Novamente na sexta feira – o leitor entenderá o porquê – temos a coluna “Orun Ayé”, do publicitário e compositor Aloísio Villar.
A coluna de hoje relembra exatos dez anos atrás, um gol mágico de falta e um tricampeonato estadual. Eu me recordo que minha então namorada – hoje esposa – não me deixou ir ao Maracanã porque tinha medo da violência – eram tempos, reconheço, bem mais conflituosos em termos de brigas de torcidas. Na hora deste gol acabei quebrando a mesinha de centro da casa dos (hoje) meus sogros (de vidro) com um chute…
E isto me tirou a chance de dizer que estive “in loco” nos últimos três tricampeonatos estaduais, pois estive nas partidas decisivas contra o Botafogo tanto em 1979 quanto em 2009.
O curioso é que semana que vem, dia 05, Petkovic se despedirá dos gramados brasileiros em jogo contra o Corinrhians. Infelizmente não estarei no Rio para dar o meu aplauso ao herói do tricampeonato e do hexa brasileiro, mas fica aqui a nossa homenagem.
Vamos ao texto. Acima e abaixo, duas narrações do gol histórico:
“Petkovic: quando um homem vira mito
Todos nós temos os nossos ídolos.
Na maioria das vezes essa idolatria surge quando somos crianças. No caso das meninas na quase totalidade das vezes é algum artista jovem e bonito, seja um ator de TV que é capa dessas revistas de celebridades ou um cantor de boy band ou do ritmo do momento. Quando eu era criança as meninas adoravam os Menudos, hoje o ídolo delas é o Luan Santana.
Mas eu sou homem, fui menino e no nosso caso o ídolo é o esportista, é o camisa 10 do seu time de futebol, no meu caso meu ídolo maior é o eterno camisa 10 do Flamengo Zico.
Mas não necessariamente esse ídolo vem do futebol. Pode estar no basquete, ser um Oscar Schmidt que falava que a dor faz parte do uniforme; ou um Michael Jordan, o negão frio que faltando 2 segundos pra acabar o jogo decisivo da NBA no tempo pedido pelo técnico chegava no time e falava “dá em mim”. O time dava e ele fazia a cesta do campeonato.
O ídolo pode ser também aquele piloto que larga na pole position, cai para a última posição na largada por problemas com o carro, passa todo mundo e vence sendo campeão, um Ayrton Senna. Pode ser um Gustavo Kuerten, o “brasileirinho” que derrubou americanos e europeus sendo campeão em Roland Garros três vezes.
Ídolos têm muitos, os ídolos moldam nosso jeito de ser, fazem a criança de dentro de nós nunca morrer. Mas há uma categoria especial de ídolos, muitas vezes o cara nem é um ídolo até acontecer… acontecer o momento em que ele vira mito.
E o que faz do homem um mito? O que faz que ele fique eterno no coração das pessoas?
A gente sabe que um homem virou mito quando ele mesmo não sendo de muito talento algumas vezes faz com que um pai de família ao vê-lo se emocione e mostre a seu filho o que esse homem fez. Um mito é aquele que sempre tem que responder como foi a história que o mitificou – e sempre faz isso com um sorriso nos lábios.
O ato que faz mito marca a vida das pessoas. É capaz de fazer com que elas mudem de opinião sobre aquele esporte, sobre a vida. O mito é capaz de unir pessoas que presenciaram aquele momento, juntas pra sempre. Eu particularmente acho que um dos momentos mais mágicos que existe na vida são aqueles segundos antes da pessoa deixar de ser um humano comum e entrar pra história.
E é assim quando vejo uma foto que vem circulando muito na internet ultimamente. É a foto de um homem chamado Dejan Petkovic com sua camisa 10 do Flamengo com as mãos na cintura esperando o super time do Vasco armar sua barreira aos 43 minutos do 2° tempo do jogo final do campeonato carioca de 2001, dia 27 de maio de 2001.
Aquela batida de falta não mudaria apenas a vida de Petkovic para sempre, todo rubro-negro se emociona e lembra onde estava e o que fez quando ele cobrou a falta e fez o gol do tricampeonato. Todo vascaíno lembra o vôo do goleiro Helton e cada vez que vê o tape lamenta que as unhas do goleiro não fossem maiores para evitar o gol.
Hoje faz 10 anos desse gol e semana que vem Petkovic se despede dos gramados, é… O jogador pela última vez saudará o público e descerá para o vestiário, mas o mito… esse estará em campo durante muitos anos na memória de quem viu o momentoem que o homem virou lenda, que um gol de falta virou história.
Valeu Pet ! Orun Ayé”