Pedro Migão, 37 anos a completar em novembro, economista. Petroleiro, blogueiro, messiânico, carioca, rubro negro e portelense. Pai da Maria Clara e da Ana Luisa – na foto, em Salvador no início do ano.
Neste aniversário do blog, o dono deste espaço e editor chefe passa pelas perguntas de seus colunistas. Uma boa forma de entender o pensamento de quem faz o Ouro de Tolo. Let´s go!
1 – Por quê decidiu criar o Ouro de Tolo? (Aloísio Villar, Fabricio Gomes e Anna Barros)
PM – Foi uma forma de sair um pouco da rotina massacrante que vivia à época. Além disso,ter um espaço onde tivesse liberdade de escrever o que pensava.
2 – Quais as dificuldades de se manter um blog? (AB)
PM – No meu caso, basicamente, tempo. Normalmente escrevo dois, três posts de uma vez e programo para “subir” aos poucos. O fato de ter colunistas e manter o blog como uma espécie de “revista” ajuda muito, também.
3 – Um momento importante do blog, algo que tenha dado orgulho (AV)
PM – A passagem da coluna “Samba de Terça” para o Galeria do Samba, as entrevistas do Major Luiz Alexandre e do Ricardo Kotscho para a coluna “Jogo Misto” e o texto sobre preconceito de classe que rodou o Brasil foram três bons momentos.
4 – O que mais o agrada no Blog Ouro de Tolo? (AB)
PM – Sem dúvida alguma, o espírito absolutamente democrático e de respeito à discordância de opiniões. Posso discordar do que escreves, mas aqui se terá espaço de expressar sua opinião.
Ultimamente existe uma espécie de “caça à dissonância”, com cada vez maior intolerância, mas aqui isto não existe. Mas não espere isenção, porque aqui temos opinião – não tenho pretensões jornalísticas estritas.
5 – Como consegue conciliar sua vida profissional, descanso e manutenção do blog? (AV)
PM- Fazendo uma coisa de cada vez e aproveitando todos os espaços de tempo possíveis. Mas há horas em que precisamos ser verdadeiros equilibristas.
6 – O Ouro de Tolo é um blog “de esquerda”? Ou o que seria, então? (Affonso Romero)
PM – Não diria “de esquerda”. Diria que é um blog que tenta ser “progressista”, em uma linha seguida por outros blogs políticos.
Minha linha ideológica seria a social democracia, ou seja,um capitalismo com um sistema social de proteção e inclusão forte. Na teoria econômica, definiria-me como “keynesiano”, ou seja, o Estado com um papel forte e indutor na Economia.
7 – Como você vê o futuro do blog? (AV)
PM – Cada vez mais como uma “revista eletrônica”, onde eu tenho um espaço para escrever mas também ter uma equipe altamente qualificada, como já é hoje. Talvez futuramente sair para um domínio próprio ou mesmo um destes portais,quem sabe.
Mas sem perder a característica de buscar o lado inusual da vida e não apelar para futilidades como celebridades e coisas correlatas. Quero qualidade, não quantidade.
8 – Migão, blogueiragem é o jornalismo do futuro? (AR)
PM – Boa pergunta. Diria que, hoje, é um contraponto à velha mídia, mais preocupada em se comportar como um partido político que em fazer jornalismo. Os blogs arejaram o acesso à informação, com opinião qualificada, e isso é salutar. Todavia, não podemos menosprezar o poder econômico dos grandes grupos.
9 – O que teria feito diferente se começasse o blog hoje? (AV)
PM – Nada. Ele é como um filho que ganha vida própria- não necessariamente a desejada pelo pai.
10 – A maioria dos colunistas da ODT não se conhecem pessoalmente entre si. Temos independência e liberdade total de expressão aqui. Entretanto, eu percebo uma sintonia, e até um certo modo “Ouro de Tolo” de escrever e pensar. Na sua visão, existe esta sintonia? E, se existe, como chegamos a ela aqui no blog? (AR)
PM – Talvez esta sintonia, que eu também percebo, venha da linha adotada pelo blog de sempre respeitar as opiniões discordantes e estimular o debate. O ponto de união dos textos, a meu ver, é a tentativa de abordar os assuntos sob uma perspectiva diferente da encontrada nos grandes veículos, com firmeza de posicionamento e temas variados.
11 – Faça um balanço do governo Dilma até o momento, destacando pontos positivos e pontos negativos (FG)
PM – Como pontos positivos destaco a manutenção da política social de Lula e a reafirmação do petróleo como estratégico para um projeto de nação.
Os pontos negativos são a manutenção da política de juros reais altos, que acaba apreciando o câmbio, e a caótica gestão da Cultura.
12 – Na qualidade de petroleiro, como você interpreta as críticas de que o modelo da futura exploracão do pré-sal exigirá pesados investimentos do governo central? Não seria melhor compartilhar esses riscos com financiadores privados? (Walter Monteiro)
PM – Hoje somente a Petrobras detém tecnologia para exploração em águas ultra-profundas no mundo. Além disso,a cia está sendo utilizada como instrumento de política estratégica, o que é normal em termos de Estado.
Os investimentos tendem a ser amortizados em prazo curto, dadas as características de exploração do pré-sal e a renda resultante. A estratégia de ampliar o parque de refinarias a fim de se exportar derivados é interessante, porque aumenta o valor agregado do produto e, além disso, vai suprir uma capacidade refinadora francamente em declínio no mundo – ou seja,a médio prazo tende a faltar derivados.
13 – Quando começou sua paixão pelo carnaval? (FG)
PM- Fui criado no subúrbio de Cascadura, ao lado de Madureira. Meu pai sempre me levava na quadra do Império Serrano, em especial na segunda feira de carnaval – naqueles tempos o desfile das grandes escolas era apenas no domingo.
Criança pobre, de subúrbio, tinha apenas duas diversões: Maracanã e samba. O curioso é que eu não gosto de carnaval, gosto de escolas de samba – são coisas diferentes.
14 – Desde quando começou a torcer pela Portela? O que te chamou a atenção a ponto de torcer pela escola? (FG)
PM – Criado ao lado de Madureira, somente poderia ser portelense ou imperiano. Custei a me definir por uma escola, mas o simbolismo da águia portelense conquistou meu coração. Mas só em 1988, com 14 anos, descobri-me azul.
15 – Digamos que o Pedro Migão fosse hoje contratado para ser carnavalesco da Portela. Qual enredo escolheria – e porque? (FG)
PM – Jamais poderia ser carnavalesco, porque não desenho rigorosamente nada. Entretanto, caso fosse o diretor de carnaval da escola, levando-se em conta que a quadra estará fechada para obras por um tempo considerável reeditaria “Tributo à Vaidade” – apresentado originalmente em 1991 – calcando o enredo no “orgulho de ser portelense”. Faz-se necessário um resgate da autoestima portelense.
Ando evitando falar da escola nos últimos tempos, por razões que aqui não vem ao caso.
16 – Na qualidade de sambista, você não se incomoda com a histórica associação das escolas de samba com criminosos que dominam suas direções como se fosse a coisa mais natural do mundo? (WM)
PM – Sem dúvida, é algo que me incomoda, mas é histórico e o Poder Público que deveria fiscalizar não o faz. Na verdade, há diversos pontos anômalos nesta questão – eu ficaria aqui uma semana falando.
17 – Qual o jogo mais emocionante que você já viu (ao vivo ou pela TV) do Flamengo? (FG)
PM – Flamengo e São Paulo, 20 de janeiro de 1982. Jogo de entrega das faixas do título mundial. Para o mal, Flamengo e Santo André em 2004 também.
18 – Na qualidade de flamenguista, qual a sua explicação para o fato de uma parcela expressiva de milhares de torcedores capazes de investir uma determinada quantia para serem sócios, preferirem se manter ausentes e não contribuir para uma mudança no clube? (WM)
PM – Porque existe o sentimento de que a política do clube é fechada e está se lixando para o torcedor. Isso fora a péssima gestão dos recursos escassos do clube.
19 – Você se apresenta como um sonhador. Mas, no mais das vezes, você se coloca com opiniões que revelam certa amargura e pessimismo em relação ao mundo e às instituições que você ama (Portela e Flamengo, notadamente). Afinal, quais são os valores fundamentais que norteiam a sua vida? Você é um pessimista? (AR)
PM – Sou um realista. Meus valores são a honestidade, a ética e a verdade. Prefiro não criar expectativas demasiadas, por isso a fama de pessimista.
20 – Livro ou filme?
PM- Livro, sempre.
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Grande escolha do jogo mais emocionante do Flamengo. Recentemente baixei esse Flamengo 3 x 2 São Paulo na íntegra para assistir. Tinha 4 anos na epoca mas ouvi meu pai falar desse jogo diversas vezes. Aquele time era realmente espetacular.
Regis, este foi primeiro jogo que fui em uma quarta feira. Foi a entrega das faixas do título mun dial.
abs
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