Bom, este é um espaço democrático, sempre foi e sempre será. Os leitores sabem que sou rubro-negro, mas os colunistas tem total liberdade para escrever o que querem, do jeito que querem e da forma que desejam.

Faço este preâmbulo para que o leitor não estranhe a foto que abre este post. É a coluna “A Médica e a Jornalista”, escrita pela Anna Barros e excepcionalmente publicada nesta sexta dado o tema, que trata da conquista da Copa do Brasil pelo Vasco da Gama.

Aproveito para parabenizar a equipe cruzmaltina e ressaltar que rivais fortes fazem o futebol forte, como escrevi em texto anterior. E a se lamentar apenas o encerramento prematuro da participação rubro-negra, abreviada por duas arbitragens decididamente horrorosas nas partidas das quartas de final contra o Ceará. Mas isto é passado e vamos ao texto sobre a irretocável conquista.

Vasco da Gama, campeão da Copa do Brasil de 2011

Pensei em vários temas para falar no Ouro de Tolo e confesso que os compromissos de trabalho me tomaram tanto tempo que eu só pude pensar em uma coisa: a conquista da Copa do Brasil pelo Vasco. O amor pelo Vasco me fez fazer Jornalismo e querer me especializar em Jornalismo Esportivo, mas sempre procurei ter isenção e neutralidade. Mas na última quarta-feira, depois daquele jogo propício para cardiopatas de tão sofrido e com um time equilibrado como o Coritiba, não deu para esconder a emoção e as lágrimas por tudo que passamos ao cairmos para a série B em 2008.

O título da Copa do Brasil seria uma redenção tanto para o Vasco como para o Coritiba que haviam caído respectivamente em 2008 e 2009 e queriam se reencontrar consigo mesmos e dar um presente para a sua torcida depois de tanto sofrimento. E mesmo o Vasco perdendo de 3 a 2 , num jogo de idas e vindas no placar, o time da Colina conquistou um título entalado na garganta de seu torcedor há oito anos – sendo que um título nacional há onze.

A comoção que causou ao chegar no Santos Dumont rumo à São Januário nessa quinta-feira, dia 9 de junho, mostrou bem o que moveu os torcedores cruzmaltinos depois de tantos anos de espera, de trevas na administração Eurico Miranda, nas sequências de pênaltis marcados ou não sob suspeita e tantos outros tristes episódios que geraram antipatia dos torcedores de outros clubes.

Entretanto, o sentimento não pode parar. Jamais deixamos essa chama se apagar. A chama de amor pelo Vasco histórico, dos Camisas Negras, que venceu o preconceito racial ao abrir seu clube para negros jogarem e quase foi excluído do campeonato carioca por esse gesto. O clube que não é só de imigrantes portugueses mas das massas, perdendo somente para o arquirrival Flamengo de nosso editor, “O Mais Querido”. Não à toa, o clássico dos dois times é o chamado “Clássico dos Milhões”. Milhões de aficcionados por todo o Brasil.

Eu senti uma felicidade ontem que há muito tempo eu não sentia. Uma mistura de alívio devido ao medo de ser chamado de eterno vice pelas torcidas rivais com a ansiedade de quebra do jejum de títulos. Eu só posso dizer que o campeão voltou. E que a próxima estação do trem-bala da Colina é a Estação Libertadores. Comemoraremos muito essa conquista e no sábado, dia 11 de junho, o faremos junto com um de nossos maiores ídolos, Juninho Pernambucano, o Reizinho da colina que retorna ao clube da Cruz de Malta aos 36 anos para encerrar sua carreira.

Agradeço essa conquista a todos os jogadores. Em especial a Eder Luis, que desequilibrou a partida de quarta-feira, dia 8 de junho, e Alecsandro que fez os gols decisivos e também homenageou Ronaldo Fenômeno na sua comemoração do primeiro gol da segunda partida da final no Couto Pereira. Além deles, o super zagueiro Dedé e Ricardo Gomes, o técnico que deu estabilidade ao time após um começo desastroso de campeonato carioca, onde se cogitava até rebaixamento estadual.

Bebo muito pouco, mas com certeza rolará uma comemoração especial com um bom vinho do Porto. O Vasco da Gama e todos os vascaínos merecem pois “sua imensa torcida é bem feliz, Norte e Sul desse País”. Os bons tempos, agora sob a administração de Roberto Dinamite, o maior ídolo do clube, voltaram. Que possamos cada vez mais multiplicar nossas alegrias e reforçar o time para o Campeonato Brasileiro pois ele tem defeitos e carências em algumas posições, ainda. Não podemos mais dar vexame.

A bela História do Vasco não permite.

Até a próxima!
Anna Barros”

(Foto: Globoesporte.com)