Hoje a coluna do jornalista esportivo Fred Sabino analisa o futebol brasileiro a partir da goleada sofrida pelo Santos junto ao Barcelona (acima, em foto do portal Uol).

Alerta sem alarmismo – e é gol do Barcelona

Na última semana, o Santos Futebol Clube foi ao estádio Camp Nou para enfrentar o Barcelona e o que se viu foi uma humilhação daquelas para jamais ser esquecida. Amigos santistas mais exaltados definiram a vitoria barcelonista por 8 a 0 como a maior humilhação sofrida em mais de cem anos do clube paulista.

Certo. Para um time que teve grandes jogadores do nosso futebol como Pelé, Pepe, Coutinho, Toninho Guerreiro, Clodoaldo, Pita, Diego, Robinho e, mais recentemente, Ganso e Neymar, foi de fato algo humilhante. Mas há de se considerar as circunstâncias da partida amistosa.

Encarar o jogo como uma festa talvez tenha sido o grande erro do Santos. É claro que o Barcelona é muito mais qualificado tecnicamente, ainda mais com a presença de Neymar, cuja saída, diga-se de passagem, enfraqueceu bastante o Peixe. Mas o Santos entrou em campo achando que ia perder, mas não de tanto.

Só que do outro lado havia um time não só melhor, mas com muitos jogadores que precisam mostrar serviço já que um novo técnico foi contratado para substituir o adoentado Tito Vilanova. E o próprio Neymar fazia sua estreia no Camp Nou e, claro, iria entrar ‘rasgando’ em campo.

Então, levando em conta as diferenças técnicas e de “pegada” (como está na moda dizer), aconteceu o desastre santista. Mas, imagino eu, em circunstâncias normais, com os dois times a 100% de suas forças e determinação, o placar poderia ser dilatado, mas não tanto assim.

Alguns alarmistas afirmaram que a goleada sofrida pelo Santos mostra a decadência do futebol brasileiro em relação ao europeu e que outros clubes perderiam até de forma mais feia. Não acredito em tamanha diferença, tanto que o Brasil ganhou a Copa das Confederações – ou seja, morto o futebol brasileiro não está.

Levando para os clubes, consigo ver hoje duas equipes brasileiras em condições de encarar uma partida para valer com os times europeus: Corinthians e Atlético Mineiro. Mas, se é um número baixo ainda, dizer que todo mundo seria saco de pancada é um exagero.

Fato é que engana-se quem pensa que os times europeus entram nesses amistosos e torneios de verão com o freio de mão puxado. É claro que divididas mais fortes e correria desenfreada são evitadas. Mas o profissionalismo faz parte dos europeus em qualquer atividade. E no futebol não é diferente.

Talvez seja a mentalidade brasileira que precise ser mais constante. Voltando à Seleção Brasileira, o foco e profissionalismo com que Felipão e seus jogadores encararam a Copa das Confederações é exemplar. Mesmo ainda precisando evoluir, o Brasil entrou com apetite e foi campeão.

O Santos não entrou em campo contra o Barcelona com apetite. Ficou esperando o Barcelona, este sim com vontade de jogar, e acabou facilmente envolvido. A lição que fica é que foco e apetite precisam ser palavras de ordem em qualquer atividade no nosso futebol.

Seja em relação aos dirigentes, treinadores e jogadores. Com objetivos bem traçados, planejamento e, sobretudo, determinação, é possível superar as limitações dos clubes brasileiros em relação aos europeus.

Afinal, diferenças técnicas à parte entre Barcelona e Santos, não é para um time brasileiro de ponta perder de oito para ninguém.

P.S.: já é amanhã… goool do Barcelona…