Neste domingo, a coluna “Orun Ayé” do compositor Aloisio Villar faz um balanço da temporada do futebol brasileiro e escreve algumas notas sobre a situação da Portela.
Estive no Flamengo e Vasco do último sábado (foto) e meu veredicto é definitivo: tirando a dupla de zaga e Vágner Love, os outros oito jogadores que iniciaram a partida precisam imperativamente ser dispensados.
O futebol em 2012
Nesse domingo, praticamente chega ao fim a temporada 2012 do futebol brasileiro. Digo praticamente porque em duas semanas ainda teremos o Corinthians em sua saga buscando o título mundial e o São Paulo na final da Copa Sul Americana.
Tivermos de tudo nessa temporada. Ídolos vaiados, quebras de contrato, conquistas inéditas, campeonatos xexelentos, grandes caindo, técnicos demitidos. Enfim: um ano como outro qualquer.
Mas uma coisa é certa vendo esta temporada: o futebol brasileiro precisa ser repensado.
O ano começou como começaram todos os anos de 2010 pra cá e esses anos terminaram: com Patrícia Amorim envergonhando os torcedores do Flamengo.
Uma pré temporada conturbada, com brigas entre o técnico Wanderley Luxemburgo e o jogador Ronaldinho Gaúcho – com o primeiro acabando demitido tal como foi em 1995 quando ele brigou com Romário.
Pela desorganização o clube perdeu peças importantes como Thiago Neves, viu jogador recusando-se a viajar por falta de pagamentos como Alex Silva e a conseqüência de toda essa desorganização veio em um ano péssimo.
Eliminação logo na primeira fase da Libertadores, eliminação no campeonato carioca – forçando o clube a realizar “férias forçadas”, fraco campeonato brasileiro e o auge da incompetência ao ver Ronaldinho Gaúcho abandonar o clube e cobrar 40 milhões na justiça.
E o torcedor do Flamengo viu seu ex jogador Thiago Neves campeão brasileiro e seu ex treinador Wanderley Luxemburgo brigar pelo vice campeonato com seu ex jogador Ronaldinho Gaúcho.
Um ano para se esquecer e que espero que comece a ser esquecido amanhã nas eleições presidenciais do clube.
Ao contrário do clube mais popular do Brasil, o segundo mais popular teve um grande ano, o melhor de sua história. Falo do Corinthians.
Começou o ano campeão brasileiro, com um técnico que deu padrão tático ao time de tal forma que fez uma Libertadores perfeita. A competição sempre foi um grande trauma para sua torcida e motivo de gozação para os adversários. Acabou conquistada de forma invicta, em uma das melhores campanhas da história da competição.
E ao contrário dos outros clubes que conquistou a competição não desistiu do ano. Não fez um brasileiro como poderia, mas fez uma campanha digna alcançando até agora o quinto lugar da competição. O técnico Tite fez experiências, testou jogadores, deu folga a outros e o time parece chegar forte ao mundial. O brasileiro com mais chances de conquistas dos últimos anos.
O clube que era uma bagunça igual ao Flamengo se organizou. Tudo bem que teve ajuda do presidente Lula e de outras esferas de poder, mas teve competência também. Conseguiu patrocinadores fortes, contratou grandes jogadores que impulsionaram seu nome e marketing e por fim o seu estádio, a Arena Corinthians – que será palco da abertura da copa.
Faz o caminho inverso do Flamengo e se isso continuar por mais alguns anos pode obter a supremacia do futebol brasileiro.
Cruzeiro, Santos e Inter decepcionaram, pois se esperava mais destes clubes pela seqüência recente de conquistas. O Grêmio voltou a viver um bom ano e vive a expectativa da Libertadores com sua nova arena. São Paulo com Ney Franco dá sinais que pode voltar a ser o grande São Paulo da década passada.
Botafogo e Atlético Mineiro deram mostras de sobrevida através de craques. Botafogo ousando contratando Seedorf, Atlético arriscando e contratando Ronaldinho.
Os dois deram certo. A contratação do holandês foi uma grande ousadia do Botafogo, clube acostumado à depressão que resolveu levantar a cabeça e mostrar sua grandeza. O título não veio, nem a Libertadores, mas o clube faz uma boa campanha e mostra que mantendo o elenco com algumas contratações pode ter um 2013 promissor.
O Atlético também não ganhou o brasileiro, mas recuperou a auto-estima. Manteve o técnico Cuca que lhe salvou do rebaixamento no ano anterior (como fez com o Fluminense em 2009), contratou reforços pontuais, um grande craque e alcançou a Libertadores. Fica a frustração de não alcançar o título, mas a esperança de um 2013 de conquistas caso mantenha o elenco.
Vasco começou bem o ano, como foi seu ano todo de 2011, mas desmanchou o elenco e acabou de forma terrível. A administração Roberto Dinamite parece naufragar ao meio de desorganização e dívidas.
Palmeiras foi do céu ao inferno em questão de meses. Desde 1976 vive problemas políticos e administrativos não conseguindo ganhar títulos sem o auxílio de uma parceria. Ganhou a Copa do Brasil esse ano e se iludiu que teria um bom elenco, mesmo com essa competição não contando com os principais clubes do futebol brasileiro.
Ficou quase o brasileiro todo na zona de rebaixamento e a queda, a segunda em dez anos, foi confirmada com dois jogos de antecedência em um empate com o Flamengo. O Palmeiras é um bom exemplo da forma como o futebol brasileiro é dirigido. Um grande clube que agoniza na mão da incompetência e tem que se virar ano que vem tendo que montar time ao mesmo tempo para disputar a Libertadores e a série B.
Assim como no Flamengo o Palmeiras viverá eleições e elas sempre são um momento de esperanças, de mudanças.
O Fluminense foi o campeão brasileiro. Campeão com três rodadas de diferença e chegamos à última com um campeonato sem emoção nenhuma, aonde a única briga é pra evitar a última vaga do rebaixamento. Dizem que pontos corridos é o sistema de campeonato mais justo. Eu já penso que justiça tem que a ver em julgamentos, em distribuição do dinheiro para educação, saúde, segurança. Esporte não é lugar de justiça e sim de emoção.
O campeonato brasileiro foi o mais xexelento, mais sem emoção da história, mas o Fluminense tem nada com isso. O tricolor sofreu uma fase muito ruim nos anos 90 passando por três rebaixamentos consecutivos e desde então recebeu o patrocínio da UNIMED.
De 2007 para cá esse patrocínio começou a gerar frutos. Ganhou a Copa do Brasil daquele ano, foi finalista da Libertadores de 2008 e da Sul Americana 2009, ganhou os brasileiros de 2010 e 2012.
Triplicou suas dívidas, é hoje o clube mais endividado do Brasil e ninguém sabe como será seu futuro no dia em que romper com a patrocinadora.
Mas o seu presente é muito bom. O Fluminense vive um momento histórico, talvez o melhor momento da história do clube. Têm um time com super craques, outros sendo revelados da sua base em Xerém e parece que sua conquista de Libertadores é questão de tempo.
Sobrou no campeonato brasileiro desse ano e ainda luta pra se tornar o melhor campeão da história dos pontos corridos. Mas não joga um futebol que me agrada e nem agrada à maioria dos torcedores. Tomou sufoco, levou pressão em quase todos os jogos e ganhou porque tem um elenco forte, que conseguia vencer através de “momentos cirúrgicos”.
O torcedor tricolor não quer saber dessas coisas: quer ser campeão. Mas analisando o futebol do Fluminense (melhor time do Brasil) e Barcelona (melhor time da Espanha), nós vemos o porque do momento dos dois países no cenário mundial.
E o auge dessa bagunça que é o futebol brasileiro aconteceu agora, com a demissão do técnico Mano Meneses.
A CBF teve um ano e meio para demitir o Mano: na verdade era nem pra ter contratado. O treinador teve fraco desempenho durante um bom tempo, perdeu Copa América de forma vexatória, não conseguiu ganhar de nenhum top 20 do futebol mundial. Mas quando as coisas pareciam se ajeitar, quando ele conseguiu dar padrão ao time e esperanças ao torcedor foi demitido.
E o pior, foi demitido não por questões técnicas, mas questões políticas e o pior ainda: seu substituto será o Felipão, que ganhou esse prêmio depois de ter ajudado no rebaixamento do Palmeiras.
Podiam ter contratado Pep Guardiola, melhor técnico do mundo que disse que viria correndo: mas preferem a xenofobia, o nacionalismo exacerbado e descartaram o treinador. Bobagem, porque o mais brasileiro dos técnicos hoje é ele.
Mas é capaz de ainda com toda essa confusão o Brasil ser campeão do mundo: eu não duvido.
Deus é brasileiro e gosta de futebol.
Portela
[N.do.E.: providências estão sendo tomadas a fim de reverter esta situação.]
Não tem nada a ver com futebol, mas tem a ver com desorganização. Não sou torcedor da escola, não está entre minhas cinco agremiações preferidas, mas a obrigação de todo sambista é pelo menos ter respeito pela Portela.
E como sambista fico estarrecido com a forma que a agremiação vem sendo tratada por seus comandantes. Barracão parado, funcionários sem receber, corte de luz e, semana passada, carro de som em greve. Para o bem do carnaval faz-se preciso mudanças urgentes e se o senhor Nilo Figueiredo tem algum amor pela Portela ou mesmo alguma vergonha na cara é hora de pedir o boné e sair.
Meu total apoio aos meus amigos portelenses e à maior vencedora do carnaval carioca.
Deixe a Portela passar, é voz que não se cala, é canto de alegria no ar. Orun Ayé!