Iria escrever sobre as eleições que se aproximam, a incrível coincidência do julgamento de José Dirceu e José Genoíno ser na sexta feira antes das eleições e a demonstração de força dada pelo chefão da Globo Ali Kamel neste caso do Mansalão, mas irei deixar para lá. Esta semana ainda teremos uma outra “Bissexta” sobre a eleição de vereadores.
O tema de hoje será um anúncio feito pela mesma emissora ao final da semana passada: de que ela mesma irá transmitir o Grupo de Acesso do Rio de Janeiro. Como escrevi anteriormente, para 2013 os Acessos A e B foram fundidos em um único grupo, com 19 escolas, que desfilará sexta e sábado de carnaval.
Nos três últimos anos a emissora carioca comprou os direitos do Acesso A (que desfilava somente sábado) e repassou a outras emissoras: a Band nos dois primeiros anos e o SBT em 2012. O Acesso B, que desfilava terça (na foto, a homenagem da Tradição ao cartunista e escritor Ziraldo, ocorrida em 2012) não tinha transmissão comercial – apenas registros da própria entidade que coordenava o desfile e de organizações como o Sambanet.
A emissora comprou os direitos naquela ocasião a fim de afastar a possibilidade de ter a Record transmitindo estes eventos, conforme negociação que chegou a ser entabulada.
A decisão da Globo tem a ver com alguns fenômenos. O primeiro, o de aprofundar a estratégia de regionalizar a cobertura do carnaval já adotada em cidades como Porto Alegre, que mostra o desfile local e não o de São Paulo.
Segundo, a boa audiência dada pelo SBT em 2012, com um sólido segundo lugar geral. Terceiro, a meu ver, o pouco interesse despertado pelo desfile de São Paulo no público carioca.
Vale lembrar que o desfile, a princípio, terá transmissão apenas para o Estado do Rio de Janeiro.
Por outro lado, ter o desfile na Globo é algo positivo para as agremiações, ainda mais aquelas que pertenciam ao antigo Grupo B – que não tinha televisionamento. O aumento da exposição televisiva torna mais fácil o trabalho de marketing das escolas, ainda mais se estando na emissora líder de audiência. Além disso há um efeito indutor na procura por fantasias devido à maior divulgação antes do desfile.
Também deve se considerar que as escolas da Série Ouro terão o mesmo tratamento dispensado ao Grupo Especial no pré-carnaval. Eventos como a final do samba e os ensaios técnicos passarão a ser noticiados pela emissora, entre outros. Isso é bastante interessante às escolas.
Um ponto que deve ser observado é que o horário do início do desfile deverá ser alterado a fim de atender à grade da Globo. A previsão é de que o desfile se inicie às 22 horas, de acordo com fontes ligadas à entidade que coordena este grupo. Com isto, a primeira escola a desfilar nos dois dias (Unidos do Jacarezinho sexta e União de Jacarepaguá sábado), em tese, seria transmitida em vt ao final de cada noite.
O lado negativo é que, a princípio, o grupo perde a transmissão em rede nacional. O ideal a meu ver seria que houvesse algum tipo de transmissão em tv fechada, mais ou menos como é feito nas partidas de futebol – ainda que em PPV.
Aliás, em minha opinião e na de boa parte dos especialistas em carnaval – entre os quais não me incluo, sou apenas um aficcionado – a transmissão dos desfiles de carnaval tem muito o que melhorar.
Coordenada pela área de shows da emissora e não pelo jornalismo, a cobertura prima pelo tom acrítico. Tudo é divino, tudo é maravilhoso, os comentaristas não fazem quaisquer tipos de críticas a escola nenhuma – ainda quando é uma verdadeira “bomba” o que está passando – e há uma preferência por mostrar celebridades em detrimento de quem faz o carnaval.
Sem contar que a Globo coloca pessoas no alto do Setor 10, com as letras nas mãos e microfones de captação, para que cantem os sambas e dêem ao espectador um “clima de avenida”. Obviamente, algo artificial – ou seja, a reação do público presente na Passarela do Samba mostrada na transmissão fica claramente distorcida, e isso não é positivo.
Em 2012 ainda melhorou um pouco, pois toda a escola foi mostrada. Em 2010, por exemplo, a Portela teve apenas quatro dos sete setores com imagens, entre outras.
Na prática fica muito difícil se fazer uma avaliação de resultado apenas com as imagens da tv. Isso fica muito claro quando se percebe que o desfile da Mangueira de 2012, por exemplo, foi um para quem estava na avenida e outro na televisão: os evidentes problemas, em especial de harmonia, não ficaram claros.
Momentos importantes como o “esquenta” das escolas e o grito de guerra quase nunca são mostrados. Sobre este aspecto, já ouvi “em off” de mais de uma fonte da emissora que a Globo gostaria de mostrar este momento, mas fica receosa de haver alusões a mandatários de agremiações com notórias fichas corridas. É algo que nunca será validado oficialmente, mas faço o registro.
Isso sem contar que a parte jornalística da cobertura é muito reduzida. A questão se complica ainda mais quando se sabe que os sites que cobrem as escolas o ano todo, por determinação da Liesa, não podem circular pela Sapucaí – ficam restritos às áreas de armação das escolas. Esta é uma anomalia evidente a meu ver.
Outro problema evidente é o monopólio de imagens. Isso dá à emissora um poder bastante nítido, pois o diretor de imagens é que determina qual “versão” da agremiação o telespectador verá. Sabemos que a estrutura para a transmissão é bastante custosa, mas acharia viável uma transmissão em tv fechada, mais voltada ao público que se interessa pelas escolas – com comentaristas mais afeitos ao meio. Ou um terceiro canal apenas com o áudio ambiente da Sapucaí.
Vale lembrar que a emissora possui alguns slots de pay per view do futebol não utilizados nestes dias de folia, o que poderia ensejar, até, algo nesta estrutura: um canal pago à parte que funcionasse antes dos desfiles reprisando carnavais antigos, mostrasse os dois Acessos e o desfile do Grupo Especial sob um ângulo mais técnico.
O ideal seria a cessão das imagens à Tv Brasil, mas sabemos que tal fato não acontecerá dentro da lógica que envolve o carnaval carioca atualmente. Também sabemos que de acordo com especialistas do setor a Globo paga aproximadamente 40% da verba total das escolas do Especial – não sabemos como será na Série Ouro – o que obviamente lhe dá um poder discricionário bastante forte.
Em minha opinião, a transmissão dos desfiles como um todo tem bastante o que melhorar, mas ainda assim penso que é uma boa notícia esta passagem da Série Ouro à transmissão global. O aumento da exposição das escolas compensará com folga os evidentes problemas que a estrutura de televisionamento e seu direcionamento tem.
Finalizando, minha percepção é de que a a promoção e a exploração do produto poderiam ser melhores. Os clipes com os sambas do Especial não mostram sequer um terço dos mesmos e o programa com a gravação dos clipes na íntegra foi ao ar a uma da manhã de um domingo para segunda feira em 2012. O programa “Esquenta”, que vai ao ar nos domingos antes do carnaval, é um programa de samba sem sambistas.
O modelo adotado pelas escolas de samba atualmente possui muitos problemas, mas a televisão, a meu ver, é um dos menores. A transmissão é boa? Não para o público que gosta de samba. Pode melhorar? Bastante e elenquei alguns motivos e sugestões aqui.
Mas é um caso típico do “ruim com, pior sem”. E o televisionamento do Acesso pela Globo tem mais vantagens que problemas, em especial para as agremiações.
Voltarei ao tema.

P.S. – Semana passada circulou a informação de que a Record poderia comprar os direitos dos grupos de Acesso que desfilam na Intendente Magalhães. Pessoalmente não acredito, mas, a se concretizar, seria excelente para estes grupos que praticamente não tem atenção da mídia.

18 Replies to “A Série Ouro, a Globo e a transmissão televisiva”

    1. Sou a favor dessa exibição em TV fechada? a Globo tem a Multishow, que poderia passar na Tv fechada, para o resto do país. então acho que eles já deveriam ter pensado nisso?

  1. Mais um artigo esquerdóide do seguidor do apedeuta.

    A Globo tem um padrão de transmissão internacional e deve ser deixada livre para realizar o que bem entender. Ela sabe o que é melhor para seus produtos.

    Aliás, como só deveria se estabelecer quem tem competência, a Globo deveria ser monopolista no mercado brasileiro. Seria melhor para todo mundo.

  2. Mais um artigo esquerdóide do seguidor do apedeuta.

    A Globo tem um padrão de transmissão internacional e deve ser deixada livre para realizar o que bem entender. Ela sabe o que é melhor para seus produtos.

    Aliás, como só deveria se estabelecer quem tem competência, a Globo deveria ser monopolista no mercado brasileiro. Seria melhor para todo mundo.

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  3. E depois os blogueiros reclamam quando o Ali Kamel sai processando todos estes. Este artigo é um exemplo claro de desrespeito à Globo, escrito por um boçal fora de suas propriedades mentais.

  4. Nossa gente, calma pessoal! Quanta agressividade… Cada um tem direito a expressar seus pensamentos, não precisam xingar.
    Ele pode não estar escrevendo o que vcs gostariam de ler mas, daí a partir para agressão tem uma distância…

  5. A Globo sequer deveria perder tempo mostrando estas escolas de samba, que nada acrescentam a ninguém. As escolas são antros de bêbados e lascivos e que deveriam ser fechadas.

    1. Tú e um babaca, meu caro? pessoal que desfila em escolas de samba, não bebe dentro da concentração, pois senão e expulso? já que escola de samba tem de ser fechada e novela, não tem de ser exibida, pois mostra cenas explícitas. então fique calado ou mude de TV.

  6. Eu já sabia dessa transmissão da Globo, na Série A? tanto e que a LIERJ foi muito esperta ao usar o Jorge Castanheira, como intermediário. agora ao que parece o horário vai ser alterado, será que começa as 22:00. mesmo? pois a Globo adora colocar o saturado Globo Repórter no carnaval, aí a transmissão começa quase as 23:30.

  7. Espero que um dia um Homem de Deus assuma a presidência do Brasil e proíba estes antros do pecado de funcionarem. São lugares de lascívia, pecado e bebidas alcoólicas.

    Toda forma de diversão que não seja o louvor a Jesus deve ser proibida, pois são manifestações do demônio. E o autor do texto precisa de uma sessão de descarrego, pois está possuído pelo demônio.

  8. A regionalização da programação não é uma estratégia da Globo. É um projeto-lei (1991) da Deputada Jandira Feghalli (PCdoB), que regulamenta o Artigo 221 da Constituição. Se tornará uma obrigação se for aprovado. A Globo só está se adiantando ao que pode vir a acontecer.

  9. Parabéns Rede Globo,as Escolas menores, fazem um carnaval com muita garra e amor.E quem gostar de samba,com certeza irá curtir.O Carnaval é festa do povo,o Rio de Janeiro sabe receber com alegria todos que vem prá nossa folia, é só chegar e entrar no clima. Valeu!

  10. A Serie Ouro deveria ser transmitida em rede nacional e desde a primeira agremiação. Excelente comentário!!!!

  11. A Manchete sim fazia uma transmissão em que me sentia no carnaval. A Globo passa desenhos, novelas, Globo Reporter em pleno carnaval.

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