E eis que a temporada 2011 do futebol brasileiro se encerrou neste último domingo. Para nós rubro negros, um ano que poderia ter sido melhor, mas que acaba de forma bastante razoável.
Obviamente que para um time que durante o campeonato flertou com o título e coma folha salarial que tem pode ser pouco, mas os quatro pontos nas duas rodadas finais e a vaga na primeira fase da Libertadores acabam sendo um resultado bastante razoável para um ano de altos e baixos.
O comando do futebol do clube tem de prestar atenção nos dois jogos como Real Potosi da Bolívia, pela primeira fase da Libertadores. A primeira partida é já no final de janeiro e embora a equipe do país andino não seja das mais fortes a altitude (3.967 metros) sempre pode gerar complicações. A primeira partida é já no início da temporada e o trabalho de início de ano tem de ser visando esta competição.
Entretanto, o ano de 2011 não pode mascarar os evidentes problemas ocorridos este ano. A gestão do clube regrediu em certos aspectos e a expectativa de aumento de receitas advindas do contrato da televisão não pode mascarar as despesas absolutamente sem controle. É preocupante o fato de ter chegado ao final deste 2011 com salários atrasados e tendo de recorrer a adiantamentos de contratos de televisão para pagar despesas correntes – salários e prêmios.
Uma renovação do elenco também tem de ser levada a cabo. Jogadores como Léo Moura e Renato, entre outros, claramente estão na fase descendente da carreira e deveriam ser liberados para procurar outros ares. Este último deverá ter seu contrato renovado com um substancial aumento salarial, o que me parece um despautério: além de estar se apresentando muito mal, Renato não admite ser substituído, não admite ir para o banco e se acha mais importante que o clube. É um problema sério que terá de ser administrado ano que vem.
A garotada poderia ser melhor aproveitada, de forma a diminuir a folha salarial e dispensar veteranos que não estão muito preocupados com o clube. Mas Luxemburgo já deu mostras que prefere as “vacas velhas” do elenco, então não deveremos ter grande renovação – que se faz absolutamente necessária.
O técnico é outro capítulo. Sou a favor de sua demissão pela total e absoluta falta de padrão tático da equipe, evidenciada nas últimas rodadas. Ontem contra o Vasco uma vez mais levamos gol em bola cruzada sobre a área, em jogada que nossos adversários cansam de explorar e que Luxemburgo não corrige. Isso sem contar os recorrentes relatos de que haveriam interferências na escalação da equipe motivada pelos interesses do técnico como uma espécie de empresário.

Mas ele deverá ser mantido, até pela gigantesca multa em caso de demissão – hoje é algo em torno de R$ 4 milhões. O clube é refém do técnico.

Vale lembrar, também, que 2012 marca o final do mandato da presidente Patrícia Amorim. Eleita com o apoio dos esportes olímpicos e dos sócios que vêem o Flamengo como um clube social, seu mandato vem se notabilizando pela colocação do futebol em segundo plano na gestão, com terceirização a outros dirigentes. Entretanto, um fracasso em 2012 pode sepultar suas aspirações tanto políticas quanto de reeleição, apesar de sua base de apoio no clube defender que o futebol, se possível, deveria ser extinto. Entretanto, é o maltratado torcedor do futebol que paga as contas dos esportes olímpicos e da sede social.

Embora o balanço de 2011 não tenha sido divulgado, é visível que houve piora nas contas do clube. O atraso dos salários é um bom exemplo disso, e a demissão de vários funcionários de salários mais baixos prevista para este mês de dezembro é outro sintoma. Não há um padrão de gasto no clube e nem modelo de governança, o que deixa preocupante a perspectiva para o futuro.

Outra questão é o trabalho junto à CBF. Evidente que precisa ser feita uma aproximação, cuja face visível é a má vontade nas arbitragens, mas se necessita diminuir a influência do Corínthians na confederação. O fato de não haver um único pênalti a favor em 2011 nas competições nacionais (Brasileiro e Copa do Brasil) é um sintoma claro de que algo não está bem nas relações com a entidade máxima do futebol brasileiro. E não se precisa nem lembrar a para lá de parcial arbitragem no jogo que determinou a saída da Copa do Brasil – contra o Ceará!

Enfim, muitas coisas precisam ser acertadas para que tenhamos um 2012 melhor que este 2011. Mas, sinceramente, não acredito em mudanças substanciais.

Finalizo homenageando em vídeo o Doutor Sócrates, falecido ontem aos 57 anos. Campeão Estadual de 1986 pelo Flamengo, no vídeo acima temos a única vez em que o vi jogar ao vivo, em 18 de fevereiro daquele ano. Descanse em paz.

P.S. – teremos sorteio de camisa autografada por Ronaldinho ainda este mês.

2 Replies to “Feliz 2012, Mengão”

  1. Tem toda razão, Pedro. Principalmente no que toca ao Luxemburgo, definitivamente um ex-treinador, que parece ter desaprendido tudo que fez dele o melhor técnico do Brasil, há uma década atrás.

    Conquanto ele realmente se dedique mais, hoje, às suas negociatas nos bastidores do mundo da bola, o maior problema é a total incapacidade de dar ao time um padrão tático e uma organização minimamente decente. Essa vaga na Libertadores, no que teve mérito próximo de zero, mascara o seu péssimo trabalho – não fosse o talento individual de alguns jogadores, certamente teríamos amargado mais um ano na faixa intermediária da tabela, para baixo. Vejo a contratação de outro técnico como pressuposto para almejarmos maiores alegrias no ano que vem, e analisando por esse aspecto me parece que a multa rescisória do Luxemburgo passa a não ser tão relevante.

    Leo Moura e Renato também já deram a sua contribuição e, por mim, não seriam mantidos no elenco. Se continuarem, não podem mais ser considerados titulares absolutos.

    Também não creio em mudanças. Resta apelar para São Judas Tadeu operar alguns milagres e iluminar a cabeça dos nossos dirigentes para que tomem as decisões corretas.

    SRN.

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