à frente até a bandeirada, em uma prova com diversas alternâncias e trocas de posição.
Não deixa de ser bastante interessante ver a vitória de Geraldo no circuito que leva o nome de seu pai. O curioso é que ao final da prova a área dos boxes é aberta e aqueles que estão nas áreas VIPs podem estar próximos dos caminhões – como a foto abaixo do outro truck da equipe rubro negra, que também abandonou, mostra.
Não conhecia a categoria de perto e gostei muito do que vi. Em especial o respeito ao público, que é tratado de forma a se interessar a voltar no ano seguinte. Os trucks andam um bocado – o ronco dos turbo compressores dá uma dinâmica especial à prova – e os pilotos andam em condição de segurança, mas de arrojo – em retas mais longas chega-se a alcançar 280 km/h.
Antes de retornar, ainda me dei ao luxo de tirar uma foto na reta de chegada do autódromo, como se vê. Gostei do dia passado no autódromo, gostei da corrida e de sua organização e, sem dúvida alguma, a Fórmula Truck é um modelo de automobilismo sério no Brasil, tão combalido pela péssima administração por parte da CBA – Confederação Brasileira de Automobilismo. 
Administração, aliás, que tem sua parte de culpa na fatalidade que na mesma tarde de ontem vitimou o piloto Gustavo Sondermann em Interlagos, nos inseguros carros da Copa Montana. Que descanse em paz.

3 Replies to “Dia de corrida”

  1. Oi Migão!!!
    Acho essas corridas automobilisticas muito perigosas, ontem morreu masi um e agora virá o Galvão pedindo pra mudar e nada irá acontecer, o que é preciso é acabar com este tipo de diversão, isso não é esporte.
    Gosto da F1 mas acredito que aqueles carros por estarem mais perto do chão podem causar menos risco mas o perigo é o mesmo né.
    Divertida aquela faixa pra Iveco, a fiat só sabe fazer mille mesmo,rsrsrs
    Caminhão é com a Volvo e a Scania.

  2. Tati,

    O automobilismo é um esporte seguro sim, desde que certas regras sejam observadas. Decidiamente não parece ser este o caso da Copa Montana, onde infelizmente morreu Sondermann.

    Vou mais além: é mais fácil morrer em um acidente de trânsito de rua que no automobilismo, desde que se respeitem os ítens de segurança adequados.

  3. putz tati eu acho que vc falou uma grande besteira, desculpa mais é minha opinião, foi infeliz no comentario que fez, se fosse por coisas ruims que aconteciam então deveria ser peoibido andar de avião no mundo todo, pois quando tem um acidente morre no minimo 200.
    automobilismo é perigoso, todo mundo sabe disso mais corridas em carros de rua, como o da stock, montana e nascar é mais seguro do que o de formula 1, o problema foi que o corpo do piloto não suportou um impacto de 120 a 200km com o carro dele parado na pista.
    infelizmente essa tragedia aconteceu…

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