A coluna do jornalista esportivo Fred Sabino trata das mudanças anunciadas para a temporada de 2014 da Stock Car.
Stock Car busca evoluir
Principal categoria do automobilismo brasileiro, a Stock Car anunciou no último fim de semana uma série de novidades no regulamento para a próxima temporada. Mais do que novidades, as mudanças são uma revolução na categoria.
Continuam os doze fins de semana de corrida, mas o número de etapas passa a ser de 21, com nove rodadas duplas mais três provas únicas: uma de abertura do campeonato, uma Corrida do Milhão, e outra para decidir o campeão no fim do ano.
Nas nove rodadas duplas, as corridas serão disputadas no domingo, com 40 e 20 minutos, respectivamente, com pontuações distintas. A Corrida do Milhão terá 50 minutos de duração e a prova final será disputada em 40 minutos.
A grande novidade da temporada será a primeira etapa, que obrigatoriamente será com duplas de pilotos e em 50 minutos. Os 34 pilotos terão de escolher convidados para dividirem seus carros durante a corrida. E esses convidados precisam ter experiência internacional. A ideia é bem interessante, mas será preciso marcar essa corrida em uma data que não haja coincidência com provas internacionais e os astros de fora (brasileiros e estrangeiros) tenham condições de participar. Isso precisa ser equacionado.Outro fator é financeiro. Para que pilotos (sobretudo estrangeiros) aceitem vir, será preciso boa verba de patrocinadores, já que viajar para o Brasil e correr só 25 minutos soa estranho de início. Talvez um aumento na duração da prova seria interessante.
Em relação às rodadas duplas, o reabastecimento entre as corridas será proibido entre as corridas. E, como o tanque de combustível dos carros da Stock não tem autonomia para uma hora, os pilotos terão de reabastecer em uma das provas. No entanto, ainda não foi definido com quantos litros de etanol cada piloto poderá largar; ou seja, se alguém poderá largar mais leve ou arriscará fazer pelo menos a primeira prova sem reabastecer. Sem dúvida, um tempero nas estratégias.
Uma outra pendência é em relação à formação do grid de largada da segunda prova. A possibilidade maior é a de se adotar o sistema da GP2, em que a segunda prova tem o grid invertido em relação aos oito primeiros da bateria inicial.
Todas essas mudanças são uma incógnita e precisam ser vistas na prática para que se possa tirar uma conclusão. A que mais gostei de imediato foi a ideia de rodadas duplas, pelo aumento de exposição na TV, algo que equipes e patrocinadores precisam. De qualquer forma, acho muito positivo a Stock Car buscar alternativas para melhorar o espetáculo para o fã que vai ao autódromo e o telespectador que assiste em casa.
Mas fica o alerta de que esse esforço poderá ser inútil caso continue imperando a bagunça nas questões de atribuição da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), principalmente em relação às punições desportivas, um escândalo este ano.E também fica o apelo para que os autódromos brasileiros passem por reformas urgentes. Tirando Interlagos, Curitiba e, agora, Cascavel, os outros circuitos devem muito.
Que as mudanças também cheguem à estrutura do esporte.
(Fotos: Bruno Terena [carros da Red Bull] e Fernanda Freixosa)