Neste domingo, a coluna “Orun Ayé”, do compositor Aloisio Villar, faz um balanço do primeiro ano de coluna. 52 textos, 52 semanas, sem faltar uma sequer.
O que tenho a dizer é que a prosa do colunista é que abrilhantou o Ouro de Tolo neste último ano, conquistando um público fiel. E o trabalho de edição que faço é apenas ortográfico e de estilo, sem censurar ou mudar conteúdo. A democracia é um valor inalienável deste espaço e assim deve ser.
Passemos ao post.
Um Ano
Pois é, manolos: parece incrível, mas nessa última semana esse pequeno espaço que tenho aos domingos no blog Ouro de Tolo completou um ano. Um ano no ar, um ano sem tirar sem falhar em nenhuma semana.
Com essa são cinquenta e duas colunas ininterruptas e me pergunto como tive tanto assunto assim para escrever aqui. Evidente que em algumas semanas estive mais inspirado, outras não, mas no geral me sinto feliz por esse ano que passou.
Eu já tivera alguns contatos com o blog. Havia dado uma entrevista para ele em 2010 se minha memória não falha [N.do.E.: na verdade, foi em fevereiro de 2011. Pode ser lida aqui] e sentia necessidade de escrever e postar as coisas que sinto. No começo de 2011 minha vida era uma grande avalanche emocional e pensei em criar um blog para escrever.
Mas um blog novo feito por alguém que não entende tanto de internet não teria muito público, mesmo assim criei o blog e lá postei três livros que escrevi no espaço de onze meses. Na verdade estou terminando o sexto, escrever tornou-se um vício para mim.
Em http://aloisiovillar.blogspot.com estão esses três livros: no futuro colocarei poesias. Aproveito para fazer meu merchan aqui…
Com essa necessidade de escrever e que me lessem lembrei-me do Migão que tinha o Ouro de Tolo. Ofereci-me para ser colunista do blog e ele prontamente aceitou.
Por coincidência a primeira coluna que foi ao ar no dia 3 de abril de 2011. Ela marcava pela proximidade o sexto aniversário da morte de minha mãe, que ocorreu em 4 de abril de 2005.
Aproveitei essa coincidência e como primeira coluna escrevi sobre uma situação ‘sui generis’, onde o Migão soube antes de mim da morte dela e quase que sem querer me comunicou o acontecido.
A coluna não ficou muito boa, nunca fizera uma e tinha tão pouca noção que nem título a ela dei, com o Migão ficando encarregado da missão.
Na segunda semana ocorreu a tragédia em Realengo onde um ex estudante entrou no colégio localizado no bairro e realizou uma chacina. Escrevi sobre o caso em minha segunda coluna que ficou maior que a primeira e acho que ali comecei a colocar para fora o meu jeito de escrever.
Mais quarenta e nove colunas sem contar com essa surgiram e falei de muitos assuntos, conseguindo nesse período colocar a marca que eu queria.
O blog é forte, de excelente qualidade, onde se fala muito de política e economia e todos os outros ótimos colunistas falam de assuntos específicos, assuntos que dominam. Eu quis falar mais do cotidiano, o nosso dia a dia com angústias, incertezas e alegria que passamos, não apenas de samba e carnaval que são os assuntos que mais conheço.
Não querendo me comparar porque estou muito longe dele eu gostava de ler as crônicas do Artur da Távola, brilhante jornalista e político que em vez de falar em política ou situações do jornalismo falava do cotidiano, falava diretamente à alma das pessoas.
Eu não tenho esse dom, não tenho o brilhantismo do Artur, mas quis nesse período dividir emoções com vocês. Acho que algumas vezes consegui. Não foram poucas as vezes que alguém chegou e disse que estava emocionado com o que escrevi.
Falei algumas vezes de amor, da felicidade e da dor que ele causa, falei da vida, religião, homofobia, internet, do Rio, de São Paulo e como todas essas coisas me marcaram ou me posicionaram em opiniões.
Falei de minha infância, da importância de minha mãe e minha avó para o homem que sou hoje, de ex namoradas inesquecíveis, amigos e do surgimento da Bia, minha filha, na minha vida.
Não escondi nada, contei nesse espaço não só vitórias, mas derrotas também. Despi-me de forças e rótulos, mostrando que sou um ser humano como outro qualquer que pode ser genial e imbecil, iluminado e obscuro, alegre e triste, bom e mau.
Falei de samba também, evidente. Contei algumas vezes como surgiu meu amor pelas escolas de samba, minha vida de compositor, derrotas e vitórias nas escolas.
Contei um pouco mais da história da União da Ilha, Boi da Ilha e Acadêmicos do Dendê, os bastidores de uma disputa de samba-enredo e por uma grande felicidade quem me acompanha aqui pôde ver nascer e acontecer um dos grandes momentos da minha vida, que foi vencer a disputa de samba enredo da União da Ilha do Governador pela primeira vez.
Aqui também me emocionei relembrando minhas duas primeiras conquistas no carnaval. As vitórias no Boi da Ilha em 2001, com direito a Estandarte de Ouro e de 2002 no ano que comemorava dez anos dessa conquista.
E criei uma coluna falando do samba da Portela para o carnaval 2012 que acho que foi a mais comentada que fiz. Tanto que o apelido “Barcelona dos sambas” pegou no meio do samba.
Falei de futebol também quando citei a seleção brasileira numa coluna que contava meu desânimo com ela.
Na semana da despedida de Petkovic do futebol fiz uma coluna para ele agradecendo ao ídolo que foi e durante esse período falei de outros ídolos meus. Ano passado de Ayrton Senna fazendo contraponto com a morte do Osama Bin Laden que foi no mesmo dia, dezessete anos depois.
Ano passado também dediquei uma coluna a Wilson Simonal, em minha opinião o melhor e mais injustiçado cantor que o Brasil teve. Recentemente fiz mais duas colunas citando artistas que respeito, dois Chicos: o Buarque e o Anysio. Com o Chico Anysio e seu falecimento pela primeira vez fiz adendo a uma coluna depois que ela foi entregue.
Falei esse ano de ídolos de infância como Zico e Nelson Piquet e de vilões que me marcaram como Alain Prost e Paolo Rossi.
E a mais recente, uma das que mais gostei, fiz a pedido do Migão sobre o 1° de abril. Poucas vezes usei meu lado sarcástico e irônico, que é muito forte em mim nas colunas.
Pelo que lembre apenas na “Samba-Enredo S.A.“, em que contei de forma irônica como era uma disputa de samba, na coluna em homenagem ao Migão por seu aniversário quando brinquei com ele e nessa última.
Acho que evoluí nesse ano. Se não achasse que em um ano melhorei era melhor parar de escrever colunas e me dedicar ao twitter, que pelo menos em 140 caracteres é mais difícil escrever bobagens.
E gosto desse espaço, me sinto bem escrevendo no blog onde tenho total liberdade – mesmo com o editor mala mexendo às vezes no que escrevo. É um blog democrático e que respeito muito.
Só posso agradecer ao Pedro Migão, meu amigo e parceiro de samba por ter atendido meu pedido e me dado um dia por semana para escrever minhas besteiras – e a quem perde tempo lendo. Faço de coração e muita alegria e o fato de fazer esse exercício semanalmente há um ano me fez crescer como escritor em todos os sentidos, não apenas como colunista.
Muito obrigado Migão, muito obrigado leitor e que esse nosso convívio dure ainda muitos anos.
E custa nada ir em http://aloisiovillar.blogspot.com
O Migão não me paga salário mesmo, não reclamará do merchan… risos
Orun Aye!!