Eis que começaram os Jogos Olímpicos, finalmente, na última semana.
Como não estou de férias, não estou podendo acompanhar ao vivo muitas competições. Apesar do sensacional aplicativo do site Terra para Android, que quebra um galho razoável – a qualidade de vídeo é muito boa – não dá para ficar pendurado em horário de trabalho assistindo às competições pelo celular: no máximo uma “paquerada” rapidíssima ou outra, e ainda assim tenho de sair da minha baia para tal.
Por outro lado, no último final de semana estava fora do Rio de Janeiro e não tinha televisão a cabo. Assisti a alguma coisa pela Record e dentro das limitações de uma TV aberta achei bastante satisfatório o trabalho.
Vale lembrar que especialmente durante a semana, o horário diurno tem um público majoritariamente feminino, que não necessariamente está interessado em assistir aos Jogos Olímpicos o tempo todo. Por isso que a meu juízo faz sentido focar a transmissão nos esportes coletivos onde o Brasil está presente e em individuais como a ginástica artística, que tendem a chamar mais a atenção deste público majoritário.
Não pense o leitor que a Globo faria muito diferente se tivesse os direitos de transmissão. Seria bastante parecido. Aliás, a se lamentar o quase boicote da emissora à competição, dentro do espírito de que “se eu não transmito, não existe” disseminado por ela. Este é um bom exemplo do que afirmei aqui algumas vezes, de que o jornalístico está subordinado ao comercial.
O papel de transmitir os jogos em sua totalidade cabe aos canais a cabo especializados, e dentro de minha amostra SporTv, ESPN e Band Sports estão fazendo sua tarefa a contento.
Obviamente com erros e imprecisões aqui e ali, mas lembrem-se os leitores que a metade dos esportes olímpicos, pelo menos, não é transmitida com regularidade fora do momento olímpico. Que eu me lembre de cabeça, esgrima, tiro com arco, pentatlo moderno, taekwondo, levantamento de peso, hóquei sobre a grama, badminton, canoagem, luta olímpica, tênis de mesa, tiro e vela somente são transmitidos nas Olimpíadas. Outros esportes como o ciclismo e o handebol tem acompanhamento restrito.
Com isso, ainda que aqui e ali se tenham convidados especialmente para estes esportes no evento, imprecisões e erros são perfeitamente esperados, por mais que se pesquise. E ainda temos de levar em conta que o mesmo narrador muitas vezes acaba de transmitir a competição de esgrima e passa sem intervalo para o concurso completo de equitação. Haja jogo de cintura…
As gafes acabam acontecendo. Pelo menos do que vi e soube nada supera o apresentador do SporTv que chamou o tiro com arco de “tiro com arco e flecha” e disse que o atleta havia dado “trezentas flechadas” no dia de competição preliminar.
Também, como comentei no Twitter, nem tudo é glamour. Que o diga o narrador do SporTv Guto Nejaim, que transmitiu ontem a pelada de vôlei feminino entre os (belos, por sinal) times da Grã Bretanha e da Argélia (foto), a qual acompanhei os dois últimos sets.
O time local não tem a menor tradição no esporte e o time africano vem de um centro de menor desenvolvimento. Resultado: uma partida que pelo nível técnico poderia perfeitamente estar sendo disputada como final de um campeonato colegial pelo Brasil afora. Para os leitores terem uma idéia, no decorrer do tie break que deu a vitória às européias o técnico da seleção argelina durante um dos tempos pedidos ensina a uma das atletas o modo certo de efetuar uma manchete. Isso é básico no esporte…
Quanto ao desempenho brasileiro, no momento em que escrevo parece estar dentro dos prognósticos. Algumas decepções no judô, compensadas por duas medalhas que não estavam como favas contadas, mas no resto as coisas estão indo mais ou menos na linha esperada antes do início das competições.
Me chamou a atenção o péssimo jogo feito agora há pouco pela seleção brasileira de basquete masculina, contra os donos da casa – que tem uma seleção pouco mais que um “catadão” daqueles de pelada de rua. Vi o último quarto e apesar de nossa vitória foi ruim demais.
Vale lembrar que o investimento no esporte brasileiro aumentou significativamente no último ciclo olímpico, mas como é algo de maturação mais longa somente se devem sentir os efeitos em sua plenitude nos jogos que disputaremos em casa. Outra questão é o investimento na prática de base, que melhorou, entretanto precisa evoluir muito mais.
Do pouco que tenho visto e lido outro fator que me chamou a atenção foral alguns erros gritantes das arbitragens como um todo. A meu ver está na hora de se aumentar o uso da tecnologia como auxiliar do julgamento dos esportes.
Também vale mencionar alguns resultados bastante estranhos conseguidos pela China na natação até o momento. Nadadores estão surgindo do nada para ganhar medalhas.
Bom, as impressões inicias são essas. Mas este blog voltará ao tema.