Hoje a coluna do advogado e portelense Rafael Rafic volta a falar da disputa de samba da Portela para o carnaval 2014. Lembro sempre aos leitores que o artigo expressa a opinião do colunista, não refletindo meu posicionamento ou opinião.
Disputa da Portela, Semana 3
Nessa semana tivemos na Portela a terceira apresentação dos sambas de ambas as chaves ainda vivos no concurso de samba-enredo. Na 6a feira tivemos a chave azul e no domingo a chave branca. Ambas tiveram uma passada sem bateria e três com.
Começaremos pela chave azul.
Como novidade, vi a Portela voltar aos seus tempos idos e colocar um grupo de pagode para abrir em ambos os dias. Ponto para a nova diretoria. Logo após, tivemos o esquenta da bateria e a apresentação do casal oficial de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus (antigo Diogo Fran) e Daniele Nascimento ao som dos sambas de sempre repetidos algumas vezes: Hino da Portela e os sambas de 2012 e 2013.
Quanto as apresentações dos sambas concorrentes, o destaque vai para o samba de Waldir 59 que se recuperou das péssimas passagens anteriores e fez a melhor passagem até aqui de um samba desta chave. O feito se torna maior ainda porque foi feito apesar do intérprete, que mais uma vez não foi bem. Logo abaixo, coloco a apresentação de Espanhol/Sylvio Paulo, que também passou muito bem na primeira vez que eles puderam se apresentar sem problemas no som. Abaixo desses dois, posso colocar no mesmo grupo das passagens apenas corretas os sambas de Noca da Portela, Celso Lopes e Fernando Bom Cabelo.
Em tempo: som muito bom as duas noites inteiras, nenhuma parceria pode reclamar. Parece que depois de muito sofrer, acertaram a melhor programação de som para a complicadíssima acústica do Portelão.
Nesta chave gostaria de ressaltar duas observações: 1) é impressionante como o samba de Noca (acima), mesmo trazendo boa quantidade de torcida e tendo o trunfo de contar com Gilsinho no palco, consegue deixar a quadra muda. Assim como nas apresentações anteriores, Gilsinho ficou puxando o samba sozinho e não se percebia resposta de qualquer um na quadra que não fosse os bracinhos da torcida (muda).
2) apesar do Wander Pires ir bem no palco, o samba de Celso Lopes (tido como um dos favoritos) morre na quadra! A torcida (que até canta o samba, mas só percebe quem presta bastante atenção) fica correndo a quadra tentando disfarçar, mas é a segunda apresentação consecutiva em que esse “clima down” ocorre nesse concorrente.
Por fim as parcerias de Barão, Jorge Moreira e Gerson PM (sem Nino no palco) não foram bem. Especialmente a última parceria conseguiu em uma das passadas um desencontro total de palco, cavaquinho e bateria.
Ao fim foram cortados os sambas das parcerias de Barão, Juan Espanhol/Sylvio Paulo e Jorge Moreira. Mais uma vez discordei do corte. Se na semana passada achei bastante prematuro os cortes de Aloisio Villar e Edson Batista, a ponto de me exaltar e exagerar nas reclamações nas mídias sociais, dessa vez discordei veementemente do corte de Espanhol.
Esse corte foi tão inesperado que não se falava em outra coisa na quadra nas apresentações de domingo. Em qualquer rodinha de conversa que se formava a pergunta inicial era a mesma: o que aconteceu com o samba do Espanhol?
Não ficaria surpreso com mudanças na comissão julgadora na semana que vem; ficou uma sensação que algo ocorreu no meio do caminho, em total dissonância ao pregado pela nova diretoria. Palpite meu, que fique claro ao leitor.
Na minha opinião, a parceria de Gerson PM e Glorioso deveria ter caído no lugar. O resultado disso é que, logo após, Espanhol anunciou que se aposentou das disputas de samba-enredo.
Perde o samba, que fica sem um de seus maiores compositores e, principalmente, perde a Portela um quadro qualificadíssimo em sua ala de compositores, justamente nesse período em que estamos tentando fortalecê-la com grandes nomes que não precisam usar dos “serviços” de um escritório. Um dos momentos mais marcantes da madrugada de sábado foi ver as próprias lendas vivas, Juan Espanhol e Sylvio Paulo, distribuindo a letra do samba pessoalmente na quadra inteira.
Por fim, abro aqui a campanha para que Cremilson seja o produtor oficial da playlist que o palco oficial da escola canta ao final das apresentações. Sempre que permitem a ele puxar uma música, ele lembra algo muito bom da própria Portela que andava esquecida. Na 6a feira foi a vez dele relembrar o belo samba da Portela de 88 que andava há muito ausente da quadra (que já havia sido cantado na feijoada da semana retrasada, segundo relato do editor).
Já sobre o domingo, após a apresentação do 2º casal ao som dos protocolares Hino da Portela e do samba de 2013, a mesma ladainha de sempre. Apresentações bem fracas entremeadas pelas boas passagens de Máximo e Davi Correa.Máximo (acima, com Tuninho Nascimento) mais uma vez passou muito bem, mesmo sem Tinga no palco. Não foi uma apresentação arrebatadora, mas, sem qualquer dúvida, a melhor apresentação das duas noites.
Em um patamar abaixo ficou a apresentação de Davi Correa, de novo a 2ª melhor das 2 noites. O único pecado foi a queda do samba na última passada, muito por causa da inexplicável atitude de Preto Joia, que simplesmente começou a sambar de braços abertos e quase não cantou a última passada, deixando tudo em cima do próprio Davi Correa. O samba em seu refrão principal tem uma melodia bastante semelhante à composição do próprio Davi que foi para a avenida em 1985, pela Unidos de Vila Isabel.
Conserva vai e conversa vem na quadra, cada vez mais fico com a impressão que todas as opiniões na Portela estão convergindo para a escolha do mesmo samba, o de Máximo e Toninho. A todas as pessoas que pergunto a preferência, de áreas diferentes da escola, se abrem e confessam que querem o samba do Máximo. Interessante notar que até agora sequer um “não sei” ou “não quero revelar” foi-me respondido.
Também começa a ficar claro que nesta disputa não tem como o samba de Davi Correa ficar fora da final. Assim sobraria uma vaga na final para os outros oito sambas se engalfinharem (vaga essa que, para mim, seria de Espanhol).
Vários patamares abaixo, ainda menciono a apresentação da parceria de Apparicio que vinha bem até que no refrão do meio da 2ª passada Rixxa deixou o samba com só com a torcida o refrão inteiro. A torcida, mesmo que pequena, correspondeu bem e até cantou, mas Rixxa demorou bastante a se acertar na volta e o samba nunca mais se encontrou.
Ao fim foram cortados dois sambas: Paulo Apparicio & cia e Ari Jorge, Cristiane Mazarim & Cia. Não eram os piores sambas ainda na disputa na chave, mas quem frequenta a Portela sabe exatamente porque esses sambas caíram, em uma decisão que tem meu total respaldo.
Assim 10 sambas continuam na disputa. São eles:
Chave Azul
– Waldir 59, Gadelha, Newton da Portela e Celso do Cavaco;
– Noca da Portela, Darcy Maravilha, Alexandre Fernandes, Prof. Sonia Pedro e Eli Penteado;
– Gerson PM, Beto Martins, Marcos Glorioso, Junior Big e Ailton Guimarães;
– Fernando Bom Cabelo, Badá, Karlinhos Madureira, Fininho e Paulinho Rocha;
– Celso Lopes, Charlles Andre e Vinicius Ferreira;
Chave Branca
– LC Máximo, Toninho Nascimento, Waguinho, Edson Alves e J. Amaral;
– Davi Correa, Canário, Matos e Ricardo;
– Jorge do Batuke, Perique, Tiãozinho Sapê e Bronson;
– Celsinho de Andrade, Pecê Ribeiro, Raul Lauar e Valtinho Botafogo;
– Madalena, Ribeiro Sorriso, Dinho de Madureira e Henrique Poesia;
Por fim, aproveito essa coluna para comentar outro fato que tenho notado nesta disputa portelense.
Não é novidade que o fechamento da ala de compositores da nossa escola não impediu uma grande revoada de pombos na disputa desse ano. Isso não me impressiona porque, apesar do fechamento, dentro do grupo fechado há uma considerada população de “columbófilos”.
Porém o que está me chamando a atenção são as novas espécies de pombos que foram criadas em Madureira neste 2013: assim tivemos o surgimento do Pombo Platinum (nome criado pelo editor em “homenagem” à famosa linha de cartões de crédito alta renda, que alias não é exclusividade da Portela; significa gente consagrada assinando), e o pombo terceirizado (não satisfeito em receber um samba do escritório de fora para apresentar na escola, por algum motivo o “comprositor” não entra na disputa e ainda entrega o samba a um terceiro para este sim assinar o samba).
Fatos rápidos:
– Nessa semana já teremos a junção das chaves. Então os 10 sambas restantes já se apresentarão juntos na 6ª feira, dia 20, as 23h no Portelão
– Playlist do encerramento de 6ª feira: Contos de Areia (Portela 84), Portela na Avenida, Canto das Três Raças (em uma fantástica interpretação de Rixxa), Foi um Rio que Passou em Minha Vida e Lendas Cariocas, os sonhos do Vice-rei (Portela 88).
– A playlist de domingo já foi bem maior pois a apresentação durou 45min em um show de apresentação do Rixxa: Lapa em Três Tempos (Portela 71), Foi um Rio que passou em Minha Vida (3ª vez consecutiva que Rogerinho puxa essa música), Gosto que me Enrosco (Portela 95), Contos de Areia, Tributo a Vaidade (Portela 91), Portela na Avenida, Adelaide a Pomba da Paz (Portela 87), O Mundo Melhor de Pixinguina (Portela 74), Hoje Tem Marmelada (Portela 80), Lendas e Mistérios da Amazonia (Portela 70 e 2004), Das Maravilhas do Mar Fez-se o Esplendor de uma Noite (Portela 81) e Hino da Portela.
– Palco oficial completo na 6ª feira, mas Wantuir não veio no domingo. Rixxa, Rogerinho e Cremilson seguraram.
– Serginho Procópio e Marcos Falcon presentes a ambas apresentações mais uma vez.
(Fotos: Blog Compositores da Portela)
[N.do.E.: o leitor deve se lembrar do post sobre um samba concorrente da Acadêmicos da Cubango que coloquei aqui semanas atrás. Pois ele venceu a disputa e será a composição oficial da agremiação para o carnaval 2014.]
Seria uma boa mesmo mudar o júri. Acho que tudo tem que ficar do nível que essa nova Portela quer e o júri não está.
Sobre a acústica na quadra da Portela, acredito que uma mudança no posicionamento da Bateria poderia melhorar o som na quadra…
A Bateria fica posicionada sempre do lado direito de quem chega a quadra, gostaria de ver essa Bateria posicionada do lado esquerdo de quem chega, seria interessante…
Estive na Portela na sexta-feira e achei o samba do Celso Lopes disparado como a melhor apresentação…
Gabriel,
Respeito sua opinião, mas mantenho a minha. Os sambas do Waldir e do Espanhol passaram muito melhor, até mesmo no fator “contágio” fora do movimento da torcida.
hehehehe… Só pra te pilhar, por vc ser Toninho Nascimento Futebol Clube… rs
Saudações Portelenses!!!
Só faltou citar que o samba do Máximo e Do Toninho faz de cada apresentação uma final, resultdo de todo din-din insvetido pelo André do Posto 7 disfaçado de Waguinho, Edson Alves e J. Amaral. O André do Posto 7 é o cara afinal AMIGO do Nilo Figueiredo
Pena que ninguém está postando video das apresentações na Portela esse ano. Queria poder ver a apresentação do samba do Espanhol que considerava lindo. Tbem quero ver o melhor de todos na quadra LCM e cia.
Sugiro que leia a sinopse e analise os sambas, não por “apresentação”, mas se as letras são coerentes e tem melodia de qualidade. Sabia que Candeia não faz parte do enredo e não usam mais cara pintada nas passeatas? Tem samba que apenas copiou a sinopse.
Como você disse, o samba do Valdir 59 mesmo com uma torcida de poucos amigos, está empolgando a todos. É realmente o melhor!