No último final de semana tive oportunidade de estar em dois eventos referentes às escolas de samba cariocas, um na sexta e outro no sábado. Na verdade seriam três, mas o cancelamento do ensaio da Portela devido à chuva acabou me impedindo de ir. Espero que o tempo permita hoje.
Antes (e durante) o temporal prestigiei a abertura da “Rua do Samba”, evento promovido no corredor cultural da Cidade Nova. Em frente ao prédio ocupado pela Universidade (Corporativa) Petrobras, onde já trabalhei inclusive, foi aberto uma espécie de “mini shopping” com restaurantes e algumas lojas. Nada muito grande, mas um bom quebra galho tendo em vista a escassez de opções do lugar.
Todas as sextas feiras até o carnaval a bateria do Paraíso do Tuiuti, escola do Grupo de Acesso A, irá fazer show das 17 às 21 horas. Sexta feira passada foi a estréia do projeto, com o puxador oficial da escola Daniel Silva e tendo como convidado o segundo puxador da Estácio de Sá, também do Acesso A, Talarico.
O público começou bem pequeno, mas foi aumentando aos poucos apesar do temporal que desabou no meio da apresentação. Daniel Silva cantou sambas de várias escolas na primeira parte do show, incluindo “Um Mouro no Quilombo”, samba do Tuiuti de 2001 que representa a segunda e última passagem da escola pelo Grupo Especial – a primeira havia sido nos anos 50. Este samba foi tema de nossa coluna “Samba de Terça” – inclusive, foi a primeira vez em que desfilei em uma escola de samba.
Após pequeno intervalo, Talarico cantou diversos sambas de escolas e finalizou com o samba enredo da Estácio para 2012. Este último a meu ver é péssimo, como escrevi na análise deste grupo, mas confesso que me peguei cantarolando quando foi apresentado. Ou seja: apesar de ruim, deve “emplacar” na avenida.
Algo interessante é que o puxador da Estácio cantou uma série de sambas que normalmente não se ouvem em quadras, tais como da própria escola de 1993, Vila Isabel 1967, Imperatriz 1997 e outros.
Após o intervalo Daniel Silva apresentou o samba de 2012 da escola de São Cristóvão, que tem como enredo os 70 anos de Clara Nunes. Após o “esquenta” com um dos maiores sucessos da cantora, novamente se interpretou o samba de 2001 (parte está no vídeo) e depois 2012, que o leitor pode ouvir na íntegra acima na mesma gravação. Sinceramente, achei que “cansou” após os cerca de 11 minutos da apresentação.
O evento vai se repetir todas as sextas até o carnaval, sempre a partir das 17 horas. Fica na Rua Néri Pinheiro, 245, Cidade Nova. Boa iniciativa a meu ver, recomendo.
No sábado, após o show de Chico Buarque – tema do post de ontem, estive na recém-inaugurada quadra  (após uma reforma) da União da Ilha do Governador. Como novamente irei desfilar na Ala de Compositores da escola, havia me comprometido a ir pelo menos a um ensaio, e aproveitei a oportunidade.
A quadra não estava lotada – diria que com uns 60% da capacidade. Entretanto, como o ar condicionado central não foi instalado, estava bastante quente. O Presidente Ney Fillardi, com seu jeito todo peculiar de falar afirmou em seu discurso que poderia ser chamado de “Mariazinha da Estrada do Galeão” se o sistema não fosse instalado logo após o carnaval.
Sambas antigos – com a agradável surpresa de ouvir “Fatumbi”, de 98 – alguns sambas de outras escolas e finalmente, após alguns discursos, o samba de 2012.
Parêntese: se eu estou na quadra da União da Ilha, a não ser que haja algum  intérprete convidado de outra escola eu quero ouvir sambas da União da Ilha. Acho errado cantarem sambas de outras escolas. Fecha parêntese.
Sobre a composição de 2012, muito bem defendida pelo intérprete Ito Melodia, achei com um rendimento bem melhor que o encontrado no cd. Vai servir bastante bem ao desfile da escola.
O ensaio acabou até cedo, por volta das três e meia da manhã. Como o público do ensaio da escola é basicamente local, não há grandes problemas de transporte coletivo. Lamento apenas terem criado problema com a minha carteira de sócio da Portela: sempre entrei com ela, como é praxe nas escolas, mas desta vez recusaram e tive de pagar o ingresso. Paciência.