Continuando nossa programação especial, a coluna “Bissexta’ traz um pouco da experiência de seu autor, Walter Monteiro, advogado e rubro negro, na elaboração de sua coluna.

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“Aos Dois Anos Dourados

Como se diz aqui em Porto Alegre, o Ouro de Tolo “está” de aniversário. 

De meu refúgio nessas terras distantes e mal afamadas pelos humoristas em geral, aproveito para manifestar meu espanto diante da paciência e obstinação do Editor Chefe. A minha única experiência semelhante é cuidar do Twitter da FLA-RS, algo que, como todos sabem, está limitado a 140 caracteres. Vergonhosamente, a última vez que postei alguma coisa lá já faz mais de mês.

Talvez porque o meu poder de concisão ainda não seja tão perfeito a este ponto, ou quem sabe porque essa moda de escrever “RT de @xptoz: TN mita no Fla de Luxa e R10.#pracimadeles” me cause náuseas pela incrível capacidade de escrever sem nada dizer.  Mas se até para escrever essas bobagens criptografadas eu não consigo ter disciplina, que dirá para manter viva, atualizada e atrativa essa revista eletrônica. Morro de inveja do Editor…

Eu sempre quis ser jornalista. Desde criança. O primeiro vestibular que fiz (naquela época, o vestibular era unificado) foi para jornalismo, eu passei mas não valeu, porque eu ainda estava no segundo grau – fiz só para ver se era difícil. Anos mais tarde acabei mesmo estudando jornalismo, mas foi só para preencher o tédio da minha então recente separação. Levei a sério, fiz uns estágios em rádio, mas, claro, não larguei a vida de advogado – que paga minhas contas e meus luxos.

Andei ensaiando uns textos no blog de um amigo dos tempos de rádio, mas era monotemático, eu só podia falar de futebol ou outros esportes. Isso para mim era um problema porque eu não gosto de futebol, só gosto do Flamengo. Não sei o nome de nem seis jogadores do Vasco (me lembro do Felipe, do Fernando Prass, do Dedé e do Alecssandro, o resto não conheço), que dirá do Coritiba, que dizem por aí que é a sensação do ano. 

Acabou não dando muito certo. Só me lembro de ter feito uma crônica elogiando o Rubinho Barrichelo. Eu adorei, mas os leitores odiaram, choveram comentários desairosos [N.doE.: mereceu os comentários (risos)]. Deixei para lá, parei com a brincadeira.

Eu sou um cara de briga. Quer dizer, briga pelo teclado, porque na vida real eu não encaro nem um frangote de 14 anos. Um dia me aborreci quando o Flamengo lançou um programa de viagens endereçado aos torcedores. Uma piada, mal feito, caro, tudo errado. Esse assunto já estava meio engasgado comigo, porque a Drica, minha grande amiga, já tinha tomado uma bola nas costas do clube tentando fazer algo parecido [N.doE.: isto foi tema de um dos primeiros posts deste Ouro de Tolo. Pode ser visto aqui]. Liguei para um jornalista conhecido (eu sou advogado do Sindicato dos Jornalistas, conheço um montão deles) e contei a história. Deu uma tremenda repercussão. O curioso é que o Aydano, que escreveu o caso, é amigo do Migão e já andou pelas páginas aqui do blog.

Como o assunto rendeu debates acalorados nos círculos rubro-negros espalhados pela web, a Drica [N.doE.: Adriana Martins, amiga em comum e que já assinou textos sobre viagens aqui] me convidou para participar de uma lista de discussão por e-mail. É uma lista para fortes. Para muito fortes, enfatizo. São centenas de mensagens por dia. Só que tem estômago treinado, emoções sob controle e paciência de Jó sobrevive. A maioria dos convidados desiste na primeira semana.

Eu não. Eu me senti em casa. Onde mais eu poderia encontrar tanta gente doida, capaz de brigar freneticamente em mensagens intermináveis? A lista de discussão se tornou algo tão essencial em minha vida quanto água mineral com gás ou desodorante. Não sei por quanto tempo mais eu vou aturar o vício. Volta e meia algum valente é afogado pelas mensagens e desaparece. O próprio Migão já meteu o pé [N.doE.: ando meio sem paciência para o “onanismo acabado” em que se transformaram os espaços dedicados ao clube]. Mas eu continuo por lá…

E foi lá que o Migão percebeu que eu tinha gosto pela coisa, tanto assim que me convidou para escrever aqui no Ouro de Tolo. Eu relutei um pouco… não queria me comprometer com uma coluna. Ele deu um arrego, disse que eu podia mandar a coluna quando quisesse, por isso ela se chamaria “Bissexta”, porque só apareceria de vez em quando. Topei.

O Migão não cumpriu o prometido. Nem eu. A coluna não é bissexta, ela é habitual.

No começo, eu estava meio ressabiado, porque, às vezes, para extravasar minha vaidade incontida e para fazer um pouco de propaganda de mim mesmo, publico uns artigos sérios em jornais convencionais. Lá tem aquele inferno de 2.000 caracteres, o que me faz levar 30 minutos escrevendo e 2 horas cortando excessos. Mas aqui o Migão me deixa falar à vontade, então é sempre um prazer.

Deixei o melhor para o final.

Escrever semanalmente no Ouro de Tolo me causou um belo efeito colateral. Advogados normalmente escrevem de um jeito empolado, supostamente erudito, empregando muitas palavras nada coloquiais. Sempre procurei fugir desses chavões, mas volta e meia escorregava (vá lá, escorrego ainda). Mas a obrigação de tratar de temas jurídicos para leitores leigos tem ajudado a melhorar as minhas petições. Eu me surpreendo ao ver que meu texto se tornou mais fluido e objetivo.

Já são dois anos de ouro. Não sejamos tolos a ponto de jogar fora esse momento ímpar de muita diversão.

Que los cumplas feliz!”