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Temos a estreia de uma nova coluna hoje. É a “Saúde e Batom”, assinada pela jornalista Raphaele Ambrosio. O foco será a saúde da mulher e aquelas coisas que o sexo feminino sempre admira como sapatos, bolsas, esmaltes, moda e coisas correlatas. A coluna será semanal, normalmente às quartas feiras, embora esteja estreando hoje.

Na coluna inicial o tema é um mal que aflige a mulheres em idade reprodutiva: a endometriose.

Endometriose: A doença da mulher moderna

Caro leitor, a convite do Migão teremos um cantinho para falar de tudo… O que as mulheres gostam: moda, saúde, dica cultural feminina, beleza, conquistas. Venham trocar experiência e divirtam-se – mas hoje o assunto é sério.

Cólica forte antes, durante ou pós período menstrual, dores na relação sexual com seu parceiro, dificuldade para evacuar ou até mesmo para urinar e infertilidade. Se você tem esses sintomas, cuidado! Você pode ser portadora da Endometriose.

A Endometriose, curiosamente, conhecida como a doença da mulher moderna (muitas optam em ter seus filhos mais tarde, por conta da carreira), acomete mulheres em sua fase reprodutora. A faixa etária varia entre os 15 e os 45 anos ou até a mulher entrar na menopausa. Muitas podem possuir a doença, mas não se dão conta. Afinal, cólica, para muitas, é normal – só que é justamente ai que mora o perigo. Mas antes de entrar nessa questão, entenda um pouco sobre a doença.

A Endometriose consiste na presença de células endometriais em locais fora do útero. O endométrio é a camada interna do útero, renovada mensalmente pela menstruação. É um transtorno ginecológico comum, atingindo entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva. Os locais onde podem ocorrer focos de endometriose: ovários, peritônio pélvico e a área entre o útero e o reto (septo retovaginal), intestino, bexiga, diafragma, vagina e parede abdominal.

O diagnóstico pode ser obtido através de um simples toque vaginal/ retal feito por um ginecologista. Mas a confirmação requer exames mais detalhados, como TC, RM, CA 125, Ultrassonografia, Videolaparoscopia – sendo essa muito utilizada por sua eficácia – ecografia, entre outras. Ao fazer o toque vaginal, o médico busca espessamento e/ou dor em ligamentos útero-sacros.

Após diagnosticada com a doença, começa uma luta que muitas das vezes chega a ser desesperadora, uma vez que o tratamento é a longo prazo e não é barato. Algumas mulheres, por conta do grau da doença, precisam tomar injeções que custam até R$700 a ampola. Fora os remédios chamados de SOS, que não podem faltar à portadora, pois sem eles fica difícil até para trabalhar e levar uma vida social/afetiva normal.

O tratamento mais recomendado é o uso da pílula anticoncepcional, pois ela ajuda com sua dose de hormônio a regredir a doença. Alguns ginecologistas a receitam para uso contínuo, tendo assim, a suspensão da menstruação, já que é o excesso sanguíneo que ajuda a proliferar a doença. Esse método é usado em portadoras de endometriose Minima ou Leve.

Para portadoras da Endometriose Moderada, o mais frequente é a videolaparoscopia. Um exame que ajuda o médico a ter uma visão melhor da doença e a retirada da mesma. A vídeo é simples: são feitos três furos na barriga da mulher (um no umbigo e dois na altura da cesária), utilizando material cirúrgico especial e um sistema video endoscópico constituído de uma micro-câmera.

Em geral, o procedimento dura no máximo duas horas. A paciente recebe alta no dia seguinte à cirurgia e a recuperação é branda. Em alguns casos, pode ser necessário o uso do Zoladex, remédio que introduz a menopausa precoce – o tal do remédio que custa R$ 700 cada ampola. Mas, calma, leitora! Com sorte, a portadora pode conseguir pelo SUS, através da biopsia feita e com o relatório do médico explicando a gravidade da doença.

Já para quem tem a Endometriose Profunda, a situação é mais grave: sem saída, o médico opta por retirar todos os órgãos acometidos pela doença, principalmente se a mulher já tem filhos e não pretende ter mais.

Adicionando a esses tratamentos, existem alguns recursos chamados de “extra” que podem ajudar também, como por exemplo: acupuntura, exercícios físicos, dieta moderada, terapia, chá calmante, bolsa de água quente…

Como muitos médicos falam, ela é “uma doença ingrata “. Em muitos casos, a mulher não consegue levar uma vida normal.

Muitas reclamam que perderam emprego, marido/namorado, amigos se afastaram, fora a depressão que resolve aparecer para piorar de vez. Algumas são obrigadas a conviver com o escape diário, enjoo, dores de cabeça, inchaço abdominal e isso pode sim interferir na vida pessoal e profissional da portadora, fora os sintomas típicos da doença. A mulher vê a vida ruir e não tem perspectiva. Elas lidam com três tipos de dor: a física, a emocional e a de carregar a duvida se poderá um dia, ter ou não, seu tão sonhado filho. Essa, para muitas, é a pior das dores.

A Endometriose, ainda, não tem cura. Mas existe tratamento. Se você suspeita ser uma portadora, procure um médico. Repetindo: ter cólica não é normal!

5 Replies to “Saúde e Batom – “Endometriose: A doença da mulher moderna””

  1. Parabéns, Raphaele. Texto muito bom, que sirva de alerta para muitas mulheres que pensam que cólica é normal. Nota 10.

  2. Parabéns Raphaele, excelente texto não conhecia muito sobre a doença e realmente é muito grave, sempre senti cólicas e considerei “normal”.

  3. Convido as amigas a visitarem o restante do blog, sempre com artigos diferenciados. Sejam bem vindas!

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