Neste sábado, a coluna “A Médica e a Jornalista”, da Anna Barros, fala sobre a ética médica sob o ângulo do profissional de saúde.
Ética Médica
O Código de Ética Médica engloba as condutas que devem nortear os médicos no exercício de sua profissão. É complicado falar de ética, não só na área médica, mas na vida política, no cotidiano, em outras áreas.
Alguns médicos são tachados de corporativistas por eximirem seus colegas de seus erros e culpas. Esta denominação é dada principalmente pela imprensa, que na grande maioria das vezes, com exceções, tenta denegrir a sua imagem por ser o elo mais fraco do sistema de saúde que é falido. Muitos médicos trabalham sem as mínimas condições de infraestrutura em hospitais nas cidades grandes, bem como no interior.
Mas segundo o artigo 19° do Código de Ética Médica, o médico deve ter, para com os colegas, respeito, consideração e solidariedade. Sem, todavia, eximir-se de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à Comissão de Ética da instituição em que exerce seu trabalho profissional e, se necessário, ao Conselho Regional de Medicina.
Logo, os médicos devem ficar atentos ao exercício de sua profissão e também ter extremo cuidado com o paciente: livrá-lo de maus profissionais e daqueles que possam colocar a sua vida em risco.
Entretanto, se um caso complicado, por exemplo, um operado de forma equivocada, que leve à mutilação de um paciente pode até ser aceito pelo cirurgião. Contudo o ideal é que o paciente seja encaminhado ao médico que o operou primeiro.
Sem conhecimento de causa e estudo detalhado do caso, não é de bom tom que o médico critique seu colega sem pelo menos ter acesso ao prontuário ou conversar com o mesmo. O ideal é que ele entre em contato para saber detalhadamente o que aconteceu no pré, no per e no pós-operatório.
A relação entre médico e paciente tem que ser na base da confiança e no respeito. Há um limite tênue. O mesmo se aplica em relação aos seus colegas de profissão. Com o paciente a verdade deve reinar e nos casos de cirurgia plástica não se pode prometer mundos e fundos para o paciente: verdadeiros milagres que nem Deus consegue resolver.
E a reputação do cirurgião se vale mais pelos pacientes que ele se recusou em operar por não ter a mínima indicação, do que por aqueles que ele operou maravilhosamente bem. Em Medicina não existe ‘nunca’, nem ‘sempre’: e a palavrinha mágica é bom senso.
Em tudo há que se ter critério, calma e transparência. É necessário possuir humildade para pedir ajuda em um caso difícil ou que se requeira maior acurácia. Vivemos uma época de crise, mas principalmente de crise de afeto. Muitas pessoas escolhem Medicina ou por acharem que é uma profissão que dá dinheiro ou que nunca ficarão desempregadas ou por status por ser a faculdade mais difícil na hora da escolha do Vestibular.
O que move alguém a fazer Medicina é o amor: pelo próximo, por sua vocação, por um verdadeiro desprendimento em cuidar do outro, em querer que seu bem-estar permaneça intacto e que sua condição de saúde não seja interferida por algum procedimento médico. Fizemos um juramento, o de Hipócrates, e devemos manter fidelidade a ele até o fim de nossas existências.
Enquanto não tivermos um Sistema Único de Saúde decente, gratuito e que possa prover o melhor para a população não teremos como fornecer melhores condições à população que os procura. Sou contra a privatização, apesar de ter um plano de saúde.
Sou contra as Organizações de Saúde, as chamadas O.S., que tiram a estabilidade do emprego público. Difícil achar soluções, mas se nos empenharmos, conseguiremos achar uma luz no fim do túnel. A população que confia nos médicos, merece. A luta continua. Segundo campanha publicitária recente do Conselho Regional de Medicina, o Médico vale muito. E como vale!
Até a próxima!
Anna Barros