Excepcionalmente neste sábado, o jornalista esportivo Fred Sabino faz uma análise da prova de abertura do Mundial de Fórmula 1, ocorrida no último domingo, na Austrália.

Conclusões da abertura da Fórmula 1

Caros amigos, semana passada fizemos aqui no Ouro de Tolo algumas previsões para a temporada de Fórmula 1 que então se avizinhava, baseando-se nos testes de pré-temporada e no primeiro treino livre em Melbourne. Naquele momento, a força da Mercedes já era patente e acabou se confirmando no GP da Austrália.

Mesmo sob chuva, a equipe colocou dois carros entre os três primeiros lugares no grid, com Nico Rosberg surpreendendo Lewis Hamilton. Na corrida, o alemão dominou como quis enquanto o inglês saiu cedo da disputa por falha técnica – sim, os problemas voltaram à Fórmula 1. Mas ficou claro que, ao menos nesta primeira perna do campeonato, a Mercedes é mesmo o time a ser batido.

Confirmou-se também que o segundo carro mais rápido do grid é a Williams, mas… O time sofreu na classificação sob chuva porque o carro ainda carece de pressão aerodinâmica e, na pista molhada, isso é fatal. No seco e em uma pista em que se anda com menos asa, Valteri Bottas foi um dos destaques da corrida e teria chegado ao pódio com tranquilidade se não tivesse se empolgado e tocado no muro. Felipe Massa também tinha tudo para brilhar, mas foi atingido por Kamui Kobayashi.

É claro que a Williams vai evoluir ainda mais, mas neste primeiro momento o desempenho promete na Malásia e promete ainda mais no Bahrein, com suas retas intermináveis e cotovelos. Será uma boa chance para Massa se recuperar da não pontuação da Austrália e se manter entre os primeiros colocados na tabela.

Graças a um sólido desempenho, a McLaren saiu de Melbourne com a liderança do Mundial de Construtores, mas em velocidade pura o time novamente comandado por Ron Dennis ainda está atrás de Williams e Mercedes. De qualquer forma, muito encorajador (para usar um termo bem batido pelos pilotos e assessorias hoje em dia) o resultado para a equipe. Kevin Magnussen teve atuação segura e impecável e o sempre competente Jenson Button se recuperou bem para arrancar um pódio.

Motor Racing - Formula One World Championship - Australian Grand Prix - Race Day - Melbourne, AustraliaNa verdade, o pódio seria do australiano Daniel Ricciardo, mas este acabou desclassificado por irregularidades no sistema de fluxo de gasolina. É uma explicação muito chata, portanto vou resumir: a FIA monitora esse fluxo em tempo real e alertou constantemente a equipe para corrigir o problema. A Red Bull, um tanto autossuficiente, garantia que havia problemas na aferição desse fluxo por parte da FIA e passou ela mesma a monitorar o fluxo. A FIA novamente alertou o time, que não fez nada.

Coincidência ou não, Daniel Ricciardo conseguiu um grande resultado para uma equipe que mal andara na pré-temporada e foi ao pódio. Mas a comemoração dele e da torcida foi breve. Resta ver se a apelação da Red Bull vai dar em alguma coisa, o que não acredito. Sebastian Vettel sofreu o fim de semana todo com problemas e parou cedo, cedo. De qualquer forma, uma participação encorajadora (olha essa palavrinha chata aí de novo).

A Ferrari também fez o que dela se esperava. Não tinha carro, ou melhor, motor, para acompanhar os adversários com motor Mercedes, e catou uns pontos com o quarto lugar de Fernando Alonso e o sétimo de Kimi Raikkonen. Como diria aquele profeta: “tá ruim, mas tá bom…”

No mais, a única outra equipe que mostrou algum potencial foi a Force India, claro, empurrada pelos praticamente imbatíveis motores Mercedes. O excepcional Nico Hulkenberg terminou em sexto enquanto o (cada vez mais) decepcionante Sergio Perez só somou um pontinho graças à desgraça com Daniel Ricciardo.

Dali para trás foi aquele bololô envolvendo Sauber, Toro Rosso e a catastrófica Lotus, envolta em problemas em todo o fim de semana, e sem pontos com os irregulares Pastor Maldonado e Romain Grosjean. Marussia e Caterham não mudam e nem deverão mudar a cotação do dólar, como diz o outro profeta.

De qualquer forma, o balanço desta primeira corrida da nova era turbo não foi dos mais emocionantes, já que a Mercedes encontrou o caminho das pedras muito cedo. Mas, conforme passarem as provas, Williams, McLaren, Ferrari e Red Bull devem encostar, o que nos faz esperar emoção.

Resta saber se não será tarde demais…