Antes de mais nada, peço desculpas aos leitores por somente estar colocando o resultado aqui hoje. Passei o final de semana acompanhando parente internado em hospital e pouco pude estar em casa.
Feita a necessária explicação, é com alegria que informo aos leitores que mais uma vez a Portela escolheu aquele que pode ser o samba do ano, tal e qual 2012.  A parceria de Wanderley Monteiro, Luiz Carlos Máximo, Tuninho Nascimento e André do Posto Sete é quem assina o samba para o carnaval 2013, para gáudio dos verdadeiros portelenses e do escriba deste post.
Aliás, na última quinta feira este blog acertou na mosca o resultado.
Não nego que sou amigo de um dos autores do samba, mas em termos de Portela sempre torço para aquela que é a melhor composição a nos representar na avenida. Quando coincide, como ocorreu nestes dois últimos anos, melhor ainda.
Vale lembrar que este resultado portelense sinaliza uma mudança importante na política da escola. O Diretor de Carnaval Júnior Scafura, imbatível outrora, é derrotado pelo segundo ano consecutivo. Isso deve ter reflexos nas eleições que se aproximam na escola, logo após o carnaval de 2013.
O samba campeão ainda teve de superar uma apresentação problemática da bateria para obter a vitória na última sexta feira. Mas o Portelão lotado levou o samba no gogó e deixou claro que era a melhor opção para representar a Águia no desfile oficial.
Este resultado também é importante por significar a resistência portelense às chamadas “firmas” de samba enredo, grandes ajuntamentos de compositores que escrevem em várias escolas. Os autores do samba portelense para 2013 são da casa, e, mais importante: quem assina é quem realmente faz.
Vamos à letra do samba campeão, que deve sofrer pequenos ajustes na melodia para sua gravação oficial:
“E lá vou eu cantando com a minha viola
O amor tem seus mistérios 
Por onde me deixo levar 
Laiá 
Nossa história começa por lá 
No engenho da fazenda 
Dos cantos de “canaviá” 

Bate o sino da capela 
Ôi… Que é dia de santo, sinhá

Tem mironga de jongueiro 
O tambor me chamou pra dançar

Tempo rodou na roda do trem e veio 
A inspiração do partideiro 
Que versou no mercadão 
Foi nesse chão 
Que a estrela brilhou no tablado 
O “madura” pisou no gramado 
O malandro charmoso dançou 
No pagode com outro gingado 
Quando o bloco chegou 
Agitou o suingue do black 
E a nega baiana girou

Cai na folia, sem grilo, meu bem vem na fé
Na ilusão da fantasia
Vai como pode quem quer

Surgiu a Serrinha imperial 
Em outros caminhos para o mesmo ritual 
Portela, meu orgulho suburbano
Traz os poetas soberanos nesse trem para cantar
Que Madureira é muito mais do que um lugar 
É a capital de um sonho que me faz sambar

Abre a roda, chegou Madureira
A poeira já vai levantar
O batuque ginga ioiô
Ginga iaiá”

Sobre outras escolas, como já se sabia desde priscas eras, a parceria “galáctica” da Vila Isabel (André Diniz, Martinho da Vila e Arlindo Cruz) venceu a disputa e deve disputar com o samba portelense os prêmios de melhor do carnaval 2013.
A meu juízo, é um samba muito bom, mas que talvez não obtivesse a repercussão que teve se não tivesse as assinaturas famosas que tem. Por outro lado, a disputa da Vila se configura complicada, porque André Diniz, dono de um imenso talento, possui uma posição de poder bastante monolítica dentro da agremiação, o que torna bastante desigual a disputa.

O leitor pode ver abaixo a apresentação do samba vencedor.

Na União da Ilha, uma vez mais a política prevaleceu na escolha e, em minha opinião e na de muitos analistas, se escolheu aquele que era o pior samba da final, o da parceria de Junior, Ginho e outros. Vinícius de Moraes merecia um samba mais melodioso e, acima de tudo, menos chato. Pena.
Aliás, este é um ponto que se deve frisar: as escolhas como um todo vem privilegiando fatores políticos acima de outros fatores, com raras exceções como a ocorrida na Portela. A qualidade do samba, decididamente, vem ficando em segundo plano na maioria das agremiações.
Além disso as chamadas “firmas” de samba enredo este ano estão consolidando seu domínio absoluto, em especial no principal grupo de escolas cariocas.
Ressalte-se também a escolha da Grande Rio, que optou por uma composição até bastante razoável tendo em vista o enredo panfletário sobre os royalties do petróleo.

A safra de samba 2013 vem se configurando até bastante razoável tendo em vista a quantidade de enredos disparatados escolhida este ano. Dois sambas de antologia (Portela e Vila, novamente) e alguns bastante interessantes.

(Vídeos: Carnavalesco)

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