Neste domingo – em que deverei estar no ar, em vôo, quando este post for ao ar – temos mais uma edição da coluna “Orun Ayé”, de autoria do publicitário e compositor Aloisio Villar.
O texto de hoje tem um tema polêmico, mas que concordo plenamente: os exageros do “politicamente correto”, que deixam uma chatice só o mundo de hoje. Como tudo na vida, há que se ter um equilíbrio.
E olha que faço parte de duas minorias: a dos canhotos e a dos míopes…
“A Ditadura do Politicamente Correto
Eu sou de uma geração que nasceu no meio de uma ditadura militar e logo na infância viu o Brasil se democratizar. Ou seja, não vi o período negro da ditadura brasileira, luta armada, torturas, nada disso – essas coisas aprendi em livros e revistas.
O Brasil hoje é um país democrático assim como é quase toda a América Latina que também sofreu com ditaduras e esse tipo de regime cada vez menos tem força, temos aqui na América Cuba e Honduras como as maiores referências desse tipo de governo e recentemente vimos países como Egito e Líbia lutarem por liberdade.
Mas a democracia, a liberdade nunca é plena enquanto você não tem liberdade. Não somente política, mas moral, liberdade pra dizer o que se pensa para tudo e podemos não ter uma ditadura física hoje, de generais; mas temos uma ditadura invisível, aquela que parece esperar que cometamos algum erro para soar o alarme – a ditadura do politicamente correto.
Hoje temos a ditadura da minoria.
Os grupos que sempre foram excluídos e sofreram preconceitos se fortaleceram, aprenderam seus direitos, aprenderam a ter voz e muito justamente correram atrás destes, lutaram para ser reconhecidos e respeitados. Ok, mas a impressão que passa é que está existindo um exagero.
Tudo hoje é tratado com preconceito, qualquer palavra pode ser considerada racismo, homofobia ou sexismo tendo como referência por ironia os Estados Unidos, considerado o berço da democracia – onde até crianças de menos de 10 anos podem ser processadas e presas.
Evidente que todas as pessoas e suas opções têm que ser respeitadas, mas e o humor? Onde fica nisso tudo?
Vejo humorista ser bombardeado porque fez piada no twitter brincando com os judeus, apresentador de TV sendo processado por homofobia… O humor sempre foi assim, transgressor, debochado.
Quem não se lembra do inocente “Os trapalhões” onde Didi chamava o Mussum de macaco e ele respondia “macaco é a mãe”, quem de nós nunca chamou um amigo negro de negão ou brincou chamando algum de gay, anão, sempre puxando por um lado de sua personalidade para se estabelecer uma brincadeira? Eu mesmo desde que me entendo por gente sempre fui sacaneado por ser gordo, vários e vários apelidos, agora posso processar por “gordofobia”?
E assim vivemos entre a cruz e a caldeirinha. O Brasil pelo menos é um país gozador onde a galhofa é um de seus produtos de exportação, mas eu terei que chamar meu amigo negro de afro descendente? Ele vai devolver me chamando de obeso? E pelo fato de não nos tratarmos desta forma “correta” temos preconceito um com o outro e não nos gostamos?
Tem que separar o que é ato preconceituoso e o que não é porque o politicamente correto é uma doença e ela espalha o vírus da chatice. E mais: esse patrulhamento pode fazer piorar o preconceito, fazer com que ganhe intensidade o preconceito velado e na boa… as coisas podem não ser boas, mas pelo menos são melhor tragáveis quando são escancaradas
Um mundo de Bolsonaros é horrível.
Mas de hipocrisia e silêncio é pior.
Orun Ayé!”
Salve amigo, concordo plenamente com tuas palavras e acrescento o seguinte fato histórico- o PC surgiu nos EUA pela mistura indigesta do desconstrucionismo/relativismo da escola de Frankfurt erigido em guerra cultural nos anos 60 com o típíco puritanismo americano. O que deveria ser uma filosofia de confronto e crítica, absorveu do puritanismo a deliciosa mania de perseguir. Como bem observou de certa feita Gore vidal, os puritanos não vieram tanto para a América para fugir de perseguições (já que a própria Inglaterra e Holanda de onde provinham eram das que mais concediam liberdade religiosa naqueles tempos um tanto brutais, a bem da verdade eles queriam era mais liberdade para poderem ….perseguir!Eis o fundamento moral do politicamente correto- suprir a vontade orgásmica de perseguir quem discorda de seus postulados. Nitsche e Freud explicam.
Abraço.