Nesta quarta, a coluna “Cerveja, Prazer!”, do especialista Nicholas Bittencourt (comigo na foto do post, tirada no último domingo) analisa os altos preços da cerveja durante a Copa das Confederações e traça um paralelo ao valor das cervejas especiais. Lembro ao leitor que nas competições nacionais a cerveja é proibida não somente dentro dos estádios como em seu entorno, sendo a exceção aberta apenas para as competições da Fifa.

Não é por vinte centavos! É pelo preço da Brahma nos estádios!

Nunca fui uma pessoa chegada a futebol. Na adolescência tentava jogar com os amigos na quadra do clube, mas por uma obrigação de inclusão social. Minha falta de coordenação motora nas pernas explica isso, mas dada a festa da Copa da Confederações, não poderia deixar de ir a um jogo ao menos.

Fui ao Maracanã no dia 16, onde Itália e México se enfrentariam pelo grupo B. Festa linda, organizada e consegui chegar ao estádio e até ao meu lugar (marcado) sem problemas. Quem diria?

Por chegar com quase duas horas de antecedência, consegui, literalmente, meu lugar ao sol, que estava quente e pretendia se manter até o início da partida. Não pensei duas vezes: preciso de uma cerveja!

Os vendedores rodavam as arquibancadas com seus isopores e as ofertas, claro, eram compatíveis com os patrocinadores do evento: Brahma ou Budweiser. Os preços? Para inglês ver, já que, ao que parece, eram calculados em libras esterlinas. A nacional era cotada a 9 reais e a importada (de Jacareí), a módicos 12 reais.

Ao menos, ao comprar a cerveja, recebíamos um copo de acrílico que poderia ser reaproveitado seguindo o conceito de um evento sustentável, pensei erroneamente. Quando perguntei ao vendedor se havia um desconto na segunda cerveja, por já possuir o copo, ele se limitou a rir.

Vida que segue… Sol baixou, México perdia de 2 a 1, e passava outro vendedor de cerveja, já faltando 10 minutos para encerrar a partida. Já não estava bebendo, mas ouvi um rapaz próximo pedir uma cerveja. Só que nesse momento, a Brahma já custava 10 reais. Como assim, Bial?

Talvez o Migão consiga explicar os conceitos econômicos envolvidos no processo inflacionário sofrido pela cerveja durante a partida. Eu só consigo pensar que, sem concorrência dentro do estádio, funciona o “efeito balada” nas bebidas, onde a pessoa paga ou morre de sede. Os vendedores, por sua vez, tentavam conseguir um trocado a mais superfaturando as cervejas que ainda restavam. [1]

Foi no fim da partida, quando vi um rapaz sair com cinco ou seis copos de Budweiser nas mãos, que fiz uma rápida conta e constatei que ele teria gasto próximo a 60 reais durante o jogo.  Esse mesmo tipo de pessoa que, quando oferecemos uma cerveja diferente, não a rejeita pelo sabor, mas pelo preço oferecido, aquele com 70% de impostos.

Por isso que, quando vejo as manifestações na rua, dou meu apoio. Sei que não estão lutando apenas por vinte centavos, mas também pela diminuição no preço da cerveja, no estádio ou fora dele.

[N.do.E.: “efeito balada” que, em economês, também atende pelo nome de monopólio. Quanto ao preço majorado pelo vendedor, a venda de cerveja foi encerrada quinze minutos antes do término da partida, ou seja, aquelas provavelmente eram as últimas latinhas disponíveis]

One Reply to “Cerveja, Prazer! “Não é por vinte centavos! É pelo preço da Brahma nos estádios!””

  1. Tenho uma sugestão de protesto ainda melhor: não comprar.

    Continuar comprando e querer que o preço caia, por mágica, é contra-senso.

    Veja por vc: se as pessoas consomem o seu produto a 100 reais e se isso lhe garante um bom lucro, pq raios vc vai baixar o preço?

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