Neste sábado, a coluna “A Médica e a Jornalista”, da Anna Barros, nos traz uma explicação objetiva sobre o câncer de laringe que abateu o ex-Presidente Lula.
Sem mais delongas,passemos ao texto.
Dissecando o Câncer de Laringe
Como a doença do ex-presidente Lula foi o assunto da semana, resolvi esclarecer os leitores a respeito do câncer de laringe.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, o INCA, o câncer de laringe atinge mais os homens, na faixa etária entre 50 e 70 anos. É um dos tumores mais comuns de cabeça e pescoço. Os principais sintomas são: rouquidão e dor de garganta – além de disfagia, que é uma dificuldade de engolir, e uma sensação de caroço na garganta.
Os fatores predisponentes são tabagismo e ingestão de álcool, que se associados produzem uma combinação extremamente perigosa que aumenta bastante o risco – principalmente para o tipo supraglótico desse carcinoma.
Quanto mais precoce for detectado, maior a chance de cura. O câncer do ex-presidente Lula foi detectado no estágio inicial (ele tem um nódulo de três centímetros) e pôde ser classificado como intermediário. O método diagnóstico é uma videolaringoscopia com biópsia que foi a que Lula se submeteu.
As opções de tratamento são cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A cirurgia pode ser realizada, mas comumente é feita uma laringectomia que pode comprometer as cordas vocais e promover uma traqueostomia definitiva. A opção de quimioterapia e radioterapia pode ser lançada em casos de tumores avançados.
Três coisas me chamaram atenção no caso do ex-presidente: o ressentimento de algumas pessoas que o acusam de ter provocado a doença por seus hábitos, utilizado até com requintes de crueldade nas redes sociais. Segundo a campanha de que ele devia se tratar no SUS e não num hospital particular (o ex-presidente está se tratando no Sírio Libanês por confiar na equipe médica que lá está e por seu médico particular, Roberto Kalil trabalhar lá); e finalmente o pedido dele de que tudo fosse divulgado com a maior transparência possível para a imprensa e para a população, com exposição de fotos e vídeos.
Confesso que fiquei chocada com a reação das pessoas no Facebook e Twitter e aproveito para prestar minha total solidariedade ao ex-presidente Lula. Não votei nele na segunda eleição.
Sou contra a corrupção e o mensalão, mas ele foi o melhor presidente que o Brasil teve até hoje. Independente disso, estamos lidando com um ser humano que precisa de apoio e carinho num momento delicado como esse. Só quem teve um ente querido com câncer sabe o quão devastadora é essa doença.
A mim só me resta a dizer como médica e jornalista, uma só expressão: Força, Lula. Estamos com você para o que der e vier.
Até a próxima!
Anna Barros