Nesta segunda feira, véspera do aniversário do blog, a coluna “Bissexta”, do advogado e grande amigo dos oficiais de justiça Walter Monteiro (em foto comigo ao final deste post, em Canela), fala um pouco não somente do blog como especula os motivos que podem ter me levado a batizá-lo com este nome.
Como expliquei no programa “Loucos Por Futebol” – que, aliás, terá reprises hoje às 17:30 e às 02 da manhã e amanhã às 20 horas, na Espn Brasil – o título do blog vem sim da canção, em especial do sentimento que Raul Seixas expressa de ter conquistado tudo em termos materiais mas ainda se sentir vazio. 
Era o que sentia àquele momento, de certa forma ainda um pouco hoje – mas sobre isso falarei amanhã. Se fosse resumir em um verso da canção, seria nestes: “eu devia estar contente por ter um emprego / sou um dito cidadão respeitável / e ganho 4 mil cruzeiros por mês”. Mas a canção como um todo representa o espírito inicial do blog.
Vamos ao texto, nesta programação especial de aniversário. Hoje, amanhã e quarta teremos vários posts e colunas especiais. O vídeo é uma versão da canção interpretada por Caetano Veloso, que eu não conhecia e gostei muito. Ele também vale pelas imagens dos tempos da ditadura e redemocratização do país.
Muito Ouro, Poucos Tolos
Eu já perdi a conta de quantos artigos escrevi aqui para o Migão. Um montão deles, é fato [N.do.E.: contando com este, são 75].
Até do aniversário do Blog eu já falei. Como tenho o péssimo hábito de não arquivar os textos que escrevo (ou arquivá-los de forma caótica, em diferentes computadores), preciso confiar na memória para não repetir em 2012 o que disse em 2011. Ou, pior ainda, desdizer agora o oposto do que disse antes, que é outra música do mesmo Raul que deu nome ao blog.
Aliás, por que cargas d´água o blog se chama Ouro de Tolo?
Nunca perguntei, nunca entendi. Eu conheci o Editor Chefe em uma lista de discussão de rubro-negros enlouquecidos. Tem loucos de todo gênero por ali, mas o Migão cumpre um papel muito especial: é o pessimista de plantão. Eu o conheço há quatro anos, mas tem quem conheça há 10 e durante toda essa década ouviu a mesma conversa monocórdica: o Flamengo será rebaixado, o treinador é um imbecil e tem sempre um jogador em particular para canalizar todo o ódio migônico.
Para quem conhece o Editor só dessas listas, só dá para concluir que o blog leva esse nome em homenagem aos versos “ah, mas que sujeito chato sou eu, que não acha nada engraçado”.
Hoje mesmo [N.do.E.: a coluna foi escrita na última sexta feira] tinha gente duvidando do Editor ao vê-lo sorridente em uma foto. Que fama, hein, caro Chefe?
Por outro lado, é possível imaginar que a inspiração venha de outro trecho: “eu devia estar sorrindo e orgulhoso, por finalmente ter vencido na vida, mas eu acho isso uma grande piada”. Assim são os colunistas aqui do blog, gente que venceu na vida, que não ganhou nada de mão beijada, que batalhou e correu atrás e hoje vive melhor que a geração dos pais.
Seria o caso da gente se ufanar a todo momento do sentimento do dever cumprido, sei lá, cultivar até um certo ar pedante para comemorar nossas conquistas. Mas a gente segue assim, sorrindo, preferindo dividir semanalmente com o leitorado nossas impressões da vida.
Porque a gente tem a grande vantagem de pelo menos saber que é “humano, ridículo, limitado, que só usa 10% da cabeça animal, acreditando contribuir com nossa parte para o nosso belo quadro social”. Será que foi daí que o Migão sacou o nome?
Sei lá, o Migão fundou o blog na perspectiva de dar vazão ao seu instinto produtor de ideias. Podem olhar lá no comecinho de tudo que ele postava freneticamente: entretanto, era um lance dele, das coisas dele, do modo dele ver o mundo.
Mas aos poucos o blog foi ganhando outra feição: foi virando uma revista eletrônica plural, onde convivem diferentes linhas de pensamento, onde os temas são muito variados, onde impera a diversidade.
E isso foi algo natural, não planejado, sem dificuldades intrínsecas. Bom, como o Editor Chefe é ranzinza, “ele deve estar contente por ter conseguido tudo que quis, mas decepcionado por ter sido tão fácil conseguir”. Daí a homenagem a Raul Seixas.
Eu olho esses versos, todos os versos, não consigo encontrar uma explicação definitiva. Eu acho até que na canção original o finado Raul começou bem, mas como terminou “vendo um disco voador no cume calmo do que seus olhos viam”, estava revelando a todos que concluíra a letra já embalado por seu passatempo predileto naquele comecinho dos anos 70, que era se entregar de corpo e alma às experiências psicotrópicas. Quem é que vê discos voadores por cima das “cercas embandeiradas que separam os quintais”? Só um doidão mesmo…
É curioso que uma letra, digamos, lisérgica, tenha batizado esse nosso bloguezinho. Eu digo nosso porque ele é uma construção coletiva, não apenas dos colunistas daqui, mas do público leitor, altamente qualificado. É uma delícia dialogar com os leitores daqui, é certo que há uma ferramenta louca que barra a turma de baixo potencial cognitivo já na entrada. Foi Raulzito quem desenhou, lá do céu, essa magia toda, que só deixa a gente enxergar ouro nessas páginas virtuais.
Porque, acreditem, apesar do nome um tanto quanto infame, o que menos se vê aqui no blog é gente tola.
Que venham outros aniversários. Ein Prosit!

One Reply to “Bissexta – "Muito Ouro, Poucos Tolos"”

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