Na última semana foram divulgados em sites especializados extratos das gravações oficiais dos sambas de enredo para o ano de 2015, tanto do Grupo Especial como do Grupo de Acesso. Não são as faixas completas, tem apenas a primeira passada, mas já dá para se ter uma boa ideia do quadro geral.

Chama a atenção a diferença do modelo de gravação: enquanto o CD do Acesso esconde aquela que é uma das melhores safras da história deste grupo – a melhor desde pelo menos 1992, o Especial valoriza um grupo de sambas que, em média, formam um conjunto que classificaria de fraco para razoável. Em português claro: ótima gravação do grupo principal, concepção equivocada do grupo de baixo.

Isso vai levar uma apreciação equivocada a quem não acompanha o ano inteiro e ouvir apenas pelo CD oficial: alguns sambas ruins e razoáveis valorizados pela gravação, outras ótimas composições “escondidas” por uma concepção equivocada.

Repasso ao leitor uma ressalva que jornalista especializado me fez ontem: que quando estiver disponível na íntegra o CD do Acesso as opiniões sobre a gravação irão mudar.

20140302_025125Algo que precisa ser analisado é a disparidade das safras: por que os sambas do Acesso estão muito melhores que os do Especial? Uma resposta fácil seria apontar a predominância dos “escritórios”, mas estes também estão presentes no Grupo de Acesso.

Minha leitura, incompleta e mais lançando ao debate aqui que propriamente afirmando, tem a ver com duas coisas: a primeira a maior influência do poderio financeiro e de estrutura durante as disputas nas escolas maiores. A segunda, a própria ciclicidade do tema: na história temos anos bons e ruins se alternando.

Também não consigo ver influência dos enredos/temas nesta disparidade, embora perceba que, em média, os enredos do grupo de baixo são mais simples – talvez pela exigência do regulamento de apenas quatro carros, ao contrário dos sete do Especial.

Feitas as considerações iniciais, vamos a algumas pílulas:

1) O samba da Viradouro, que na verdade é uma junção dos dois sambas de “meio de ano” do grande Luiz Carlos da Vila que formam o enredo, havia ficado meio estranho na gravação disponibilizada originalmente pela escola, mas ficou perfeito na oficial. Espero que a bateria mantenha o andamento da gravação no desfile oficial, não caindo no “techno” habitual;

2) A Unidos da Tijuca, que juntou dois sambas finalistas, fala em “Prêmio Nobel” em seu refrão. Mas pelo que sei o Nobel é sueco, não suíço – alguém pode explicar? Aliás, a herança deixada por Paulo Barros não foi das mais auspiciosas na ala de compositores;

3) Falei muito pouco em público dada a posição que ocupo na escola, mas quem me acompanha nas redes sociais sabe que meu samba preferido na disputa da Portela era outro. Entretanto, gostei da gravação – é um dos melhores da safra;

4) O mesmo vale em relação à Beija Flor: não era o meu favorito, entretanto também se destaca;

20140303_0353355) Gostei também bastante da gravação da São Clemente, que valorizou uma composição que é apenas razoável. Igor Sorriso, o puxador, é muito bom;

6) Pessoalmente, não gostei das mudanças no samba da Vila Isabel;

7) Por outro lado, incompreensível o que a gravação fez com o samba da Estácio, que a meu ver junto com a Renascer são os dois melhores sambas deste 2015. Quem ouvir apenas estes áudios não vai perceber a altíssima qualidade que eles tem – no caso da Estácio, parece ter faltado a “pegada” característica do Leão;

8) O caso da Cubango é um pouco diferente: fica claro que o grande Preto Joia está longe de seus melhores dias;

9) O time de puxadores do Império Serrano também não ajuda muito, como já havia escrito em artigo anterior. O reforço de Cremílson, integrante do carro de som da Portela, pode ajudar.

10) Vindo depois de uma sequência forte com Portela e Beija Flor, a União da Ilha, a meu ver, precisaria de algo mais contundente. Mas lá a disputa foi desequilibrada desde o início com a presença do vice-presidente assinando um dos concorrentes, que acabou se tornando o vencedor. O refrão do meio me parece bastante insólito;

11) A introdução do samba da Mangueira, outra das boas composições deste 2015, ficou bem adequada. A Portela também inova ao colocar “Cidade Maravilhosa” no seu alusivo, e a Vila Isabel traz acordes de “Feitiço da Vila”

12) Dentro deste corte de 21 jurados anunciado pela Liesa, espero que tenham poupado os jurados deste quesito, que vinham fazendo um ótimo trabalho nos últimos dois anos;

13) Por outro lado, espero que a Lierj troque todos os jurados do Acesso, para 2015, após o julgamento absurdo de 2014 – mais aqui;

Obviamente esta revista eletrônica irá voltar ao tema, mas abaixo o leitor pode ouvir todos os sambas dos dois grupos nestas versões reduzidas, à exceção da Alegria da Zona Sul. Agradecimentos ao site Carnavalesco e ao leitor Bruno Malta.

E o leitor, o que achou? Deixe sua opinião na área de comentários.

Imagens: Arquivo Pessoal do Editor

10 Replies to “Algumas Pensatas sobre os Sambas Enredo de 2015”

    1. suíça o país com mais prêmios nobel? só se for no reino do horta, né? suíça não tem nem 30, os eua têm mais de 300, reino unido mais de 100. a frança certamente tem mais também.

  1. Na verdade, a relação do Nobel com a Suiça, é por conta de ser o país com mais prêmios por habitantes.

    Sobre a citação a mim no texto, só tenho a agradecer o editor que é muito gente boa, não fiz nada de mais ao amigo.

    Sobre os sambas, assino embaixo sobre a Cubango, mas gostei do Estácio.

    No Especial, o samba da São Clemente escalou um bom pedaço do meu ranking, Igor Sorriso é sensacional, canta muito.

    1. Rodrigo, o samba é bom, embora não fosse meu preferido nas eliminatórias. Não dá para escrever muito sobre o Especial aqui, pelos motivos que você já sabe

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