Neste domingo de Dia das Mães e do aniversário da Abolição (teórica) da Escravatura, a coluna “Orun Ayé”, do compositor Aloisio Villar, trata um pouco deste grande “Big Brother” em que se transformou a vida cotidiana. Além de saudar o terceiro aniversário deste blog.
A imagem que ilustra esta coluna é uma “fotografia” de um dos principais sites dedicados a celebridades, subcelebridades e pseudo-famosos na última sexta feira, dia em que esta coluna foi editada.

Big Brother Planeta

Já abordei o tema Internet em uma coluna chamada “A rede social”, onde falava da minha relação com a mesma.  Hoje volto ao tema, mas de uma forma diferente e mais ampla. Falo do mundo globalizado.

Direita, esquerda, capitalismo, comunismo… Durante décadas o objetivo de quem seguia algumas dessas práticas era unir o mundo na forma de uma “aldeia global” com todos pensando igual e seguindo um desses preceitos. Desde a torre de Babel no início da história descrita pela Bíblia a humanidade se dividiu em grupos, povos, linguagens e nunca mais se unira.

Até o surgimento da globalização…

Hoje nossas vitórias ganham rodapés de blogs e nossos fracassos transmitidos a todo o planeta via satélite. Se um dia você for fazer xixi e esquecer de descer a tampa é capaz de um esquimó em um iglu no Pólo Sul descobrir antes de sua mulher. Vivemos em um gigantesco Big Brother como Jim Carrey em “O show de Truman” quando o personagem tem sua vida entediada e comum transmitida para o mundo inteiro.

Por quê escrevo sobre esse assunto? Porque deu vontade, ora bolas…

Evidente que não foi por causa disso apenas, mas por ser um freqüentador assíduo de redes socais vejo como a privacidade cada vez mais anda fora de moda. Seja na Internet com os blogs de fofoca proliferando ou programas de televisão que desnudam celebridades entre um anúncio e outro de câmera digital.

Jogador de futebol não pode ir a uma churrascaria ou tomar uma cerveja que é clicado e aparece na mídia. Ator ou atriz que “pula a cerca” o público fica sabendo antes do cônjuge. Teve o caso famoso da revista que flagrou a atriz Luana Piovani beijando um rapaz em Salvador quando ela namorava o ator Rodrigo Santoro: ele soube do presente de grego através da revista.

Agora se um artista que está em novela vai a padaria de chinelo ou se a atriz tem celulite vai logo para a capa de blog ou revista, mas essas coisas acontecem porque existe público  – e não é só aqui, isso ocorre no mundo inteiro – por isso a aldeia global é o Big Brother: as comunicações estreitaram o mundo. Hoje crianças brasileiras torcem para o Barcelona e tem intimidade com o Justin Biebber maior que com um artista brasileiro.

Entretanto o que me levou a fazer essa coluna mesmo foi a nova moda mundial de celebridades terem sua nudez exposta ao público sem consentimento. Já tivemos casos famosos de homens que se exibiram em webcam, tais como Ronaldinho Gaúcho, Kadu Moliterno, Carlos Machado (ator da novela Fina Estampa) e Sérgio Hondjakoff, que fez o personagem “Cabeção” em Malhação.

E semana passada a bomba foi a atriz Carolina Dieckmann, que sempre recusara propostas de revistas masculinas mas teve fotos suas nuas vazadas para a Internet, colocadas à exibição mundial por um site registrado na Inglaterra. Em poucos minutos o link com sua nudez se espalhou numa velocidade assustadora e milhões de pessoas pelo mundo tiveram acesso àquilo que só seu marido veria normalmente. O caso foi parar em delegacia de crimes virtuais, mas o estrago já foi feito.

Sabendo como é o mundo hoje e a velocidade e ferocidade que acompanham a vida das celebridades fica a pergunta também de como a atriz foi tão inocente a ponto de mandar o computador para a revisão sem tirar as fotos íntimas.

A Internet, na verdade a comunicação em geral, mas tendo a Internet como força expoente conseguiu o que os sistemas de governo não conseguiram. Unir o mundo.

Se a Internet sair do ar no mundo ele para: teria o efeito das bombas nucleares tão temidas ao longo das décadas. O planeta todo atualmente mora dentro de um computador, a vida moderna não existe sem essa tecnologia. Eu mesmo para escrever essa coluna muitas vezes recorro a sites de busca.

No mundo conectado um espirro nos Estados Unidos provoca gripe na Europa, a crise econômica na Grécia apavora o Brasil, como um castelo de cartas que caindo uma pode levar a todas junto. A mídia elege vilões, heróis. Saímos de casa de madrugada para ir a pré estréias de filmes que são lançados simultaneamente no mundo inteiro e através de um programa de mensagens instantâneas podemos falar e conhecer qualquer pessoa do planeta.

Esse é um caminho sem volta – esperamos que sem “paredão”. Já que as fronteiras foram derrubadas que se espalhe cultura e informação, não bobagens como o ser humano adora. A humanidade, tão inteligente e inovadora às vezes parece ter vocação para a idiotice.

Aproveitando que falo hoje sobre mídia não posso deixar passar em branco o aniversário do blog “Ouro de Tolo”, na próxima terça feira.

Uma mídia que é usada a favor da cultura e informação que descrevi acima. Aqui você se informa sobre vários assuntos e conhece opiniões abalizadas sobre política, economia, esportes, educação, cidadania e até cervejas. Também tem direito a ler sandices todos os domingos numa coluna chamada “Orun Aye”.

Tenho que dar os parabéns ao Pedro Migão, grande amigo e lunático, pela idéia da criação do blog e sua manutenção. O Migão é um cara inteligente, culto e guerreiro que trata o blog como uma das grandes paixões de sua vida e abre aqui espaço para que muitos consigam expressar seus conhecimentos e modo de pensar, transformando o Ouro de Tolo em um dos melhores espaços de debates da Internet.

Obrigado por me permitir escrever no Blog e desejo muitos anos de vida a ele dessa forma que é hoje e que penso que deva ser um site de Internet, com cultura e informação.

Aproveitando a data para também desejar um feliz Dia das Mães a todas as mulheres do Big Brother Planeta. As que já foram, as que serão e guardam a vida em seu ventre, as que já partiram. Que todas tenham um dia abençoado e feliz ao lado daqueles que amam.

Novidades

Péssima notícia para vocês, que terão que me aturar mais um dia na semana. A partir do sábado que vem, dia 19 de maio, terei além da coluna semanal aos domingos quinzenalmente espaço aos sábados para ficção. Sim, de quinze em quinze dias o Ouro de Tolo publicará um conto meu onde contarei fatos do dia a dia das pessoas e como uma vida comum pode ser surpreendente. Como diria o poeta “de perto ninguém é normal”.

Sábado vem a primeira, espero que gostem. Orun Ayé!